A importância das personalidades na história se confirma no Brasil pela carência aguda de uma liderança política com capacidade de negociação e organização da sociedade, neste momento de crise e fragmentação política do país. Os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Luis Inácio Lula da Silva são lideranças importantes, mas de polos opostos e quase irreconciliáveis (Lula, além do mais, vive um momento de enorme desgaste político). Quem mais se move para ocupar espaços no desmantelo geral? Dilma Rousseff que, apesar do cargo, não manda mais nada? Michel Temer, Eduardo Cunha, e Renan Calheiros, políticos tradicionais do carcomido PMDB que carecem de legitimidade e respeitabilidade na sociedade? Há exatamente um ano, morreu, em um trágico acidente de avião, o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, uma liderança emergente que poderia exercer um papel relevante neste momento delicado de desestruturação política, econômica e comportamental do Brasil. O acaso definindo a história: o imponderável tirou de cena a jovem personalidade política que quebrava a nefasta polarização PT-PSDB com condições de tornar-se nova alternativa política na mesmice que paralisa o Brasil. Nenhum outro político brasileiro vivo parece ter qualidades combinadas de Eduardo Campos: talento e abertura para negociação, capacidade de construção de consensos, liderança, e facilidade de articulação com amplos segmentos sociais e políticos. Estas são qualidades raras em um homem público e fundamentais em momentos de crise como vive hoje o Brasil. Se, como dizia Maquiavel, o sucesso de um estadista (o príncipe) depende da sua virtude e de uma boa dose de sorte, Eduardo foi traído pelo acaso. E, ao destruir a carreira política de Eduardo Campos, o acaso abandonou também o Brasil, retirando de cena um dos mais preparados políticos brasileiros da nova geração, a liderança que nos falta.
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e o jatinho de quem e ?
Sempre discordei da concepção estrutural, digamos assim, do marxismo que fez a cabeça da minha geração. De acordo com ela, as forças estruturais da história acabam reduzindo o indivíduo a mera expressão das condições do tempo e do meio. As revoluções russa e cubana constituem um desmentido cabal dessa teoria. Discordo, porém, deste editorial, por considerar que ele dá ênfase apenas ao papel do líder. Sem discutir Eduardo Campos, que considero superestimado por algumas razões óbvias,penso que o problema mais grave e desolador do Brasil está nas estrutaras, ou instituições retrógadas, e na formação cultural do povo, compreendendo a expressão no seu sentido socioantropológico.
O papel do líder (das personalidades, no sentido mais geral) é sempre dentro das circunstancias sócio-políticas e econômicas que, me parece, o editorial não subestima nem omite. O que tenta ressaltar é que em diferentes momentos da historia, a configuração sócio-político pode contar ou não) de lideranças capazes de organizar e orientar as escolhas políticas da sociedade que também passa por lideranças intermediárias. A qualidade que Eduardo tinha, adequada a este m momento do Brasil, e não outro qualquer, seria da quebra da polarização política que paralisa o Brasil entre o PSDB despreparado e o PT desmoralizado, sem qualquer outra alternativa para capitalizar o sentimento difuso, impreciso e desordenada da população. O Brasil carece, neste momento, de um estadista e, na ausência deste, pelo menos de um líder que transitasse e negociasse com reconhecimento entre as principais tendências da sociedade.
Eu gostei do Editorial. Mas, é claro, “o que teria sido não sabemos” – como dizia muito meu psicanalista em Brasilia, Humberto Haydt. Ou como ouvi muitas vezes na vida “what would have been, we do not know’. Então o que se diz de Eduardo Campos tem sempre alguma dose de fantasia.
Concordo com os três comentaristas. Não vejo nenhum mal intrínseco na tal polarisação PT-PSDB. Eduardo Campos foi aureolado pela morte prematura, mas não me parece ter sido um político tão inovador, apesar de suas qualidades pessoais. Apoiou o PT até o momento em que resolveu partir para o seu projeto pessoal de ser presidente do país. Em várias ocasiões comportou-se como as velhas raposas políticas. O caso do jatinho foi uma delas.
Em alguns pontos, posso dizer que concordo com o Editorial, mas só em alguns pontos. Creio que palavras cheias de amor político não podem expressar uma visão clara de uma realidade sócio-política que o país vive. Lembro, que o PSB, partido que o Eduardo era presidente, fazia parte da base aliada do Governo. Mas creio que isso não venha ao caso.
Pois bem, devemos observar além da polarização política do Brasil. Não observo, tão claramente, que o PSDB seria uma melhor alternativa e que o povo clama pela sua chega ao poder. E tão pouco o PT. Vejo que não existe uma personalidade política no Brasil que possa indicar o norte, mostrar de maneira clara e objetiva como podemos avançar no meio da confusão instalada no Planalto. Com isso, os manipuladores de plantão atraem o foco e aparecem como salvadores da pátria. A história nos mostra que em momentos como este nasceram ditadores. Vale refletir melhor….