Bruno Maranhão foi um nobre. Não exatamente pela sua origem de classe. Ele foi um nobre na generosidade e na enorme afetividade. Um homem da elite pernambucana que dedicou sua energia e seu talento às lutas políticas, ao socialismo e, principalmente, ao movimento camponês do Brasil. Filho de um grande usineiro e de uma tradicional família pernambucana, Bruno abandonou um projeto profissional e pessoal promissor e a vida social na alta burguesia, para se entregar à militância política, à vida clandestina durante a ditadura e à organização dos trabalhadores sem terra nos anos recentes. Bruno foi um nobre camponês. Nobre por um acidente genético e camponês por uma opção política. Não é necessário concordar com os métodos e as posturas políticas de Bruno para respeitar e admirar sua coragem pessoal e sua ousadia política na entrega às lutas sociais, à paixão das ideias e à coerência nas ações. A adesão socialista de Bruno lembra Friedrich Engels, filho de um grande capitalista alemão, que dedicou sua vida à luta contra o capital e por uma sociedade socialista, do estudo crítico da situação miserável dos trabalhadores de Manchester à atuação na organização da Internacional Socialista. Bruno foi o nosso nobre socialista. Mais do que isso, para os que tiveram o privilégio de conhecê-lo, Bruno foi um grande e afetuoso amigo.