Os eleitores brasileiros compraram um produto, mas tudo indica que vão receber outro bem diferente e mais parecido com o concorrente. Mas, como a própria candidata disse certa ocasião, vale tudo para ganhar a eleição. Durante a campanha, a presidente-candidata Dilma Roussef repudiou com veemência e reiteradamente um ajuste fiscal para controle das finanças públicas que o concorrente, aliás, nem teve coragem de defender. Mas ela insistia que em chamar os concorrentes, incluindo Marina Silva, de representantes do arrocho. Agora, o anúncio do novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, indica que, ao contrário do discurso e contrariando os “intelectuais de esquerda”, seja lá o que isso significa, vamos começar 2015 com um ajuste fiscal. Antes tarde do que nunca, diz o ditado popular. Depois de quatro anos de gastos públicos descontrolados, que levaram a um elevado déficit nominal nas finanças públicas, a presidente que vai receber a herança maldita dela mesma, parece ter aprendido, finalmente, uma lição básica de economia doméstica: não dá para gastar sem controle e acima do que se arrecada a não ser que se esteja disposto a provocar inflação, elevar a dívida pública e perder credibilidade. Em abaixo assinado por mais de 3 mil pessoas, intelectuais e representantes dos movimentos sociais cobraram da presidente eleita “coerência entre discurso de campanha e práticas de governo”. Melhor não, presidente. Mas antes do ajuste, o governo tem que desmontar a armadilha gerada pelo descumprimento da meta de superávit primário definida na Lei de Diretrizes Orçamentárias. A maioria da base aliada aprova qualquer coisa, independente do seu mérito mas só se e quando a Presidente atender as exigências de cargos nos ministérios e nas estatais. Acaba logo, 2014.