Quinta feira, 5 de novembro de 2015. O Brasil assistiu estarrecido a um desastre ambiental de grandes proporções. Um quase tsunami. Não de mar revolto, fenômeno da natureza. Mas de lama escura, rejeito da exploração de minério de ferro e que pode conter níveis de aluminio, ferro e manganês, entre outros elementos com possibilidades de contaminação. Depois de destruir o subdistrito de Bento Ferreira, município de Mariana, onde o total da população de seiscentas e doze habitantes fugiu de suas casas para partes altas da cidade e foi resgatada pelo Corpo de Bombeiros, o mar de lama seguiu caminho do mar pelo curso do Rio Doce. As proporções do desastre estão na imprensa diária. Até agora, seis mortos e mais de duas dezenas de desaparecidos. O Ministério Público – salve essa atuante instituição do poder judiciário criada pela nossa constituinte cidadã – foi dos primeiros a se manifestar. Pois já se opusera, neste ano, à renovação de licenciamento das barragens. Agora, o inquérito vai verificar se as normas do licenciamento ambiental foram cumpridas e apurar as causas e as responsabilidades do desastre. A mineradora Samarco, afora cumprir as exigências de praxe, até agora fez pronunciamentos vagos. O governo de Minas Gerais embargou o licenciamento de funcionamento da empresa até o cumprimento das exigências de segurança. E o governo federal se pronunciou tardiamente (como tem agido sempre, à reboque dos acontecimentos), apenas ao sétimo dia do desastre, com a presidente Dilma Rousseff exigindo dos presidentes da BHP e da Vale, controladoras da Samarco, que paguem todas as despesas para recuperar os municípios atingidos. Fica-nos a impressão de que já vimos esse filme, com outras roupagens. Essa tragédia é mais uma ponta de um iceberg que ultrapassa as fronteiras brasileiras. O que fazer do lixo do planeta? Lixos e mais lixos são escondidos diariamente embaixo do tapete: na terra, nos rios, no ar que respiramos. Essa é a grande questão do século XXI, para a qual só costumamos olhar quando acontece um desastre dessa magnitude.
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Só deixarei uma frase de Ramon Cota Meza: Os espertos avançam corrigindo pequenos erros enquanto caminham em direção ao grande erro.
O que tem sido feito quanto a aplicabilidade da Agenda21? Que trata das questoes do desenvolvimento sustentável…Rios do nosso dinheiro sendo roubado, o povo estorquido ! E agora me vem com esta? O leite já derramou. E está PRESIDENTE achando que isto se limpa como se limpa o fundo de um quintal ou lavanderia da casa dela! Estamos sendo governados pela incompetência do juízo e a astúcia da corrupção. Em todas hierarquias. Di me trata bradar como todo o povo brasileiro cansado desta pandalheira e não vendido bem comprado #FORAGOVERNOCORRUPTO #INTERVENÇÃOMILITARJÁ !
Parabens pelo editorial
Parabéns pelo Editorial.
Parabén pelo Editorial!
Tudo o que se disser a respeito deste tema, por maior que seja a profundidade da abordagem e o conteúdo técnico, ainda assim, será pouco para explicar uma tragédia prenunciada. O MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, em seu manual publicado em agosto de 2001, através de sua Secretaria de Qualidade Ambiental nos Assentamentos Humanos, Programa de Proteção e Melhoria da Qualidade Ambiental, onde se inserem as normas e procedimentos, como: IBAMA – Manual de Normas e Procedimentos para Licenciamento Ambiental no Setor de Extração Mineral, informa a quem for exercer alguma atividade que seja danosa ao Meio Ambiente, ou ao Ambiente Natural, como gosto eu de me referir ao Ambiente onde vivo, que deverá existir previamente um Licenciamento Ambiental. O IBAMA, em seu manual, informa, de primeiro: O Sistema de Licenciamento Ambiental (SLA) é um conjunto de procedimentos e mecanismos que garantem uma ação prévia de controle ambiental para a implantação de atividades produtivas efetiva ou potencialmente poluidoras. O SLA federal é da competência do IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Até aí o IBAMA faz-se entender quanto à sua responsabilidade e poder. Quando aborda a questão da extração mineral, apresenta como seu primeiro parágrafo: Por se tratar da extração de recursos naturais não renováveis da crosta terrestre, a
mineração geralmente é vista como uma atividade altamente impactante e não
sustentável. Por outro lado, a mineração é a base da sociedade industrial moderna, fornecendo matéria-prima para todos os demais setores da economia, sendo portanto essencial ao desenvolvimento. A extração mineral é considerada de tal forma estratégica que no Brasil, como na maioria dos países, os depósitos minerais (jazimentos) são bens públicos, extraídos por concessão do estado. Os efeitos ambientais e socioeconômicos do aproveitamento destes jazimentos dependem, principalmente, da forma na qual esta atividade será planejada e, principalmente, como será desenvolvida. Assim, já se tem uma noção, em verdadeira grandeza de como pode se tratar de tema tão importante, já que pode afetar milhares de pessoas, que escapam da pena do legislador, quando remetem os riscos para a fase do planejamento das atividades. Não sou eu quem o digo, mas que não soa elegante ao Brasil e ao Mundo dizer: Os efeitos ambientais e socioeconômicos do aproveitamento destes jazimentos dependem, principalmente, da forma na qual esta atividade será planejada e, principalmente, como será desenvolvida. Sempre em nome da empregabilidade e de recursos que terminam transformando vilas em municípios, não depreciando, tem-se a permissibilidade que a tudo esconde o rosto. Ainda bem que existem outras 700 barragens no Estado de Minas. O que se pode dizer é – pobre Estado de Minas Gerais, tradicional em sua cultura e história, refém de empresas que não agregam valores aos seus produtos e que expõem populações já sofridas a verem suas casas e seus parcos bens desaparecerem sob um mar de lama, que até agora não se disse se é ou não perigoso, mas que gerou um imenso desastre político-social-ambiental-humano causou.
Só mandei “parabéns”, curto, porque foi pelo celular, que meu computador estava encrencado. Agora, tendo de volta o teclado, esclareço o que me chamou a atenção. O Editorial mostra a tragédia de Mariana como instância de algo maior, o descaso com o risco ambiental em todos os níveis, inclusive a atenção insuficiente para problemas ambientais que são do planeta inteiro. E como sempre, também com as catástrofes ambientais, sofrem as populações mais pobres e mais sujeitas a risco de qualquer natureza.
Os comentários à nossa Opinião só a enriqueceram, apontando outros aspectos do desastre ambiental provocado pela Mineradora Samarco em Mariana. No espaço exíguo de um parágrafo, seria difícil para nós abordar as muitas implicações dessa catástrofe ambiental, com as repercussões humanas dos que estão sofrendo com os parentes mortos e desaparecidos, a falta de água potável, o fechamento de escolas, os enormes prejuízos da população mineira e capixaba que vive às margens do Rio Doce e depende da pesca. Só não concordamos com a palavra de ordem de Marisa Padula, de “Intervenção militar já”. Não, Marisa, ditadura militar nunca mais. Por mais que tenhamos críticas aos governos democráticos do pós 1985, sabemos que é a democracia que, entre outros atributos, permite que tenhamos uma imprensa livre para denunciar e mobilizar a sociedade.
Para mim, falha estrutural pela Mineradora Samarco em Mariana, assim como ela devem existe muitas em nosso país, não vai ser a primeira e nem a última podem ter certeza.
Culpados, não acredito que vai se encontrar porém não podemos esquecer que ” Homem tem dominado o homem para o seu prejuízo”.Talvez essa declaração descreve muito bem a história do domínio humano, que tem sido responsável por indescritível sofrimento.
Todos nós sabemos que em todas as épocas, pessoas bem intencionadas que tentam criar uma sociedade mais justa acabam fracassando por causa da ganância e da corrupção.
Muito oportuno, como sempre, o seu comentário. Agora, vejamos os detalhes: a presidente, depois de uma semana, veio “visitar” o local. Disse que ERA UM EVENTO NATURAL, chamou a empresa de São Marcos e por aí vai. Agora, o Presidente da empresa SAMARCO, já tem um “habeas Corpus” preventivo e, a Assembleia Legislativa do ES, pretende criar uma CPI. Para quê? Para os arguidos se darem ao direito de ficar calado, acobertados pela Lei.