A seu Lila (Maurílio Rego). (in memoriam) 19.05.2015
O grito de terror da minha mãe perpassou o meu corpo. Acordo assustado. Tenho treze anos e não imaginava nunca que toda a minha infância estava se dissolvendo naquele momento. Pulo da cama e corro para a cozinha, de onde veio o grito. Encontro minha mãe sentada no chão, chorando e urrando, em estado de puro desamparo, abraçada ao corpo inerte do meu pai. Vejo o homem que me protegera e me amara durante toda a minha vida, derrubado, sem vida. De forma exasperada, arrastamos seu corpo pela porta da cozinha até o chão da entrada de carros que separava nossa casa da Casa Grande. Minha avó Ernestina sai, vestida em sua camisola, e quando vê a cena diz com a sabedoria e a calma que só a velhice permite:
— Ele está morto. Eu sei que ele está morto.
Eu, em choque, sem entender ainda que a realidade se desmoronava aos meus pés, revido com energia:
— Não vovó, não diga isso!
— Sei por que já vi seu avô morto.
Minha mãe:
— Joãzinho corra vá chamar Pepeu que ele pode dirigir até o hospital.
Saio num pique só, acordo Pepeu e Clívia, sua esposa, nossos vizinhos. Pepeu, de tão assustado sai como estava, de cuecas. Entra na pickup Aero Willys e, com muito esforço, juntos, conseguimos colocar o corpo dele sentado na boleia, entre mim e Pepeu. Coube-me, naquela hora, a missão de segurá-lo para não cair. A camionete cinza voava pelas ruas vazias da madrugada de Caruaru. Minha mãe ia em pé atrás na carroceria, urrando e batendo na capota como um último e primitivo protesto contra o Deus que estava tirando seu marido das nossas vidas. Ela tinha apenas trinta e três anos.
Chegamos na emergência do Hospital São Sebastião. Os médicos, todos amigos, entram em polvorosa. Tiram o corpo do meu pai e o colocam, por estas ironias do destino, no mesmo canto, na mesma maca que eu fiquei recolhido, quando atropelado aos cinco anos de idade. Enquanto o médico, não lembro seu nome, tentava revivê-lo dando choques em seu peito, pude perceber, quando, por um momento, nossos olhares se cruzaram, o pânico e a impotência dele diante da tragédia que estava em suas mãos. Ele, em pé, com o desfibrilador na mão, grita para os enfermeiros que dessem um jeito para que eu não visse esta cena. Estava abraçado à minha mãe, tentava protegê-la. Lembro de ter sentido uma picada no braço. Apaguei.
*
Acordo ainda grogue sob o efeito do sedativo. Estou em um dos quartos da Casa Grande, a casa de meus avós paternos. Sou conduzido, ainda cambaleante, para a sala do velório. É na grande sala da frente que está o caixão; a rua apinhada de gente querendo dar o último adeus a Seu Lila – como era conhecido. Ele não era um homem público, apenas alguém, filho de uma família abastada que, durante toda sua vida, exerceu com maestria a arte de fazer amigos — independente de idade, cor, credo ou classe social. Ao lado do caixão estão minha mãe toda de preto, sentada com um véu no rosto; Monquinha e Jacqueline, minhas irmãs mais novas. Luciano, o filho mais novo, tinha apenas três anos, fora levado para casa de amigos. O fluxo incessante de pessoas vindo da Rua 13 de Maio não irá parar até a hora de levar o caixão para o cemitério. Volto a apagar.
*
Anos depois minha mãe relata que naquele momento de dor, durante o velório, chegou Oldacino do Tijolo, conhecido na cidade pelo tipo de empreendedor bem-sucedido, mas que mantivera o mesmo estilo de vestir e de ser de quando era pobre. É este o homem que coloca seu chapéu no peito em sinal de reverência ao morto e faz o mais belo discurso que alguém poderia fazer naquele momento. Relembrou ele que, quando menino pobre que carregava areia do Rio Ipojuca no lombo do burro, meu pai, filho de Seu João do Rego, fazendeiro bem-sucedido, tirava comida da feira da casa para dar a ele e a outros na mesma situação de pobreza. Anunciou que ali estava partindo um homem com espírito iluminado que, durante sua vida, com seu bom humor e magnanimidade, cultivara amigos verdadeiros.
Minha mãe, ainda hoje, quarenta e seis anos depois, lembra com emoção que ancorou o seu desamparo naquele discurso e se confortou.
*
Teresa Rego tomou uma decisão radical. Deixou para trás Caruaru e partiu com seus quatros filhos para Recife. Eu, o mais velho, com treze anos; Monica, Jacqueline e Luciano, o caçula, com três anos, compúnhamos o pesado fardo que o destino colocara em seus ombros. Sozinha, desamparada e bela, atributo que mais atrapalhou do que ajudou, trabalhou com todas as suas energias para nos educar. Um dos fatores do enfarte do pai havia sido a impossibilidade de lidar com a falência do patrimônio da família.
A morte do pai, pelo desamparo e a capacidade de lhe jogar em um abismo de angústia, quando se é ainda uma criança, é um dos significantes mais importantes na estruturação do sujeito. Assim como outros traumas importantes, você cresce e tece sua vida sem se desgarrar dele. A Função Paterna, quer pela presença ou pela ausência – esta, ainda mais poderosa – funda sua humanidade.
Hoje, após tantos anos, olho para trás e compreendo, com certa serenidade, a morte como condição inalienável da nossa existência. As vezes vem precoce e injusta; outras, tardia e dolorosa, dilacerando lentamente, com a doença, nosso corpo.O certo é que, qual misterioso espectro, usando o tempo como afiada e infalível arma, demarca e nos impulsiona à vida – mesmo que disto não tenhamos consciência.
***
Joãozinho, sua bela, crônica me levou as lágrimas, neste domingo “morgado”. Relembrei tudo, como se fosse hoje. Quanta sensibilidade, quanta dor numa criança de tão poucos anos.
A vida ou a morte é realmente um mistério e os desígnios Dele se altos demais para nosso entendimento. Hoje, após tantos anos resta a lembrança doce de uma pessoa tão querida e a certeza que a amizade continuará através dos seus descendentes.
Obrigada querido, vou lembrar sempre da sua delicadeza e guardar sua crônica com amor.
Beijo enorme
Clívia
Obrigado pelas belas palavras. Lidar com a morte é certamente o maior desafio para todos nós. A escrita é de grande ajuda, e poder compartilhar com outro é um recurso mais valioso ainda.
Um beijo
Minha mãe chega da missa da Capela Sagrado Coração com a notícia, o padre anunciou para os presentes da missa a morte de Maurílio Rego.Eu e meus irmãos ainda na cama uns ainda dormindo, eu fiquei pensando como pode, um homem novo Novo com seus filhos ainda pequeno morrer! Até hoje não entendo duas coisas referente ä morte. Os pais partirem antes de verem seus filhos já homens e mulheres, como também os pais enterrar um filho. Deus me perdoe pela blasfêmia que estou dizendo. O senhor sabe o que cada um de nós, tem que passar neste mundo.Voltando ao enterro de Maurílio, fui na casa grande, sonhava conhecer por dentro aquela casa, porém nunca imaginei ser na circunstância, fiquei alí até sair o enterro. Não vi nada do interior da casa, meu foco era velar o morto. Demoliram a casa e eu não à conhecí por dentro. Este era um sonho de tantos outros que eu tinha e não foram realizados. Porém realizei outros bem mais importantes que os sonhos de criança e adolescentes. Desculpe João, era pra se deixar um comentário sobre o que você escreveu e eu mudei o rumo e disse tanta bobagem. O texto tá lindo e real de tudo que você passou com a morte inesperada de seu herói, MAURÍLIO REGO.um abração!
Marleine:
Que valioso recorte de lembrança você me traz. Muito obrigado.
J.Rego
João,
Li “A morte do pai” três vezes. Na primeira, estava ligado no encadeamento da verdade factual. O que aconteceu? Como isso terminou? Na segunda, me imaginei aos 14 anos e como teria vivido tamanha tragédia. Na terceira, de como me senti quando, afinal, meu próprio pai morreu.
Quando isso aconteceu, para não variar, eu estava no mundo. Mais precisamente, em Queenstown, Nova Zelândia. Mas lembro de cada minuto, dos longos silêncios ao telefone, da sensação de pesadelo, do copo d´água com açúcar que me trouxe Heloísa – então minha namorada.
Sei que amanhã vou fazer a quarta leitura – dessa vez desarmado, para curtir o texto -, mas desconfio que o caráter universal do tema e a perplexidade do adolescente que você era, reavivarão dentro de todos nós a sensação de desamparo que nos perpassa nessa hora. Graças a seu texto, não passarei esse domingo impune. Terei no que pensar logo mais no almoço.
Abraço,
Fernando
Caro Fernando:
Uma análise tão acurada do meu texto vindo de um escritor como você, é muito relevante para mim.
Guardarei com carinho.
P.S Leia a minha resposta, lá embaixo, a Júnior ( Everaldo Soares Júnior) psicanalista e amigo.
Forte abraço.
J.Rego
Lila,homem que terá a sua lembrança sempre será associada a dignidade, honestidade e alegria de viver.
A Teresa a minha homenagem, a grande guerreira que assumiu o encargo de conduzir a família, sozinha, com exemplar dedicação.
Grande primo Saulo!
Suas palavras sempre são brindadas com alegria. Li para mamãe, que ficou emocionada.
Um forte abraço.
J.Rego
Joao, texto muito comovente. Conheço hoje este cara alegre e muito bem humorado e nao imagino que tenha tido um momento de tanta dor. Belo texto.
João, só um excelente escritor para conseguir relatar os acontecimentos dolorosos de sua vida com tanta competência , sem pieguice, mas com a leveza da perda sentida tempos distantes, parecendo ser hoje, pelo amor ao pai falecido e pelo reconhecimento da mãe heroína. Abraços. Carlos Pinheiro.
Carlos
Um elogio vindo de um cronista de boa cepa como você, é muito valioso para mim.
Um forte abraço.
J.Rego
Muito Obrigada João pela sua dedicação a nossa família depois da morte de Papai.
Eu sinto muito que eu não estava do teu lado,porque eu tive que tomar conta dos outros. Ainda hoje eu choro a relembrar esta memória.
As lições que ele deixou para mim são muitas,e a família que mamãe criou sozinha me preparou para enfrentar o resto de minha vida.
Eu sou muito feliz de ter nascido em nossa familia.
Com muito amor,Monquinha
Caro Sérgio e aos colegas que comentaram:
Apesar da tragédia de perder o pai muito jovem, essa alegria e bom humor foi um importante legado que ele me passou – essas coisas são passadas, feito o DNA, ninguém sabe como nem por onde -, apesar da psicanálise ter o termo Identificação para isso. Abaixo lhe apresento um pouco dele, fruto de meus escritos esparsos sobre a infância:
“Maurílio Rego, Seu Lila, como era mais conhecido, como bom contador de estórias, causos e piadas, tinha o dom e o timing para isso. Juntava sempre amigos ao seu redor, ou então, depois do trabalho ia ao encontro dos mais diversos personagens da Rua 13 de maio e arredores; sapateiros, marceneiros; seleiros e, aos sábados, no Bar de Chaguinhas finalizava a semana.
Lembro que logo depois do DER, havia em uma casa no fim da Rua 13 de maio, já entrando na Rua Preta, bem na esquina, um sapateiro (não lembro seu nome), que a guisa de ir apanhar algum sapato levado para conserto, papai ficava um bom tempo sentado, contando e ouvindo estórias. Era aquela conversa improvisada, gostosa, sem se preocupar com o tema nem com compromissos. Recordo-me do sapateiro com tachas na boca, o sapato enfiado no formão de três pontas e conversando, batendo seu martelo, passando cola, sem deixar as tachas caírem.
Outro ponto era a oficina de Seu Miguel, o marceneiro, que antes funcionou na Rua 27 de Janeiro, aquela paralela a Rua 13 de Maio, que se iniciava na ladeira da Cadeia e terminava na Travessa 15 de Novembro; depois mudou-se para uma garagem na Rua João José do Rego. Seu Miguel me passava uma forte impressão de perfeccionista com seu trabalho, tamanho o zelo que deixava transparecer em seus movimentos, transformando com habilidade invejável, com seu formão, serras, colas, martelos e pregos, a madeira bruta em móveis e outros utensílios. Ele tinha um auxiliar surdo e mudo, jovem ainda, e ambos trabalhavam com camisetas brancas sem manga e usavam calças de caqui azul, como diz a música de Onildo Almeida “Calça de arvorada que é prú matuto não andar nú”, pois bem, até hoje nunca entendi a mágica que papai fazia para contar piadas e o auxiliar surdo e mudo de Seu Miguel entender e cair na risada.
Eu, pequeno, entre oito e dez anos, o acompanhava, sem nem imaginar que a vida teria, um dia, um ritmo muito diferente do ritmo agradável de conviver com as pessoas, com tempo para “jogar conversar fora”.
Ele tinha por hábito, diariamente, logo após o jantar, de ir para “seu” banco na Praça Cel. Porto. Fumando seu Hollywood sem filtro passava a noite (essa é uma expressão forte, pois se dormia às dez) contando piadas ou gozando com a cara dos outros. Juntava-se em torno dele os adolescentes, e tinha João Doido, um personagem típico em toda cidade do interior, um sem teto e alcoólatra que perambulava pelas ruas e, as vezes, dormia na Praça. João Doido se aproximava do grupo e se integrava para ouvir suas estórias. Acho que era o único momento leve da vida dele.”
Joãozinho, sua mãe foi minha professora e eu morava por trás da rua 13 de maio. Sempre admirei seus pais, pela simplicidade com que tratavam as pessoas.
Emocionante a sua crônica! Lembrei do nome do sapateiro que você citou: senhor José Vidal, trabalhava na esquina da rua Bom Jesus.
Desculpe a intromissão. Um abraço em sua mãe!
Dalva
Li para mamãe sua mensagem, que a encheu de alegria!
Um abraço
J.Rego
Era 1965 e eu morava na pensão Chácara das Rosas, na Rua do Riachuelo, com meu irmão mais velho, Lourencito. Estudávamos no Colégio Marista, um pulo dali, e aquele dia era o que meu pai vinha de Limoeiro nos visitar, trazer roupa limpa, algumas frutas. Neste dia ele trouxe a informação ¨Dona Iaiá morreu¨. Eu fiquei chocado – era a primeira vez que alguém que eu conhecia e conversava morria. E o que era morrer? Eu não sabia, de fato. Doma Iaiá tocava piano, e cantava ¨Que será, será….¨ sucesso de Doris Day na época. Até hoje, me lembro da morte de Dona Iaiá e de sua fisionomia com muita força.
Meu pai morreu em 1986 de uma acidente estúpido de carro, e eu, já com 37 anos, chorei as dores de sua partida mas, principalmente, chorei as dores de não poder conviver mais com ele. Tivemos várias etapas na vida, de proximidade e afastamento, mas aquela na época de sua morte era de reaproximação, de redescoberta, de reconhecimento. Estava redescobrindo meu pai aos 37 anos, e ele era uma figura adorável, generoso, solidário. Eu já vinha de um processo terapêutico onde tinha ¨matado¨ meu pai, o meu pai que estava dentro de mim, e podia vê-lo de uma forma diferente, como ele era, e não como eu queria que fosse. E me via também como uma pessoa independente, autônoma, sem débito com ele, mas com um laço amoroso profundo. Ele era um e eu era outro, e nos amávamos. Era esse o momento que vivíamos quando ele morreu.
A morte é uma passagem dolorosa, muito dolorosa, e passei a conviver com sua ausência física e sua maior presença emocional, redescobrindo sua saga que minha adolescência e juventude ofuscaram.
Afrânio:
Que belo e contundente elogio, para quem escreve, poder evocar no outro esta explosão de recordações valiosas.
Um forte abraço
J.Rego
João, belíssimo texto, A Morte do Pai.
Li agora, fiquei tocado.
Belos comentários também.
Parabéns João, parabéns Seu Lila, parabéns Dona Teresa!
Abraços
Caro Antônio Jorge:
Esta sua identificação com o texto é a grande realização daquele que escreve, expondo ao público fatos da vida.
Um forte abraço.
Joãozinho de 14 anos…adulto na tragédia. Emocionante, forte e belo texto. Vocês são exemplo de vida, que poderia ter sido muito mais, se o inexplicável não tivesse atravessado o caminho…Abraços
É isso aí Sóstenes, a vida de vez em quando nos pega na curva, sem aviso prévio. Vivamos, portanto, com intensidade, aquilo que nos é dado vivar.
Forte abraço,
J.Rego
Mais uma vez sou tomada por grande emoção. João, como é tocante o seu texto que, embora distancie o fato, deixa o seu grande amor filial nos levar para a cena e viver intensamente a sua dor. Grande abraço.
Belkys
Muito obrigado pela sua sensibilidade.
Um forte abraço.
J.Rego
Prezado João
Comovente. Sei como é duro esta viivência. Perdi meu pai aos 7 anos de idade, hoje com mais de 70 ainda sinto as dores e o sofrimento deste momento. Conheci seu pai e Murilo seu tio. Com Murilo fizemos politica estudantil antes de 64, ele foi um balurte de nossa vitoria na UEP em 61, quando derrotamos uma “oligarquia”, nos anos memoraveis da frente do Recife, do MCP da UNE Volante e das primeiras faculdades de Caruaru. Um abraço. Continui escrevendo suas saudosas e belas historias de um Caruaru, que não existe mais.
Guilherme Robalinho
Caro Guilherme:
Não sabia dessa sua perda precoce. Fico realizado que tenhas se identificado com meu texto. Valiosa a lembrança de Tio Murilo, falecido recentemente.
Forte abraço.
J.Rego
Meu caro João Rego.
Envolvido com material para concorrer a concursos de trova, somente hoje pude ler seu artigo.
Mostra, mais um dos motivos que fizeram de você a pessoa que é pois, mesmo não nos conhecendo pessoalmente, a idade faz com que tire conclusões. Alem disso, seus escritos em geral, mostram a capacidade e a herança que você ganhou, pelo que mostra na crônica de hoje.
Trovabraço.
Nealdo:
Muito obrigado pela sua leitura e sempre frequente contribuição a nossa revista com seus lúcidos comentários.
Um trovabraço.
J.Rego
“Seu Lila” não morreu! Quem morre é quem, em vida, é esquecido. “Seu Lila” está e estará sempre vivo, na dignidade de cada filho, criado por uma poderosa e maravilhosa mulher, que, “mais forte do que a morte”, conseguiu, com maestria, “dar conta do recado” e muito bem cuidar da riqueza que seu amado marido deixou: Os Filhos. “Seu Lila” pode ser visto e admirado, com certeza, em cada um dos “tesouros” que ele deixou, dando continuidade ao seu caráter humano, sua contribuição ao Bem Maior, a generosidade entre os homens de boa fé e índole. Viva “Seu Lila” ! Que todos herdem o que de melhor “Seu Lila” marcou: A preocupação com “o outro”, e sua generosidade eternamente, lembradas. Abraço apertado em todos, no Dia do Abraço!
Rosângela:
Muito obrigado pelas suas belas e verdadeiras palavras. De fato, morremos quando somos esquecidos por aqueles que nos sucederam na vida.
Abraços
J.Rego
Linda e verídica narrativa. E vc, como o mais velho dos filhos, assumiu a família exemplarmente….e hoje ainda um filho presente e plenamente participativo nos cuidados da idosa mãe.
Ney, obrigado. Tenho que reconhecer aqui o excelente genro que Dona Teresa tem.
Abraços.
J.Rego
Rica descrição de um momento doloroso na vida do ser humano, a inércia e incapacidade em todas esferas pelo prolongar da vida, o momento e’ atroz, nos traz a certeza de nossa limitação humana………..(excelente relato desse filho)
Caro João Leite:
A morte é uma incógnita e quase sempre nossas limitações são difíceis de reconhecermos. Todas as perdas, entretanto, nos moldam o espírito, as vezes o fortalecendo.
Abraços
J.Rego
João, li sua crônica, gostei.
” A morte do Pai é o mais importante acontecimento de nossa vida”. Dr. Freud nos fala bem desse Nome do Pai.
A revista hoje está legal, a crônica de Tereza Sales leve e empolgante como a Rumba.
Abraços,
Júnior
Grande Júnior!
Esse texto, assim como os outros de reminiscências da infância aqui já publicados, são resultados diretos do meu percurso analítico. O trauma da cena terrível para uma pessoa com quatorze anos, naquele momento, é afeto puro marcando como sintoma a constituição do sujeito. Não havia nem palavras, nem possibilidade em mim de escrever tudo aquilo logo após o ato— restava apenas a dor da perda. Com a análise, é possível, qual um delicado trabalho arqueológico, ir resgatando e envolvendo com palavras os traumas, dando um novo sentido ao sintoma, volvendo e revolvendo uma transformação radical do Eu através de um discurso único, que é o do analisante.
Um forte e carinhoso abraço.
J.Rego
Linda sua história. E o melhor que fica, é o que herdamos de bom dos nossos pais. A lembrança, o orgulho, a certeza que tivemos exemplos de seres humanos e dignos. Você tem referencial de pai. Parabéns pela matéria, João Rego.
Muito obrigado Edilene. Uma forte abraço.
João,
Fernando me leu há pouco seu texto sobre a morte de seu pai. Não me espanta que tenha havido tanto comentário por parte dos leitores, dada a crueza e o realismo que cada palavra expressou. A visualiação da cena angustiante e o fio de esperança que se foi são marcantes. Chamou-me a atenção a sabedoria de sua avó ao constatar o irremediável. Fiquei intrigada com sua afirmação de que a beleza de sua mãe mais atrapalhou do que ajudou-a. Por que? Coisas da época?
Lavínia
Cara Lavínia:
Fico feliz que tenhas se identificado com o meu texto. A questão da autonomia da mulher, em uma cidade do interior nos anos sessenta, era ainda muito difícil. Eram poucas que faziam a faculdade ou se metiam em política? Teresa Rego fazia isso tudo. Se separada ou viúva, as mulheres eram alvos naturais dos “predadores”, quase sempre casados. Dona Teresa, é assim que a chamo, aos trinta e três anos, sozinha, com quatro filhos, o mais novo com três anos, chega ao Recife em absoluto desamparo e vai trabalhar três expedientes como professora em escolas públicas. Não bastasse o fardo que a vida lhe colocara nos ombros, tinha que lidar com o assédio constante de “colegas de trabalho” e conhecidos — disto vim saber décadas depois.
Nesse sentido, a beleza tão elogiada pelos filósofos e poetas, era um enorme peso para ela.
Abraços
J.Rego
Joãozinho. Apesar de triste, estas lembranças me transporta aos melhores tempos de minha vida. Meu registro é apenas para confirmar o prazer que tive de ter como amigo o “Seu” Lila. Pois, como voce disse, era um homem com um coração cheio de bondade, que, por vocação dominava, como ninguém, a arte de fazer amigos, independente da classe social, da cor da pele, ou de qualquer outra coisa que pudesse vir a fazer distinção entre os seres. Falo com a propriedade de que mesmo ainda criança pode desfrutar, dos 10 aos 14 anos, da amizade do seu pai. Por isso a lembrança que agora povoa meu coração faz-me relembrar momentos desta tão saudosa amizade. Um dia estava com voce, e outros meninos, assistindo televisão em sua casa (pois eram poucas as casas que tinham TV na nossa rua) quando, de repente, surge na frente da televisão, o “Seu” Lila, enrrolado numa toalha na cintura, gritando, Ôôô… uô… uô… Tarzan! Foi uma gargalhada só. Hoje compreendo, com clareza, a grandeza daquele coração, expressa através da relação de amizade de uma pessoa adulta com crianças que naquele instante não discernia a distinção etária, apenas a convivencia entre amigos. Um grande e confortável abraço para voce, Dona Tereza, Monica, Jacqueline e para o Luciano (único que não tive ainda o prazer de conhecer). Que Deus a TODOS possa abençoar ricamente.
Carlinhos, que bela recordação!Suas palavras me evocaram agora uma cena onde ele para tudo no escritório para jogar um pouco de pião com agente, ali, logo na entrada da Casa Grande.Lembro que puxava a ponteira com velocidade e apanhava o pião no ar, com a unha do polegar.
Outra vez, estava toda a turma da rua sentada na praça jogando conversa fora, quando papai, de dentro da camionete cinza grita:
– Quem gosta de jabuticaba!
Num segundo a camionete encheu de gente, todos adolescentes, animados que só. Papai segue o rumo da Vazante, nossa fazenda mais próxima da cidade e, para a frustração e greia de todos, não havia jabuticaba coisa nenhuma. Ele queria era a mão de obra da turma para carregar um poste enorme para a casa da fazenda, que iria receber iluminação pública.
E por ai vai….
João Rego, seu texto em muito expressa meu próprio sentimento, seja na dolorosa morte do pai e a imensa lacuna que ele nos deixa, ( meu pai, Luiz Godoy Peixoto, era um desses homens inesquecíveis), seja na força e soberania de uma mãe amorosa. Me orgulha a coragem e determinação de sua mãe, que tão jovem educou seus filhos com tanta dedicacaçao. João, também me sinto assim, vitoriosa . Assim como Dona Teresa, criei e eduquei, sozinha, meus três filhos, hoje mulheres e homem de bem. Tenho convicção que o amor e esforço valeram.. É bom quando se lê um pouco de nossa vida na história de alguém, quando as identidades se misturam numa mesma emoção. Muito obrigada! continue escrevendo.
Cara Maria Cleonice:
Saber que meu texto fez com que você se identificasse, de alguma forma com ele, principalmente em coisas tão valiosas do espírito humano que são nossas perdas, é um importante elogio, que guardo com carinho.
João, comovente relato. Não tem como imaginar o que se passou em sua cabeça de adolescente. Seu texto é de se guardar para posteridade. Um abraço
Torres
Grande João!
Tive o privilégio de conviver um pouco com você na Embratel. O tempo nos separou e nos encontramos anos depois em Porto de Galinhas. Nessa época você estava na Fundação Joaquim Nabuco. Apesar da pouca convivência, o que me marcou em você era a sua inteligência e a sua educação refinada sem ser esnobe. Demonstrava ter vindo de uma família aristocrata mas sem arrogância e afetações. Me identificava com você o fato de ter perdido meu pai com 20 anos e ter-me tornado arrimo de família. Então,a dor da perda nos unia. Sempre tive uma forte ligação com meu pai e não tem um só dia em minha vida que, de alguma forma eu pense, cite ou lembre dele.
Muito corajosa e de grande sensibilidade a sua narrativa.
Hoje lhe descobri através do anuncio do JC nessa parceria com a Revista Será?
Hoje estou reconciliado com o passado e com Deus. Uma vez que, a morte de meu pai, me deixou inconformado com a indiferença de Deus aos meus apelos.
Frequento a Igreja Episcopal e me considero um cristão moderado que não perdeu o senso crítico, que é a essência do homem.
Descobri este Blog e vou desfrutar dele, no que tem de melhor.
Grande Abraço e Deus continue lhe abençoando.
Edmilson
Grande Edmilson!
Que prazer enorme ser encontrado por você nas páginas da Revista Será? Vivi bons momentos na EMBRATEL. Foi como auxiliar técnico que viabilizei o curso de engenharia.
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Um forte abraço
Conheci o seu pai, conhecido pelo apelido de LILA, pessoa amável e alegre, que foi nosso vizinho e administrador de casas na Rua 13 de Maio, em Caruaru…
Era amigo do meu pai e da minha mãe, Luiz Gonzaga Cavalcanti e LIA…
Fui uma das pessoas que o viram pela última vez, em seu escritório, quando fui fazer o pagamento do aluguel…
A sua morte prematura, foi uma surpresa e um choque para todos nós…
Caro Ademir
É um prazer lhe encontrar aqui em nossa revista. Lembro bem de você e da sua família.
Obrigado pelo seu comentário.
Saudações