No meio de uma avalanche de notícias desagradáveis e perspectivas inquietantes do Brasil, os brasileiros vão ter agora, felizmente, uma curta e alegre folga. Quatro dias de carnaval permitem uma reconfortante pausa para respirar e esquecer que o país está à deriva, com um governo desorientado, com uma crise de energia e de recursos hídricos, crescimento econômico zero e inflação beirando os 7%, acima teto da meta. As previsões para 2015 são assustadoras: Que mais? A Petrobrás, maior empresa brasileira, símbolo histórico do nacionalismo e uma das grandes corporações petrolíferas do planeta, desmontando financeiramente (pelo uso irresponsável da empresa na política econômica) e atolada na corrupção que envolve vários políticos e diversos partidos da base de sustentação do governo. Para completar o quadro de dificuldades na economia, nos últimos dias houve uma forte desvalorização do Real frente ao dólar norte-americano. Se pode até ajudar na melhoria da balança comercial, desestimulando importações (e a farra das viagens internacionais) e facilitando as exportações, a desvalorização do real representa uma grave ameaça macroeconômica, jogando mais lenha na fogueira da inflação. Tudo indica que a resposta do governo será a elevação da taxa de juros, inibindo o crédito e travando mais ainda a economia. Mas, quem quer saber disso agora? É carnaval! Hora de esquecer os problemas e se entregar à folia, que ninguém é de ferro. Depois a gente volta a se preocupar com este quadro desolador do Brasil.
No meio de uma avalanche de notícias desagradáveis e perspectivas inquietantes do Brasil, os brasileiros vão ter agora, felizmente, uma curta e alegre folga. Quatro dias de carnaval permitem uma reconfortante pausa para respirar e esquecer que o país está à deriva, com um governo desorientado, com uma crise de energia e de recursos hídricos, crescimento econômico zero e inflação beirando os 7%, acima teto da meta. As previsões para 2015 são assustadoras: Que mais? A Petrobrás, maior empresa brasileira, símbolo histórico do nacionalismo e uma das grandes corporações petrolíferas do planeta, desmontando financeiramente (pelo uso irresponsável da empresa na política econômica) e atolada na corrupção que envolve vários políticos e diversos partidos da base de sustentação do governo. Para completar o quadro de dificuldades na economia, nos últimos dias houve uma forte desvalorização do Real frente ao dólar norte-americano. Se pode até ajudar na melhoria da balança comercial, desestimulando importações (e a farra das viagens internacionais) e facilitando as exportações, a desvalorização do real representa uma grave ameaça macroeconômica, jogando mais lenha na fogueira da inflação. Tudo indica que a resposta do governo será a elevação da taxa de juros, inibindo o crédito e travando mais ainda a economia. Mas, quem quer saber disso agora? É carnaval! Hora de esquecer os problemas e se entregar à folia, que ninguém é de ferro. Depois a gente volta a se preocupar com este quadro desolador do Brasil.
so o povo marchando em direção ao planalto e acabando com essa farra.
Dizque na praia de Aratu e em Curitiba não há carnaval. É possível carregar umas pedrinhas enquanto se descansa.
É, mas eu me assustei porque vi alguns caras fantasiados de homens-bomba no metrô, de preto, com imitações de explosivos amarrados na cintura. Espero que seja só avacalhação mesmo, e não indignação violenta. Há uma estorinha de que o editor Enio Silveira, passando no Largo da Carioca, disse a um dos engraxates de rua ali parados, em fins de 1963: “A revolução vem aí, companheiro.” Ao que o engraxate respondeu: “Pode deixar, seu doutor, quando ela chegar nóis avacalha ela.” Espero que a fantasia de homem-bomba do carnaval tenha sido só p’ra avacalhar.
Não posso deixar de registrar que a ilustração do editorial é maravilhosa.