Caro amigo, li sua missiva com alegria e tristeza. Alegre por vê-lo ainda crente e sempre disposto a lutar por um mundo justo. Triste porque tenho a impressão que o seu combate não tem muito fôlego, não vai muito longe.
Tenho o sentimento de que você defende uma proposta do passado, que não tem mais o mesmo vigor de antes, nem a capacidade de mudança que você imagina. Você defende um partido que perdeu sua hora. Não morreu, nem morrerá. Terá sua importância no cenário nacional, mas se transformou em partido convencional, sem utopia e sem capacidade de erguer uma bandeira que atraia a juventude e nos traga esperança. Seus líderes e sua base social mudam, caminham para a trajetória de conquistar o poder para fazer benesses aos seus eleitores, e, sobretudo, servir aos seus membros, mas não para mudar uma Nação.
Se é que de fato este desejo e esta possibilidade existiram um dia, além de nossa imaginação. Nós que nos conhecemos lutando contra a ditadura e enfrentando o frio do exílio europeu e do frio ainda mais árduo, da saudade. No meu caso conheci também a África, para onde me dirigi com a esperança de criar um novo socialismo.
Minhas considerações não têm como alvo suas ideias e menos ainda seus ideais, que respeito muito. Elas abordam questões que você suscita, mas referem-se ao ambiente que vivemos atualmente.
Tento compreender o que se passa, mas me incomodam as avaliações circunstanciais. O que chamo de análises de conveniência, pois elas não me ajudam a compreender o que se passa.
Dou alguns poucos exemplos.
1.Quando o Nordeste, nos anos 1980, estava nas mãos do antigo PFL, era porque os nordestinos eram atrasados, diziam os petistas, em particular sua vertente hegemônica, no caso, os paulistas. Quando o Nordeste na primeira década deste século fechou com Lula, transformou-se na vanguarda.
2. Quando os votos mais pobres, denominados de descamisados, elegeram Collor era porque eram ignorantes. Agora que votam em Lula, são clarividentes.
3. Quando a classe média estava com o PT, nos anos de 1980 a 2010, era o segmento intelectual e avançado do País. Agora que deu as costas para o PT viraram elite conservadora e racista.
4. A imprensa que nós temos é a mesma da fase áurea do Lula, quando sua popularidade chegava aos 80%, e ninguém reclamava. Agora a mídia virou instrumento da elite reacionário e dos agentes do imperialismo. Reclamam que a imprensa não diz o que Dilma está fazendo de bom. Mas imprensa nunca deu notícia do avião que chegou bem, apenas o avião que caiu. Porque as pessoas se interessam é por este e não por aquele.
Em resumo, a análise de quem está conosco é bom e quem está contra é ruim é pobre e não permite compreender o que se passa. Ajuda aos que querem se convencer que estão certos e os outros errados, são argumentos, no mau sentido, ideológico porque aludem à realidade, iludindo-a.
Veja a questão da intolerância que se manifesta ultimamente em vários pequenos incidentes amargos, condenáveis. Não há dúvida que se deve repudiar. São execráveis.
Você me fala de um ódio, de uma intolerância, antes desconhecida, e agora manifesta com força nas redes sociais e vez ou outra em nossos restaurantes ou aeroportos. Quais suas raízes?
Tem um componente de classe? É provável. Mas, não podemos esquecer que no governo Lula quem mais ganhou foram os bancos e não os pobres, que ganharam, claro, mas menos. E os banqueiros e grandes empresários industriais pressionaram o PT em 2014 para que Lula fosse o candidato e não Dilma. Portanto, o capital também se beneficiou e apoiou Lula por um bom tempo, e alguns ainda o fazem hoje. Lula conseguiu, e ainda consegue, colocar junto capital e trabalho. E apenas no imaginário de alguns de nossos amigos persiste a ideia de que o capital está contra o governo do PT e o proletariado a seu favor.
Há setores empresariais e de classe média que têm e sempre tiveram ódio do PT, e de qualquer força política que se coloque efetivamente contra a desigualdade social, porque são empedernidos na defesa de seus privilégios. E não aceitam viver em uma República. São monarquistas enrustidos.
Contudo, não podemos desconhecer que o PT tem uma história de intolerância. Expulsou três de seus deputados quando votaram em Tancredo. Pediu o impeachment de todos os presidentes desde 1989, incluindo Itamar. Expulsou Erundina porque ingressou neste governo. Interveio nas executivas estaduais toda vez que não estavam de acordo com a corrente hegemônica do partido, desde o Rio de Janeiro de Wladimir Palmeiras, até o Maranhão, humilhando o bravo resistente à ditadura, Manoel da Conceição, pois obrigou o PT a ser base de apoio da família Sarney. Não teve coragem de intervir em MG, quando alguns de seus quadros aliou-se com o PSDB na prefeitura de Belo Horizonte. Como nunca o fez no RS. Por uma razão simples, eram os dois polos que disputavam a hegemonia com os paulistas, e, portanto, tinham força. Os mais fracos, inclusive meu Pernambuco, não teve a mesma sorte. E estou citando apenas alguns exemplos.
Caro amigo, não podemos esquecer que foi o PT quem inventou o slogan: nós e eles.
O PT conviveu sempre mal com a ideia e o ideário democrático. Em grande parte, porque em sua trajetória a hegemonia foi ganha pela vertente dos sindicalistas, com apoio de alguns quadros da esquerda que lutaram contra a ditadura. As comunidades de base, e militantes mais democráticos, foram deixando o partido. Ora, o que menos sindicalistas conhecem e gostam é democracia: conheço bem o ambiente porque já fui um deles. Já vi professor sendo literalmente chutado para não subir no palanque porque era de corrente contrária. Os sindicatos brasileiros lembram os trade unionistas criticados por Lenine na passagem do século XIX ao XX: sabem defender seus interesses corporativos, mas são incapazes de lutar pelas mudanças estruturais. No governo Cristovam no DF, o atual senador concebeu um plano para universalizar as creches no DF. Os recursos proveriam de um fundo composto de três partes: do governo federal, com Ruth Cardoso, do governo do Cristovam no DF e dos servidores distritais que abririam mão da ajuda que recebem, prevista em lei. As crianças dos não servidores não puderam ter creches porque o sindicato travou as negociações. De um instrumento de inclusão social os sindicatos, em muitas situações, funcionam como instrumento de apartação.
Mas, não são apenas os sindicalistas que têm dificuldades em conviver com a ideia de democracia, sempre olhada como uma herança burguesa a ser suportada. Esta ideia era reinante e predominante nas esquerdas brasileiras dos anos 1960/1970 da qual participamos. Queríamos substituir a ditadura militar por outra ditadura, a do proletariado.
Talvez um componente não desprezível nesta questão da intolerância resida em um sentimento de traição que uma parte da classe média, em geral escolarizada, sente em relação ao PT, e a Dilma em particular. Ela que ingressou no partido em 2001 e dez anos depois era eleita para a Presidência por este mesmo partido. Classe média que apoiou o PT desde os anos 1980/1990. Lembremo-nos que o PT nasceu como o partido da ética e da mudança e se tornou um partido igual aos outros. Lula mesmo já disse várias vezes: um partido convencional. Mesmo o combate a pobreza que era um trunfo dos governos petistas – e meritório – está em vias de ser destruído com a recessão por três anos (2014/2015 e 2016), e o desemprego que ameaça chegar a casa dos dois milhões.
O PT atual traiu a ética e as propostas de mudanças das suas origens. E teve muitas chances de fazer estas mudanças, em particular a reforma política, que poderia reduzir drasticamente o custo das eleições e retirar as empresas deste meio, e não o fizeram.
Foram cometidos muitos erros. Os mais notórios estão presentes na condução desastrosa da economia no primeiro mandato de Dilma que nos levou a atual situação, com a invenção da “nova matriz econômica”. Uma piada…. de mau gosto. Os resultados estão aí. E não adianta dizer que a culpa é da economia mundial que se retraiu, pois enquanto entramos em recessão econômica outros países tem crescimento de 3 a 5% ao ano. Sem falar da China, com 7%. Mas, ela sempre ocupou um lugar a parte nesta matéria.
E no primeiro ano de governo, os erros continuaram, um atrás do outro. Começando por chamar Levy – independentemente de sua competência ou da justeza de suas posições ou não – que Dilma falava, seria a atitude do Aécio e da Marina: entregar a economia a um banqueiro. Continuando na desastrosa eleição do presidente da Câmara dos Deputados, fruto da arrogância de sua entourage. E, muitos outros, como o de propor para 2016 um orçamento deficitário. Ridículo. O resultado foi a queda do prestígio brasileiro no mundo das finanças internacionais.
Todos esses erros nos levaram a esta situação de recessão perto de 4%, inflação superior a 10%, déficit governamental de mais de 120 bilhões e desempregados acima de um milhão.
Mas, você me fala de defender o governo Dilma e o PT para barrar o crescimento da direita. Foi na base dos erros do primeiro mandato que a direita começou a se reorganizar e crescer. E ao invés de enfrentá-los corretamente, reconhecendo os erros e adotando uma política consistente, agravamos o quadro com uma campanha eleitoral em que a Dilma ganhou, mas não levou. Foi uma campanha imunda, para um partido que se pretendia o paladino da ética.
O PT, e com ele a esquerda, definha e a direita conservadora tende a assumir o poder, cedo ou tarde. Um retrocesso. Mas o que fazer? Defender o PT? Se houvesse possibilidade de mudança seria o primeiro a me inscrever na defesa. Mas com esta arrogância, com a política adotada, é indefensável.
Creio que estamos em um beco sem saída. Adoraria que o PT fizesse sua autocrítica, mudasse, e o governo da Dilma deslanchasse. Todos apoiaríamos. Seria ótimo, mas não tenho esperança.
Vivenciamos no momento atual um beco sem saída, como bem definiu Eliane Brum: “Duas coisas são hoje indefensáveis neste País, o impeachment e o governo Dilma”.
Caro amigo, se encontrar a luz no fim do túnel, por favor, nos fale. De toda forma, lhe falo que não estou pessimista, nem rancoroso. Por mil razões. Duas em particular. O mundo político não se divide entre esquerda petista e direita reacionária. Outras forças políticas existem e estão se movimentando para ocupar o vazio político deixado pelo PT. Em segundo, acho que a esquerda – se vai continuar a ser um termo de referência no futuro não sei – tem e deve se redefinir, rever seu ideário, perder seus preconceitos. Reler as ideias liberais e socialistas, refletir sobre as derrotas do socialismo e suas razões, repensar o papel do Estado, valorizar a autonomia dos indivíduos.
Finalmente, no médio e longo prazos tenho a esperança que conseguiremos vencer a maré e recriar uma força política tolerante, visceralmente democrática, comprometida com a sustentabilidade, sem arrogância, e consistente; acolhedora e sem pretensões de hegemonia forte e autoritária. E, sobretudo, aberta ao entendimento das mudanças que o mundo moderno conhece com uma velocidade atroz. Creio que seremos capazes de jogar as ideias velhas e sem sentido, os discursos sem respaldo empírico, na lata do lixo, e renovar nossa compreensão do mundo e nosso ideário. Mas é difícil e exige coragem, pois muitos, inclusive muitos amigos, ficarão contra, e me execrarão. Espero que você não seja um desses. E continuemos o debate. Se formos democráticos, ambos teremos mudado depois de um tempo. E, provavelmente, para melhor. Com uma compreensão mais fina do que se passa ao nosso redor.
Feliz 2016.
Elimar Nascimento é Sociólogo, professor da UnB.
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Arretada! desconfio porém que poucos petistas, hoje, têm o nível ou hábito de ler Marx ou Lênin.
Quando estava no mestrado de ciência política na UFPE tive uma aula com o Prof Ian Roxborough da London School. O cara era especialista em sindicalismo na América Latina.
Eu, perdido, assim como muitos, na minha ingênua percepção de que tudo que viesse para organizar a classe operária era de esquerda e revolucionário.
Foi um choque para mim, ele mostrar o perigoso lado conservador do sindicalismo. Isso foi em 1992 e, creio, que de lá pra cá nada mudou, ou mudou para pior.
Parabéns pelos argumentos equilibrados e esclarecedores.
Um forte abraço
Pobre Brasil. Acreditar em um partido por causa da ética, quando isto deveria ser uma obrigação, e achar que pode haver um socialismo democrático indica que estamos longe de transformar este país em um lugar onde as coisas funcionem.
Prof.Elimar,
Congratulações, seu texto talvez seja a luz no fim do túnel por ser explicito, informativo e até propositivo. Precisamos urgentemente ler, refletir e propor algumas saídas e essas saídas nesse momento não estão no sendo propostas pelo PT, mais tb não vejo que outras forças dita de esquerda possam nos ofertar com algo diferente, há uma ganância desmedida pelo poder nessas agremiações e todas que conseguirem passar pelo clivo nas urnas vão se deleitar nos louros dos votos, pois foi isso que o PT fez, usou o benefício dos votos e se acomodou nisso. Ficou com de distribuição de renda para os pobres e para os ricos distribuição de riqueza, e isso agora transbordou, os ricos continuam querendo enriquecer mais e mais e a classe média(que foi base do PT) sabe que não será rica e tb não quer dividir nada com os que estão chegando a tal classe média. Mesmo com toda essas turbulências o PT não olhou para além do seu umbigo, e isso é grave, muito grave.
Um abraço e que possamos combater o bom combate.
Prezado Elimar,
Coerente e oportuna sua carta.
Entretanto sou bastante cético com relação à concretização das mudanças sugeridas, nos ideários dos partidários do PT, e mais ainda da área sindical.
Esse sonho acabou. E da pior forma possível, pois além da década perdida – com suas catastróficas consequências junto à população mais necessitada – a desilusão e frustração são sentimentos que apequenizam nossas almas.
E isso sim, é a perda maior.
Excelente texto, muito bom ler uma crítica política sem ira, revanchismo e maniqueísmo, pautada em argumentos fundados em ideias, sentimento, conhecimento e fatos.
Replicarei.
Obrigado Jacqueline pelas palavras encorajadoras.
Helio, é dificil de ver o novo quando estamos em situação tão confusa quanto a atual. Também tenho esta dificuldade. Mas como sou leitor de Edgar Morin, acredito que as coisas da vida não tem apenas uma tendência, mas várias. O importante talvez seja combater o bom combate.
Edgar Morin escreveu um tweet ontem: “Notre avant-garde est devenue arrière garde contre la barbarie en progrès”
Quão esclarecedor, limpo, explícito e didático é seu texto Professor Elimar. Como diz a Jacqueline, sem ira, sem insinuações. Mas que dificuldade eu tenho de compartilhá-lo com meus amigos: os petistas não permitem o diálogo, os tucanos estão contidos, resguardados. Por outro lado, não sei quem foi mais perverso para o Brasil, se Lula com sua fanfarronice e deslumbramento pelo poder ou Dilma com sua incompetência e desconhecimento de tudo. E os dois conviveram e se entrelaçaram por muito anos, são autores e parceiros de tudo o que estamos vivenciando. Obrigado e que 2016 seja mais leve. Abraço.
Espero comentários de petistas. Gostaria muito de saber o que pensam hoje aqueles que deram sangue na luta para que o Brasil tivesse um governo com a mística e as propostas do PT. Não falo dos “exilados da esperança”, aqueles que saíram do P.t ou foram expulsos em algum momento, mas dos que continuam. Também não falo daqueles que se locupletaram e perderam a vergonha e respondem dizendo ” mas os outros partidos também são assim”. Falo dos que a meu ver ainda fazem por política por sonhos, utopias, propostas revolucionárias para reorientar os rumos de nosso pais.
Parabéns Elimar, artigo tão bom que minha única crítica é que seja belo na descrição da maldição, mantem a estética, para descrever o fim da ética e a perdição da política,
Cristovam
Caro Senador, não podemos confundir o PT e sua ideologia com as pessoas e vertentes que hoje “comandam” o partido. O Brasil, na minha singela opinião, é um país bom, mas hoje é “comandado” por gente ruim (tanto situação, quanto oposição), então temos que inferir que o Brasil é ruim e abandona-lo?
vais ficar esperando.. petistas ficam replicando textos imaginários e conspiratórios em blogs sustentadospelo gov federal como rev forum, 247, diarios do centro do mundo.
Senador, não posso responder sua pergunta por ser um dos que se afastou do PT por não suportar a vergonha do que o partido tem feito, mas posso lhe afirmar: dificilmente você obterá uma resposta coerente de alguém com o perfil que solicita; dizem que o pior cego é aquele que não quer enxergar, mas posso afirmar que tem um pior que esse, é aquele que é cego de fato e jura que vê tudo. Tem muitos destes por aí. Quanto ao Senhor, só tenho a agradecer por dedicar a vida a fazer uma política com lisura e lealdade, e manter o rumo na direção de ideias e ideais realmente voltados ao bem da sociedade. Desejo um futuro melhor para nosso Brasil, algo que certamente não mais demandará dos planos deste grupo de pessoas que não soube fazer política como o Senhor. Abraços !
Cristovam, segue um cometário de um petista que, tendo sido seu Secretário de Meio Ambiente, em seu governo do PT no DF, se desfilou do PT ao fim de seu governo e retornou ao PT neste momento em que assistimos mais uma vez, neste país, a democracia correr grande ameaça. Não se trata de defender o PT, mas sim de resistir a um golpe, que na verdade é contra a democracia.
V. Exa. conhece muito bem o que é ter que manter uma maioria num Parlamento, sob um governo do PT. V. Exa. foi mestre neste assunto, pois, quando governador pelo PT no DF (1995/1998) com apenas 9 deputados do PT de um total de 28, V Exa. conseguia controlar o parlamento distrital nas questões mais importantes.
Gostaria de lembrar que o seu Assessor Parlamentar era o Sr. Waldomiro Diniz, o mesmo que depois foi assumir este cargo no primeiro governo federal do PT e que foi exonerado por envolvimento com Carlos Cachoeira no escândalo da loteria federal.
Portanto, fica uma pergunta que não quer calar: O Sr Waldomiro passou a ter atividades ilegais apenas quando foi para o governo federal? Ou será que ele tinha algum papel corruptor na manutenção da “base aliada” de seu governo? Se sim, acredito que V.EXa nada sabia, assim como FHC e Lula, nunca souberam de nada.
Elimar, aplaudo este seu artigo. Diplomaticamente contundente. Lúcido. Traduz o mal-estar de incontáveis cidadãos que se dedicaram por causas que fizeram parte do ideário original do PT e se transformaram em letra morta. Uma única palavra teima em efervescer os meus pensamentos: vilania.
Obrigado Sandra, Walmor e Cristovam.
Também como este gostaria muito de ler a opinião de meus amigos e amigas petistas.
Meu caro Elimar: Já que os petistas relutam ainda em atender à expectativa sua e de Cristovam Buarque, tomo a liberdade de adiantar algo não em nome deles, claro, mas baseado na minha relação com os petistas que conheço, também no que observo sobre os que opinam no Facebook. Nenhum que eu conheça foi capaz de admitir que votou errado ou tomou posições erradas. Parecem seguir nesse sentido a arrogância de Dilma Rousseff que há meses, num rasgo de aparente humildade afirmou: se houve erros (ou admitindo que houve erros), serão corrigidos. Cito de memória e por isso omito as aspas. O que me parece muito grave nesse silêncio, que me lembra o de Marilena Chaui, Antonio Candido e Chico Buarque, para mencionar apenas algumas cabeças supremas do PT, é a orientação sectária que rege o partidarismo dessas cabeças iluminadas. Já não me surpreendo porque há muito o estudo da história e a experiência ensinaram-me que muitos dos maiores intelectuais que lemos e admiramos (ou admirávamos) serviram às piores tiranias de esquerda sem nunca admitir publicamente qualquer culpa ou cumplicidade. Bastaria pensar em gente como Sartre, Simone de Beauvoir, Merleau-Ponty, Eric Hobsbawm e tantos brasileiros que ainda hoje se recusam sequer a admitir que Cuba é uma ditadura.
Porque continuo filiado e apoiando o PT:
Não desconsidero os muitos fatos que levaram ao desgaste da imagem do PT em vários setores da sociedade, e que foram citados no texto do Professor Elimar.
Porém, junto com muitos outros companheiros e companheiras, continuamos apoiando o PT, baseado numa assertiva: mesmo com muitos erros, o PT governa para a maioria.
Os dados de vários estudos têm mostrado a redução da pobreza e da miséria no país, aumento no acesso à educação, extensivo ao nível superior. Melhorou o acesso à saúde, especialmente a partir do mais médicos. Pernambuco que até 13 anos atrás produzia açúcar e álcool, hoje produz carros, navios, hemoderivados e óleo diesel. Esse crescimento diferenciado é extensivo ao Nordeste que hoje incorpora em sua matriz energética, de maneira muito forte, a energia eólica. A transposição do São Francisco é uma realidade e mesmo com toda a crise na economia nacional e mesmo mundial, a transnordestina vem sendo implantada e a ferrovia norte-sul está pronta. No país, novas obras de infra estrutura estão mudando nossa realidade. Aeroportos, ferrovias, portos, rodovias.
As cidades incorporam novos habitacionais que vão ofertando moradia para os mais variados segmentos sociais, desde o minha casa minha vida chegando a segmentos de maior poder aquisitivo. Parcela expressiva de recursos federais foram destinados a projetos de mobilidade urbana, a cargo dos governos estaduais e prefeituras. Nossa produção de grãos bate recordes e mais recordes e a agricultura familiar hoje é responsável por 70% do que é consumido pelas famílias brasileiras. O pré-sal, conquista da Petrobras fortalecida nos governos do PT, coloca à disposição do Brasil uma segurança em termos de energia e insumo para produção de mais de 3.000 produtos, como jamais o país desfrutou. No ambiente internacional o Brasil, além de ter definido, segundo seus interesses, o modelo de exploração do pre-sal, hoje compõe o BRICS, um arranjo econômico alternativo a ordem implantada desde o pós-guerra, abrindo perspectivas diferenciadas para as gerações futuras.
Nossa economia enfrenta problemas, não se pode negar, e não foi fácil para os petistas administrar a nomeação do LEVY. Porém, Levy é passado, criando perspectivas de mudanças na condução da política econômica. Nossas reservas cambiais nos dão um significativo colchão de amortecimento para crises decorrentes das variações do fluxo de dólares no mercado mundial e a atual política cambial com o dólar oscilando em torno dos R$ 4,00, freou a evasão de divisas, protegendo nossas reservas.
Nossa participação no debate na COP21 foi elogiada por representantes de várias outras nações. E, por mais paradoxal que possa parecer, o Brasil passa a ser referência no combate à corrupção.
Há porém, elementos do cenário que tem tido influência significativa nas dificuldades da economia brasileira:
Em 2014 a população elegeu um Congresso, o mais conservador desde 1964, conforma DIAP, promovendo o resgate de pautas conservadoras. A Câmara, comandada por um Presidente que dispensa maiores cometários, tem sido responsável por patrocinar sucessivas crises politicas;
A crise na economia mundial tem revelado comportamentos diferenciados dos índices de crescimento do PIB nos vários países. Um fato, porém, é que, as grandes economias, a China inclusive, recuaram dos seus referencias de crescimento.
Elementos da geopolítica internacional coloca o Brasil em rota de competição com os Estados Unidos, conforme análise do Prof José Luis Fiori. A forma de competição da Nação do Norte, já é conhecida. Não por acaso implantaram-se ditaduras na maioria dos países da América Latina, numa mesma década. Idem para a ascensão de um ambiente democrático na região e, agora, as ações para desestabilizar governos latino americanos e, assim, ganhar eleições para implantar pautas de seus interesses.
Por fim, como elemento do cenário, o comportamento dos grandes grupos da mídia. A abordagem do texto não considera movimentos como os do Instituto Milênio, que resultaram em ações coordenadas dos principais veículos de comunicação, não abrindo espaços para o contraditório. Isso incluiu vazamentos seletivos das delações da Lava a Jato, manipulação da informação, fartamente documentada na Internet, a qual aliás, tem cumprido um excelente papel, tirando o monopólio da informação dos grandes grupos de mídia.
Ao analisar o governo DILMA deve-se considerar tanto seus aspectos negativos e positivos, quanto o cenário no qual tem operado. Tem problemas na condução, mas o cenário é bastante adverso.
Do ponto de vista da crítica mais ideológica, há dentro do próprio partido correntes de pensamento que tem se expressado a partir do acúmulo do pensamento humanista dos últimos 150 anos, sem se esquivar, porém, de contextualizar limites e possibilidades com a experiência do pensamento de esquerda, em nível mundial.
Em relação ao futuro do PT ou sua capacidade de se reerguer, tenho procurado refletir sobre essa questão no contexto dos aspectos de formação da própria sociedade brasileira. Um exercício interessante: dos elementos captados por Sérgio Buarque de Holanda, em seu livro Raízes do Brasil a análise da Pesquisa Social Brasileira, realizada no segundo semestre de 2002, e analisada por Alberto Carlos de Almeida, no livro Cabeça de Brasileiro(2007), vimos que nossa sociedade ainda continua hierárquica, patrimonialista e familista, adjetivos que se identificam com o arcaísmo, segundo o autor. Como operar a politica nesse contexto e procurar fazer avançar nossa cultura política é nosso grande desafio.
Caro Hercílio
Embora não concorde com os seus argumentos em defesa do PT e assine embaixo do texto critico de Elimar, como um dos editores da Revista Será? quero parabeniza-lo pelo nível dos seus comentários. Este é o bom, equilibrado e civilizado debate de ideias com respeito pelo interlocutor, debate que faz muita falta no Brasil excessivamente radicalizado de hoje. Sou grato pelo seu comentário que vai nos permitir aprofundar a discussão em vários dos pontos levantados e, desta forma, ajudar a nos todos e os leitores a aprimorar o conhecimento da realidade brasileira. Sergio
Parabéns pela lisura, objetividade e bom senso. Também discordo do que dizes, mas num país dividido por ódio como o nosso, é raro ler uma análise tão desapaixonada.
Belo texto, mas devo te advertir sobre um fato, quando você sita o acesso ao ensino superior creio que use os programas do ProUni e fies, que são projetos neoliberais, caso houvesse uma vontade de melhor universalização do ensino superior deveria ser feira através da construção de instituições públicas, pois de nada adiantar passar a falsa impressão que é dado ao povo ensino enquanto na realidade só há uma transferência bancária que são de cofres públicos e vão para poderosas instituições financeiras. Outro ponto é que não há crise, o país está retraido, mas não há Banco quebrado, pelo contrário tanto os bancos públicos como os privados estão faturando, faço tal afirmação usando de base o que ocorreu na europa, tanto na Grécia, Espanha, Portugal, quem primeiro pedido arrego foram os bancos.
Obrigado pela belíssima resposta! Oportunistas não passarão!
Acho que todos têm direito de dar sua opinião, baseada em experiências, conhecimento etc…mas principalmente que não fujam a realidade: li a sua réplica até a parte “a saúde melhorou”… e aí parei, não preciso ler o resto para discordar! Podem trazer muitos mais médicos, mas não poderão fazer nada sem “muitos hospitais, muitos aparelhos e técnicos para fazer exames, medicamentos etc… etc…etc… A Saúde no Brasil está morrendo!
A transposição do Rio São Francisco é uma realidade onde ? Parece que, por ter lido um texto lúcido, coerente e sem o afrontamento corriqueiro dos últimos meses, quis se comportar de forma parecida. Creio que o problema resida neste ponto: não adianta fazer algo parecido. Pois foi exatamente isso que o PT fez, o mesmo que todos fizeram – e se justifica por isso e simplesmente por isso. Passou o ponto da história em que o PT poderia ter feito deste país uma grande nação, infelizmente, pois eu fui um dos que acreditei neste sonho de esperança, lá atrás aos 14 anos de idade, e acordei com a maior ressaca de minha vida, aos 50. Triste e incomodo pensar que fui um dos que semeou estas sementes que brotaram ervas daninhas… …observar as alianças que o partido fez para conseguir “governabilidade”… …o fato de que os bancos nunca lucraram tanto é outro paradoxo desta política de distribuição de renda curiosamente pragmática, mas que não abre mão de gastos excessivos com propaganda cara e de alto nível, porém sempre mentirosa. Seu texto demonstra que você não quer é tomar o remédio, quer continuar a viver na alucinação de que ainda há que se restabelecer o partido como salvaguarda da nação. Mas o pior remédio vem agora: são todos criminosos os eminentes membros da cúpula do PT. Não há mais o que fazer, além de pedir desculpas. E eu adianto: não aceito. Em nome de meus filhos, e dos filhos de meus filhos, não aceito. Vai demorar muito para consertar o estrago que fizeram…
Caro Professor Elimar, Bela Carta! Grande Abraço, Alexandre
Que petista de ontem, de hoje e, principalmente aos que acreditam que existirá um PT no futuro, se caminhar no rumo que vai, que leia este texto e deixem de afirmar bobagens que o Fernando Henrique fez, o PT pode fazer. Leia e cresçam.
Meu caro professor Elimar.
Simples leitor da Revista Será? Digo,apenas, sem ideologia política, que seu artigo deveria ser lido por todos os brasileiros e, em especial pelos jovens. Está mostrado nele, um capítulo de nossa história.
É muito simples. O PT tem que voltar a ser PT e deixar de ser apenas mais um entre todos. Não será um caminho de volta e nem fácil, mas um caminhar para a frente. O meio acadêmico, que pegou a carona dos trabalhadores quando da criação do PT, hoje, quando os problemas aparecem, se coloca à beira da estrada, contemplando e se fazendo apenas de observador, cometendo análises, mas sem apresentar soluções, metido na sua jaqueta de quem só deve pensar; não fazer. Mas gosta de dizer para os trabalhadores como devem fazer. Assim, nunca erra, quem comete erros são os “sindicalistas”. Onde estavam quando os erros foram cometidos “pelos outros” ? Observando. Li o texto do início ao fim para ver se encontrava alguma indicação de caminho e não encontrei uma só letra neste sentido. Não sou filiado ao PT, mas creio, confio, que a caminhada vai prosseguir e as pessoas, os trabalhadores, saberão superar os problemas que o País enfrenta hoje. Até porque não vejo no horizonte nenhuma opção mais adequada para o estágio em que o Brasil se encontra. Retroceder, andar para trás, certamente não será a solução. Enfim, o mundo acadêmico certamente poderá ajudar, acompanhando a evolução dos fatos. Com as suas profundas análises, ao que, nós, os menos letrados, haveremos de agradecer…
O sindicalismo precisa de renovação, de ideias novas, de repaginação, mas é um processo.
A academia também. Quantas críticas não são feitas pois a academia não chega à população, seus projetos não tem serventia. De que vale milhões de teses, exuberantes, guardadas na gaveta?
Ora, belas cartas e ótimos discursos.
Mas o barco é o mesmo.
A sociedade brasileira precisa de profunda reflexão, de como sair da masmorra em que se encontra. Não só o PT, que perdeu-se totalmente, por seus próprios erros e pelas conveniências do sistema político que não serve à grande maioria.
E onde existe democracia no mundo?
Fico com Millor:
Democracia é quando eu mando em você e ditadura é quando você manda em mim.
Parabéns pelo teor de seu artigo, claro, respeitoso e inteligente. O que continua sem resposta é como pode um partido político arrasar um país, destruir esperança e sonhos de um povo e ainda se julgar no direito de se rebelar contra punição, negar o que está taxativamente comprovado e querer posar como vítima da justiça, tentando fazer dos réus heróis. Talvez seja essa a idéia que fazem do povo brasileiro, somos todos iletrados.
Brilhante a matéria do professor Elimar. Não adianta os defensores do PT agirem sempre de forma infantil ao serem criticados, apontando nos outros os mesmos defeitos por ele praticados. A criança ao ser repreendida só se defende apontando que a outra também fez a mesma coisa. Isso não constrói absolutamente nada em termos de uma nação que se pretende justa e desenvolvida.
Parabéns Hercílio Maciel!
Li com atenção e interesse seu relato e pensamento. Sinceramente, o que temos visto nos governos do PT é algo inédito e você traduz com força incontestável. Sou PT e não me vejo arrogante em defender Projetos que alcançaram mudanças significativas à vida de milhares de pessoas. Isso é fato e foi o projeto político do PT quem protagonizou. Isso fez a diferença positivamente à milhões de brasileiros e por mais belos textos, pensamentos, cartas; vejo, uma vontade grande em destruir um partido
O momento é importante para que o PT restabeleça um debate interno para que possa cumprir com sua missão política, que não está e não restará cumprida. É evidente que o PT tinha uma enorme responsabilidade ao assumir o governo e que cometeu inúmeros erros, desde o primeiro mandato do Lula. Mas dai tentar jogar no lixo da ignorância os inúmeros acertos que visivelmente contribuíram para uma melhor qualidade de vida de milhares de pessoas é mo mínimo enganoso. Torso pra que mudanças sim aconteçam também na forma de exposição dos temas fundamentais ao nosso país. Que sejam menos tendenciosos. Os fatos colocados expressam isso ao ignorar os avanços dos governos Lula e Dilma. “Aí você vai me adjetivar de arrogante”?
Excelente, um verdadeiro tratado sociológico da atual situação tupiniquim. Acho, entretanto, que, até por excesso de elegância, o Prof. E limar foi condescendente com o caminho tomado pelo petismo. Teria tanta coisa a contar, fatos, nunca suposições. Cito apenas um que me incomoda muito, já que foi citada a transposição do Velho Chico. Quando o Presidente Lula assumiu o governo existia um trabalho sendo executado denominado Revitalização do Rio São. Francisco era, por óbvio, lento, mas necessário e que estava sendo feito e muito bem feito. Ele mandou parar por que iria fazer a transposição. Sem a revitalização haverá bem pouco a transpor.
Nesses tempos maniqueístas, tema de meu interesse (Salton J. O MANIQUEÍSMO EM NOSSAS VIDAS. ED MOVIMENTO, 2015)é uma lufada de ar puro ler o seu texto. Uma análise clara e objetiva do processo de evolução ou involução do partido que vem comandando nosso país. Parabéns.
Confesso que fiquei surpreso com o montante de reações ao meu artigo, que relutei em publicar. Os editores me estimularam. Não acreditava que fosse compreendido. Constato com alegria a disposição de um debate inteligente por parte de todos, concordando ou discordando. Que é a vocação de Será?
Quero destacar a disponibilidade de Hercílio Maciel e Plinio Binda em participarem do debate defendendo suas ideias e a elegância como o fizeram, em particular arrolando os feitos de seus governos. Temo, porém, que parte importante do que os governos petistas conquistaram esteja sendo levado ao ralo por erros de seu próprio governo, pois, com a inflação, a recessão e o desemprego atuais o nível de vida dos trabalhadores tende a voltar para perto da estaca zero, ou seja, aos indicadores de 2003. Por causa de erros recentes, mas, sobretudo, pela ausência de mudanças estruturais.
Hercílio, inicialmente fiz-lhe uma resposta de mais de três páginas, e não havia ainda terminado o que queria comentar. Desisti. Prefiro chamar atenção para algumas questões que me parecem relevantes para o futuro do nosso País e de seu partido.
Noticias neste final de semana sinalizam neste sentido. Patrus Ananias fala do erro do PT em não ter lutado para encerrar o financiamento das empresas e Wagner, no mesmo sentido, diz que o PT se “lambuzou” e que deveria ter feito a reforma politica desde o primeiro ano. Há um movimento importante no interior do PT para voltar as origens. Em sentido inverso, em artigo na FSP, a presidente Dilma mantém sua incapacidade em ver os erros.
Esse é um ponto importante para recuperar seu partido ou qualquer outro que tenha a pretensão da mudança: reconhecer os erros cometidos, sem se deixar dominar pela autopropaganda. Muitos petistas acham que se defendem arrolando os feitos. E alguns incorretos. Por exemplo: a Petrobrás. Compare o quanto ela valia, qual a sua posição no ranking das empresas internacionais e o montante de seus investimentos em 2002 com os dias de hoje. As razões são conhecidas: corrupção (PT, PMDB e PP), má gestão (mais de 3,4 bilhões foram gastos com projetos de duas refinarias no Ceará e Maranhão, decisão politica sem viabilidade técnica) e interferência na administração de preços (que levou a empresa a ter um prejuízo extraordinário). Quando numa lista de feitos introduz-se alguns incorretos a qualidade da lista fica comprometida.
Muito do que aconteceu em nosso Pais entre 2003-2010 deve-se ao governo Lula, mas outras nem tanto. É preciso situar cada governo em seu contexto. Outro exemplo, muitos acham que foi a Bolsa Família o responsável por retirar milhares de pessoas da pobreza. Dados do IPEA provam que sua contribuição foi muito pequena.
O ponto central não que é que o PT não fez, é que traiu suas origens de um partido ético e transformador.
Será ainda capaz de voltar as suas origens?
E aqui está a nossa grande divergência: sem reconhecer os erros, sem expulsar os que cometeram ilegalidades e sem mudar as práticas internas o PT continuará a existir, mas como um partido convencional, como diz Lula. Será incapaz de voltar as suas origens e renovar/inovar seu ideário, sobretudo o democrático. Como o PMDB, com história, mas sem compromisso com as mudanças que o nosso País necessita. Sem um futuro de transformação.
“O Poder Corrompe” poderia ser o título do artigo.
É um pouco inocente acreditar que ao chegar ao poder qualquer grupo não será afetado pelo poder. Quando todos os mecanismos políticos existem para influenciar as decisões nos três níveis de governos.
Aliás este é outro ponto, tudo se cobra do nível federal, mas saúde, educação, segurança e transporte são obrigações primárias de estados e municípios. Mas é mais fácil ou conveniente mirar um alvo maior.
Ademais creio que faltou separar partido político do governo. A Dilma não é o Partido dos Trabalhadores, como Lula também não o era.
Como o artigo menciona Dilma é oriunda do PDT de Brizola, o qual tinha este viés estatizante e o colocou em prática, com maior ou menor grau de razão, em algumas ocasiões.
Vem também do PDT Brizola/Darcy Ribeiro o foco na educação. Com o qual concordo integralmente – é a Educação que possibilitará a ascensão social dos mais pobres. Mas um modelo de educação integral como aquele pensado por Darcy Ribeiro custa caro, é precisa ser implantado como programa de longo prazo.
Combinar o programa Bolsa Família com os CIEPs potencialmente nos traria resultados em uma geração e meia. Hoje mesmo ouvi um comentário comparando a indústria automotiva da Correia do Sul com o Brasil, dos anos 50 para hoje – duas grandes diferenças: o interesse geopolítico que levou capital a custo zero a península coreana e a opção destes pela educação – transformando um pais que sofreu profundamente em duas guerras (WWII e Coréia) em uma potência industrial. Não obstante, com uma forte presença de conglomerados e a concentração de poder e riqueza. Nos quais com alguma frequência pipocam casos de corrupção e diferente do Japão, os executivos não cometem seppuku.
Não obstante algumas boas motivações, a execução dos programas deixou a desejar, em particular pelo o “aparelhamento” da execução pelos amigos dos que estão/estavam no poder. Vejamos por exemplo o PROUNI – plenamente justificável para melhorar a qualidade de mão de obra e no processo garantir melhor renda a trabalhadores mais qualificados, gerando maior poder aquisitivo, maior demanda interna, maior arrecadação, e no final do ciclo permitindo a retirada de subsídios a segmentos da economia. A execução, porém, levou a concentração de instituições de ensino em grupos financeiros; a opção destes pelo $ garantido do governo incentivando mesmo alunos que originalmente arcavam com os pagamentos a migrarem. Aumentos de mensalidades sem controle, maximizando os lucros e falta de controle tanto na ponta de aproveitamento como na de frequência.
Creio que as principais falhas se deram na esfera econômica, um misto de lealdade a quem sempre fora leal – Guido Mantega deveria ter saído no máximo no segundo ano de governo. Faltou pragmatismo a condução econômica.
Ao se tentar controlar a inflação via câmbio e com o pé no freio dos preços controlados se gerou inflação de demanda. Com agravante de que se deveria conhecer bem o empresariado brasileiro, que acredita que o governo deve interferir apenas comprando excesso de produção por preços acima do mercado e oferecendo financiamento subsidiado, e não se interessa em investir se não houver plenas garantias de retorno financeiros sem riscos.
A meu ver a arrogância, ou ingenuidade (que é um pecado capital na política) não está em não fazer o “mea culpa” ou pedido de desculpas público, algo que o PSDB, um partido mais evoluído, nunca fez em relação às suas crises. Mas em não ter percebido a quantos interesses o governo estava desagradando simultaneamente e não ter se preparado para as reações.
Quanto a mídia brasileira, esta em geral nunca apoiou os governos do PT, alguns segmentos mais pragmáticos, como as Org Globo os toleraram enquanto foi interessante, mas sempre mantiveram as suas demandas por financiamento e verbas publicitários como moeda de troca.
A relação com o Congresso também se deu nos mesmos moldes, troca-troca e uma chantagem aqui e outra ali para ganhar uma secretaria, um ministério, aprovar uma rodovia ou um jabuti cá e outro acolá. Quando começou a rarear o óleo que mantinha esta engrenagem rodando tudo começou a se travar.
A questão política segue o mesmo caminho, e aí os tubarões sentiram a oportunidade de pegar nacos cada vez maiores e aumentaram a pressão ao máximo, descambando na disputa aberta pelo poder que se vê hoje.
Hoje talvez o PT/Lula se arrependa de ter escolhido a Dilma, mas com certeza se arrependem de ter levado ao altar o PMDB/Temer – acho que não assistiram aquele filme – Dormindo com o inimigo.
As perguntas que o autor não aborda são:
Como resolver o problema político sem apelar para um Golpe de Estado?
Como solucionar a questão econômica de longo prazo – financiar um país que tem um modelo de impostos que privilegia os investidores, em parte porque precisa se financiar, em detrimento dos que produzem e consumem. Impostos sobre renda dos 1% ou 4%?
Como atender as demandas sociais e da previdência, onde ninguém quer abrir mão de seus direitos ou privilégios dependendo do ponto de vista, e não aceita pagar a conta de uma festa para a qual não foi convidado – ou seja o problema são os outros!
Como financiar as campanhas eleitorais de forma que o poder econômico de alguns não se transforme em ou aumente a influência política?
Como convergir os interesses de um pais dividido, onde a intolerância se tornou plataforma de campanha política? Vamos pelo mesmo caminho da extrema-direita francesa ou do Bible-belt / deep-south americano?
Como atrair investimentos para atender as necessidades de infraestrutura e com isso liberar recursos do governo federal para serem aplicados em outras necessidades?
Como resolver a questão da dívida pública dos estados e municípios sem transferi-las para o governo federal?
Como assegurar que cada ente federativo consiga “subsistir” com recursos próprios, e ainda como evitar que novos municípios sejam criados apenas para atender interesses político-financeiros – vagas de vereadores, prefeitos e secretários, além de uma fatia da arrecadação federal?
Artigo FANTÁSTICO, claro, detalhado, lúcido, completo, paciente, cavalheiro. Não o conheço, Prof. Elimar, mas você ganhou meu respeito por este texto fabuloso.
Faço, no entanto, alguns comentários, que sua elegancia não permitiu expor, acredito. O PT vai sempre existir, acredito, porque ele tem um papel a cumprir, mas a história não o absolverá. Porque seu ranço autoritarista, maniqueísta, manipulador, está no seu DNA, e jamais será abandonado. O artigo do Sr. Hercilio, acima, defendendo o PT, aponta para isto. TUDO de bom que existiu neste 13 anos, foi o PT que criou. A Justiça Federal do Sergio Moro? Foi o PT que viabilizou. A Polícia Federal atuante? Foi o PT que comandou. A luta contra a corrupção (do PT)? foi o PT que criou. O Canal do S. Francisco? Ora, foi Lula que o criou. A Fiat em Pernambuco? Foi Lula e Dilma que trouxeram para Goiana. Tudo que aconteceu de bom, foi o PT que criou, projetou, e por aí vai.
Minha crítica ao PT, partido pelo qual militei, um pouco antes e um pouco depois de sua fundação, é fundamentalmente ideológica, que gera uma política absurda. A tecnologia utilizada no pré-sal, por exemplo, foi desenvolvida durante muitos anos pelos técnicos da Petrobrás, independentemente de FHC, Lula e Dilma. Estes teriam que ter uma política adequada para seu desenvolvimento, e Lula e Dilma afundaram-no. Um país com gravíssimos problemas de infra-estrutura, saúde, educação, como poderia estabelecer uma legislação que obrigaria a Petrobrás a investir e controlar todo o pré-sal? Porque não usar o capital privado para isso? E nos aeroportos? nos portos?
nas estradas? Quando o estado brasileiro vai ter capital para tamanhos investimentos? Nunca! É esta ideologia que nos atrasa! O Sr Hercilio, diz acima,que ¨… Nossa produção de grãos bate recordes e mais recordes…¨, como se o PT tivesse algo com isso! Na verdade, acho que nem o PT nem FHC tem alguma coisa com isso. Os empresários do centro-oeste é que investiram pesado, usando as novas tecnologias da Embrapa, mas não são fruto de nenhum planejamento governamental. Este veio depois, se aproximou, apoiou, mas NÃO GEROU! Como falar que foi uma vitória do PT?
A ideologia estabelece os conceitos, os princípios que amarram as pessoas, condicionam e lhes fecha o raciocínio, tal qual as religiões. Assim, muitas pessoas que se afastam do PT, quer tenham sido militantes ou simpatizantes, falam com uma culpa imensa, justificando sua mudança de posição, quase que pedindo desculpas. Para mim, quem deve pedir desculpas um dia (que eu não acredito), seria o Sr. Lula, a Sra Dilma, e companheiros, por ter afundado este país e criado um confronto (Nós x Eles) perigoso que não sei onde vai parar.Eles são governo, eles são a Autoridade Maior, eles é quem deveriam impedir esta radicalização que se anuncia. Todo o clima a a base política e ideológica deste momento, foi criado por eles. Uma última questão: credito ao Lula a incorporação de milhões de pobres ao mercado de trabalho, à uma vida mais digna. Mas isto é muito pouco para um país de mais de 200 milhões de pessoas, com tantos problemas estruturais. Não vamos tapar nossa vista com uma peneira.
Não sou do PT, não sou cientista político, sou apenas um profissional liberal que julga ter aprendido um pouco a entender o que é dito por trás do que é veiculado pela mídia. Sinto meu amado país como possuidor de uma enorme riqueza, tanto física quanto humana. País esse que esboça os primeiros movimentos, mostrando que vem acordando do seu sono secular. E desejoso de assumir o seu lugar no mundo, lugar esse que ele começa a sentir poder alcançar. E é claro que isso incomoda muita gente. A meu ver essa é síntese do que se passa e torna-se necessário que decisões sejam tomadas para garantir a ascensão do país com independência, à brasileira, pacificamente. A meu ver, as pessoas hoje que tem um pensamento alinhado com a condução desse processo estão no PT. Se as há em outros locais que mostrem a cara. Pessoas que entendam a verdadeira luta de poder subjacente, em que um dos campos de batalha é o Brasil de hoje. Diria mesmo que é uma verdadeira corrida onde o atual governo tem que deixar um legado convincente para que a mídia não possa mais continuar desinformando o brasileiro.
Em poucas palavras, é como vejo a situação hoje e conclamo todos os que entendam dessa forma a se manifestarem e aperfeiçoarem esse entendimento.
Tenho certeza que você é petista
Independentemente de quem assuma o Governo na era pos-PT, precisamos urgentemente re-pensar seu papel. Precisamos de um Estado menor, mais enxuto, como se fosse uma entidade privada, com donos que se preocupam onde seus recursos sao empregados. Nao precisamos de Empresas Estatais, nao precisamos do Estado com esse numero absurdo de ministerios que nao fazem nada a nao ser dar empregos aos ‘amigos’ do poder. Nao precisamos de ‘Diretorias’ indicadas por partidos politicos em nenhuma empresa Brasileira… Nao precisamos de ‘Foro Privilegiado’ para defender politicos corruptos, mas sim de um Congresso Nacional com padrao moral para expurgar Ministros dos Tribunais Federais que tenham orientacao partidaria… Em suma, precisamos de um pais onde impere a lei e a ordem.
“Muitas pessoas que se afastam do PT, quer tenham sido militantes ou simpatizantes, falam com uma culpa imensa, justificando sua mudança de posição, quase que pedindo desculpas. Para mim, quem deve pedir desculpas um dia (que eu não acredito), seria o Sr. Lula, a Sra Dilma, e companheiros, por ter afundado este país e criado um confronto (Nós x Eles) perigoso que não sei onde vai parar.Eles são governo, eles são a Autoridade Maior, eles é quem deveriam impedir esta radicalização que se anuncia. Todo o clima a a base política e ideológica deste momento, foi criado por eles. Uma última questão: credito ao Lula a incorporação de milhões de pobres ao mercado de trabalho, à uma vida mais digna. Mas isto é muito pouco para um país de mais de 200 milhões de pessoas, com tantos problemas estruturais”.
Permita-me discordar. Incorporar milhões de pessoas pobres, como você disse, ao mercado de trabalho e a uma vida mais digna não é muito pouco. Não foi o suficiente. Mas não é muito pouco.
Professor Elimar, vosso texto é primoroso e de leitura obrigatória para qualquer militante que insiste em ser petista, assim ao povo de esquerda. O saúdo pelo artigo clarissimo e didático.
Não me considero petista, mas votei em Dilma e fiz campanha por ela. Gostei do texto do Prof. Elimar embora não concorde em parte. Sobre a votação do Lula no nordeste não vejo da forma retratada e nem que os petistas vejam os nordestinos como visionários. O Lula só ganhou quando deixou um pouco de ter cara de povo, de trabalhador. Aliás, o PT ganhou quando passou a se parecer mais com os outros partidos. O problema é que o nordeste, e o semiárido principalmente, nunca sentiu a presença do governo federal e agora vê marcas dessa presença no cotidiano. A verdade é que a imprensa nunca deu moleza para o Lula ou o PT só que agora com a crise às críticas da imprensa encontram eco mais força na insatisfação popular. Claro o PT precisa se reinventar. Não só ele como todos os partidos atuais têm essa necessidade urgente. O que sentimos como espectadores da política é que não se faz oposição, se faz sabotagem. E que sempre se fez isso.
Excelente texto. A princípio, imaginei até muito condescendente com o Pt, depois, entendi a linha de diálogo proposta pelo professor, como diz o senador Cristóvão, não confundir a política com um FLA X FLU.
Mas vejo no discurso dos defensores do Pt a mesma linha da maior, e não a melhor, distriibuicao de renda. A maior quantidade de alunos em cursos superiores de péssima qualidade e individamento dos alunos, quando na verdade teriam que fazer uma política nas escolas de base para preparar o profissional competente. Esquecem os petista que as melhorias que houveram são naturais, os países crescem naturalmente, há um crescimento nas comunicações, indústria etc etc em todo o mundo, independente de vontade política. Este crescimento é ditado pelo mundo moderno. Infelizmente o Pt, durante todos estes anos, destruiu estas oportunidades que o mundo ofereceu a todos os países, principalmente os emergentes.
Excelente ponto de vista… Nada mais!!!
Bom dia
Sua carta é bastante oportuna e esclarecedora, a insistência absurdamente arrogante do PT em nõa fazer uma simples autocrítica sobre sua história e comportamento político no poder me faz crer que este partido literalmente faliu enquanto representante minimamente legítimo das aspirações libertárias que são combustível da nossa juventude. Uma nova proposta político partidária tem que passar necessariamente por uma política contra transgênicos, reforma agrária, reforma tributária e política ( uma nova república sem privilégios), temos obrigatoriamente a dar um grito de independência custe o que custar da ditadura financeira. De uma vez por todas esquecer estes termos Direita e Esquerda que estão presos a um passado e que respondem aos anseios do status quo. A história precisa ser recontada e já vem sendo feita mundo afora por outros paradigmas que não estão na academia e nem são financiados pelas instituições correntes. Revolução Russa nem Imperialismo são exemplos de liberdade pra ninguém, sistemas políticos prontos vem necessariamente acompanhados por assassinatos e banqueiros. Cada vez mais tenho certeza absoluta que BRIZOLA TINHA RAZÃO! PT é e sempre foi um partido manipulado e comprado pelas elites controladoras, basta olhar a história de puro oportunismo e de capachismo. abs
SE ESTA CARTA TEM IMPORTÂNCIA QUAL DEVE SER A IMPORTÂNCIA DESTA VERDADE?
“QUADRILHA SERASA (PROPRIDADE DE 83 BANCOS PRIVA…
Edilson Galdino Vilela de Souza ()
2 de outubro de 2003, 22h24
QUADRILHA SERASA (PROPRIDADE DE 83 BANCOS PRIVADOS E INTEGRADA POR MAIS DE 560 MIL EMPRESAS PÚBLICAS E PRIVADAS, AUTORIDADES FEDERAIS E ENTES PÚBLICOS FEDERAIS) A Nação
brasileira está sendo, literalmente, comandada desde o ano de 1968 pela QUADRILHA SERASA com ramificações internacionais, aprimorada nos últimos dez (10) anos com a participação pessoal ativa do Ex-Presidente e Ex-vice-Presidente da República: Doutor Fernando Henrique Cardoso e Doutor Marco Maciel. Agentes públicos federais lotados nos Órgãos SRF; DENATRAN; CASA DA MOEDA; autarquia BACEN; pessoas jurídicas CEF; BB; BNB e etc e representantes do fundo contábil FAT gerido pelo CODEFAT têm participação direta, intensa, coesa e articulada na QUADRILHA SERASA; mais de 560 mil empresas privadas e públicas exercem a condição de agraciar alguém com o superpoder de punir pessoas sem causa, explicação ou título por só conveniência (vingança, perversidade, perseguição, extorsão e etc.) basta vincular-se a uma das empresas integrantes da QUADRILHA e decidir pagar o preço para punir quem for escolhido em mostruário exibido na Internet no site: http://www.serasa.com.br atualizado diariamente pela SRF. Esta quadrilha tem receita mensal superior a 50 bilhões de reais. Valor arrecadado através de NOTAS FISCAIS FRIAS, sem registro, fiscalização e controle. Este valor está isento do IR; ICMS e ISS.
https://www.youtube.com/user/recupnet/videos;
http://www.conjur.com.br/2003-set-02/arminio_fraga_afirma_bc_nao_fiscaliza_empresa
Esta carta representa o pensamento daqueles que ainda tentam superar a dor e a frustração proporcionadas pelo trauma de se ver o esfacelamento da sagrada utopia delineada por uma estrela vermelha que construimos e seguimos por décadas, convictos e orgulhosos de que caminhávamos rumo à ética, à justiça e, consequentemente, à democaracia, nutridos pela divina virtude tão preciosamente guardada pelos gregos em sua Caixa de Pandora: a Esperança.
Excelente análise da derrocada do PT como partido e como ideário político-ideológico da esquerda brasileira. Como alguém que sempre votou no PT e apoiou políticas públicas de inclusão social, é mister reconhecer o atual cenário de desolação ideológica da política brasileira, em todos os possíveis posicionamentos no espectro que vai dos mais elitistas conservadores (uma minoria, no País) aos mais radicais esquerdistas (à esquerda do PT). Creio que é chegado o momento, agora mais do que nunca, de reconstruir uma frente de esquerda centrada nos desafios normativos fundamentais como educação e saúde públicas, numa perspectiva político-econômica de estabilização doméstica e inserção internacional. Creio que o Senador Cristovam Buarque e o Professor Roberto Mangabeira Unger já escreveram bastante nessa linha de estratégia programática para atender os interesses nacionais deste grande País, cujo potencial de recursos naturais e humanos tem sido desperdiçado por falta de planejamento racional e pelo predomínio da mediocridade e incompetência de muitos governantes e parlamentares, aliada à corrupção de malfeitos de setores públicos e privados. Eu continuo acreditando que as políticas econômicas e sociais só poderiam funcionar com as devidas reformas institucionais e estruturais, como tem insistido o Prof. Bresser-Pereira –algo que os parlamentares vêm empurrando com a barriga desde sempre. A corrupção e a impunidade endêmicas em nosso país são correlatas à falta de vontade política e mediocridade dos três Poderes em nível federal, estadual e municipal, com poucas exceções. Se a Operação Lava Jato foi, de fato, a melhor coisa que aconteceu nesse nefasto ano de crise político-econômica — e eu acredito que foi!–, o Brasil tem de ser passado a limpo em todos os setores e ainda tem muita gente grande para ser investigada e punida a fim de assegurar a legitimidade e a eficiência de nosso Estado democrático de Direito. A Presidente Dilma Rousseff deveria manter o seu compromisso com a ética da gestão pública e aproveitar esse momento de crise político-econômica para apoiar as investigações em curso e realizar uma “faxina institucional” antes de passar o bastão –que não será, decerto, para um pseudo-messias (Lula) ou oportunistas de plantão (Temer, Aécio, Renan e consortes)
Raso e cheio de meias verdades e distorções de fatos e conceitos. Vindo do perfil de Cristovam, que talvez busque uma forma de justificar sua ambição extremada, que o levou da esquerda ao PPS, aliado de plantão do liberalismo do PSDB e do conservadorismo do DEM. O professor, autor do texto, mesmo com enorme esforço para não demonstra-lo, destila sentimentos e frustrações pessoais. Comparar o voto de cabresto obtido à força ou em troca de favores pequenos, com soluções que buscam solucionar o problema de desigualdade e a seca do Nordeste, é ser propositalmente cego. Negar a guinada conservadora da classe média, diante dos avanços dos menos favorecidos, é se recusar a ver o óbvio: elegemos o congresso mais conservador desde o golpe militar! Juntar-se aos menos honestos, atribuindo ao partido uma corrupção histórica, negando que os últimos governos não só fomentaram o controle, como não interviram em investigações (que sequer eram permitidas) ou decisões jurídicas questionáveis contra membros do seu partido, é questionável até sob o aspecto da lucidez. Finalmente, fingir-se de cego ante as obras do governo ocultadas pela mídia, beira a inocência. Na minha modesta opinião.
Não tenho dúvidas do conhecimento e capacidade de análise do professor. Ambos muito superiores aos meus. Ao contrário, creio que há, no texto, um indisfarçável posicionamento político e corporativista, posto que Cristovam também é professor, salvo engano, da mesma instituição. Assim, me resta aguardar que eu esteja enganado e ele certo, como forma de preservar o conceito que de mim, sempre gozou.
Brilhante texto, esclarecedor do nosso momento político-economico sem as paixões políticas que costumam dificultar o entendimento dos assuntos abordados. Abri-se um novo campo das idéias em que aqueles que não se contentam com meros comentários imediatistas e inconsequentes, ( como disse o Humberto Ecco, em recente artigo, a “INTERNET É UM PROBLEMA NAS MÃOS DA VULGARIDADE”). Obrigado e que venham outros !!!
Esse discurso de desalento quanto os Rumos do maior partido de massas do país, me deixa com uma dúvida? Será que o PT em toda sua existência, pode se resumir na ala paulista do partido? ou em sua ala majoritária? Eu que sou nordestino, mesmo vivendo muitos anos pelas bandas do Sudeste não me lembro de nenhum petista baiano classificando a supremacia carlista na Bahia nos anos 90, como resultado do atraso de consciência do povo. Da mesma forma, que acho balela dizer que o Nordeste agora fechou com PT. Dos 50 milhões de votos que a Dilma teve em 2014, 26 milhões foram computados em estados do Sul e Sudeste. Há muitas questões a serem discutidas neste texto, muitas afirmações que não se sustentam. Mais uma coisa o autor esqueceu de frisar, Quem mais fez oposição ao PT logo nos primeiros anos de governo,foi o próprio PT. Gianazzi, Luciana Genro, Heloísa helena, Chico alencar, O grande Plínio.
O Partido do trabalhadores em todas suas instancias, sempre foi maior do que sua ala majoritária. não eleitoralmente, mas na essência e nos princípios.
Vida longa ao Partido!!!
Pelo bem da democracia!!!
Belo texto mas discordo em alguns pontos. Qual o partido totalmente ideológico alavanca forças para chegar ao poder e fazer diferença, sem ceder aos caprichos do mercado? Como fazer milagres com o atual legislativo?
A recente quebradeira nas bolsas chinesas reitera que as causas da atual recessão TAMBÉM é reflexo do conturbado cenário internacional.
Quem poderia realmente fazer mudança nas últimas eleições?
Elimar, parabéns pela lucidez do texto. Sem arrogância, tranquilo e abordando os vários ângulos da política. Como Cristóvão Buarque, espero uma avaliação de um petista que ainda acredita na utopia, não dos que fazem política como religião ou torcida de clube.
O PT hoje é sinônimo de corrupção e de atraso.Pertence à essa esquerda
latino-americana que não leu a História. Não compreende que o socialismo
hoje é um sonho distante, irrealizável, impossível.
Parabéns, professor.
Irretocável o texto escrito pelo professor Elimar. Atrevo-me até a dizer que, seja esta, uma das mais lúcidas reflexões acerca da hecatombe político/econômica vivenciada pelo nosso país. Ao que parece, o partido da situação “perdeu-se em seu próprio sonho de grandeza”, acreditando que haviam enfim “reinventado a roda”. Mas a dura verdade irrompeu: “todos os homens são iguais mas uns são mais iguais que os outros.” Mais uma vez, excelente texto.
Comungo da sua concepção e aplaudo a clareza e a imparcialidade de sua Carta Professor! Como ex-petista, hj apartidário, perdi a fé na situação e na oposição, não vejo a curto prazo uma saída para o nosso país, mas acredito que deve-se começar pelo impeachment. Pois no desgoverno de hoje não existem propostas ou projetos para que isso aconteça. Parabéns.
Excelente
Não temho muitos argumentos políticos, econômicos e inteligentes, por isso li todo o o debate para aprender mais, realmente o debate educado permite isso.
Entendi q o PT se comporta de forma autoritaria, que se desviou das expectativas de seus eleitores e que cometeu muitos erros para além de toda sabotagem da oposição/midia.
Mas não entendi qual é a sua conclusão professor…
Não consigo enxergar vantagem em trocar pela direita que pensa/age completamente diferente daquilo q eu acredito. Achava o caminho era continuar com a esquerda que defende aquilo q eu penso como correto e criticando seus erros para que concretize aquilo q prega. As mudanças demoram a acontecer, e acho impossível o PT nao ter tido nada a ver com certos avanços nos últimos anos.
Falo em esquerda e direita pq como disse não tenho tanto conhecimento técnico, mas tenho um profundo sentimento de q o que acontece de injusto com a maioria da população faz parte da minha vida e vi essa diferença de percepção como a definição de esquerda e direita no vídeo de um filósofo.
E quando os direitos das pessoas são desrespeitados pra manter o privilégio da elite, aí eu me transformo em “nós e eles”.
Agora eu pergunto: qual a conclusão desse texto? “O PT tem q se reestruturar para as mudanças estruturais acontecerem?” “Outro partido no époder é melhor para o país agora? Qual deles?”
Obrigada
Gostei !Toda a situação atual está escrita de maneira muito clara. Acrescento que não vejo avanços nos governos do PT, o mundo mudou, o capitalismo avançou e permitiu novas práticas que o sr. Lula erroneamente vê como avanços de sua política desastrada, da Senhora Dilma não vou nem falar.Torço para que o PT consiga se tornar um partido sério, quem sabe, não é mesmo ? Gostava de Brizola, sentia talvez o mesmo que alguns petistas hoje sentem pelo PT, mas era diferente, brigávamos e tínhamos posição, tínhamos honestidade, quando se falava em corrupção, Deus me livre dela ! Era uma palavra para ser riscado do dicionário.Tinha a educação e a saúde, que visivelmente estavam sendo trabalhadas.( 500 Cieps. Quando o Collor aceitou fazer outros tantos pelo país afora, Brizola se aliou a ele a favor da educação, claro – sonhar não custa nada ) Tinha o tal “populismo” do Brizola de não entrar nos morros, de respeitar a população mais carente do mesmo jeito do pessoal da zona sul. Enfim, vivi um pouco, e queria continuar vivendo e sonhando por um Brasil possível. Obrigado pelo texto.
Muito bom o texto do Professor Elimar! Não sou, e nunca fui, petista, no sentido de que nunca fiz parte do PT. Sempre fui de esquerda e sempre serei. Reconheço que o PT foi uma decepção para nós da esquerda, em muitos aspectos, desde 2002. Mas, vejo também que, infelizmente, estamos em uma situação terrível em termos político-partidários no Brasil. Não há hoje outra opção além de PT e PSDB/DEM. Os demais partidos são satélites de um ou do outro grupo. Desse modo, considerando o histórico de obsessão de implantação do neoliberalismo econômico, característica mais marcante do grupo capitaneado por PSDB/DEM, e o temor justificável de que, voltando ao poder, eles terminem de eliminar os direitos sociais (trabalhistas, previdenciários, de servidores públicos, etc…) e terminem de privatizar fraudulentamente o Estado (Petrobrás, CEF, BB, etc…), sem falar no provável abandono de qualquer política de garantia de renda mínima, não vejo hoje alternativa à luta ferrenha contra o impeachment da Dilma e contra a iminente ascensão desse grupo liderado por PSDB/DEM ao poder. Sem contar o fato de que eles controlam a maior parte dos meios de comunicação de massa e as instituições estatais de investigação e julgamento, o que lhes garante a blindagem que possuem, não sendo quase nunca punidos ou mesmo investigados pela imensa corrupção que praticam e sempre praticaram, desde os anos 90. Portanto, infelizmente, a luta atual é essa e fica a minha torcida para que a esquerda se reorganize e se una para criar para nós eleitores uma alternativa viável em termos político-partidários, além do PDT agora com Ciro Gomes, que merece aplausos pela sua luta contra o ideário neoliberal do PSDB/DEM, mas que nunca foi de esquerda.
Postaria algum comentário mas nem tenho como pois faço do comentário do Hercilio Maciel e Jose Orlando Abreu o meu, nem sou petista só vejo a realidade do que foi e do que é a nossa atualidade.
Não concordo com o Prof. quando ele diz que o PT tornou-se um partido como os demais. Tornou-se sim um partido muito pior que os demais. Também não concordo com esta defesa socialista. Se um dia houver direitos iguais e distribuição de renda não será através de subsídio do Estado para alavancar a economia ou pelas concessões de bolsas aos menos favorecidos. Ao Brasil só existe um caminho: o da educação de primeiro mundo como na Coréia do Sul. Mas uso, nenhum governante ou o artigo deseja, não é mesmo??!!
Prof Elimar,
sou um jovem (27) filiado ao PT em Pernambuco. Gostaria, de maneira fraterna, de apresentar algumas críticas ao seu artigo.
Desculpo-me antecipadamente pela “lonjura” do texto, como dizemos aqui em PE.
Dividirei meus comentários em tópicos e ao final farei considerações mais gerais.
Problema Nordeste/PFL/PT:
Não se pode, num salto, comparar a relação dos mais pobres com o PT, sobretudo no Nordeste, com aquela mantida antes com os velhos caciques regionais abrigados no PFL. Há uma diferença quantitativa: o crescimento da renda e acesso a direitos básicos (como a alimentação) foi forte, rápido e de largo alcance na “era PT”, fruto de um poderosa rede de proteção social associada à politica de aumento real do salário mínimo, cujo impacto no NE foi mais poderoso. Há uma diferença qualitativa: passou-se de mera relação clientelística de reforço da indulgencia para uma relação despersonalizada (livre da figura do coronel) que abriu uma perspectiva real, para essas pessoas, de superação, em curto prazo, da subcidadania. Se um petista afirma que essa população, antes mantida “sob rédeas” agora pode tornar-se, por seu poderio eleitoral, figura central para a continuidade de um projeto que mudou sua relação com o Estado e sua própria pobreza, ele não está caindo em contradição com a crítica que o PT fazia em 80 e com o projeto de mudanças que ostentava.
Imprensa:
Você reduz a atuação da mídia apenas ao seu caráter mercadológico/publicitário: “imprensa mostra escândalo porque isso vende”. Esse caráter é real, mas não abarca a totalidade do problema. A mídia empresarial não é um player neutro no jogo político do país. O que há hoje, como vejo, é a disputa entre dois desenhos para o capitalismo brasileiro, uma luta sobre qual sentido estratégico deve tomar o Estado brasileiro na organização do capitalismo por aqui. PT e PSDB representam, grosseiramente, no limite, a saída pelo estado social, por uma dinâmica desconcertadora, pela heterodoxia na economia, em resumo, pelo bem estar numa perspectiva nacional e popular de um lado (o do PT), e do outro lado, por certa modernização via ortodoxia liberalizante, com uma dinâmica de desconcentração menos acelerada (quando não estagnada). Sempre que esses dois projetos colidiram no país a mídia empresarial escolheu um lado, e todos sabemos qual (54? 64?). Os governos do PT, embora sejam mais moderados do que supõe parte da militância petista, encarnam algum risco de sucesso de um projeto politico-economico-social distinto do defendido por setores com os quais a mídia guarda relações, financeiras e ideológicas, viscerais. Que há em curso, por exemplo, uma guerra pelo desgaste da imagem de Lula é algo bastante cristalino. A cobertura da mídia é claramente desequilibrada.
Esse é o debate.
Slogan “nós e eles”:
Ser democrático não significa transformar o país em uma grande irmandade, esvaziando o caráter ideológico fundamental de divergências irreconciliáveis. A paz da democracia não é a paz do cemitério; ela guarda espaço para o conflito, para a discordância de fundo, para o embate. Um democrata moderno (e de esquerda) não elimina as diferenças de fundo, de classe (nós e eles), mas se compromete a enquadrá-las numa disputa civilizada, que não deve jamais ultrapassar a linha que divide o embate político da violência (de qualquer forma), ou desagregação do país. Os arroubos de antinacionalidade, defesa da ditadura e os ataques contra Lula, contra Dilma (esses com requintes de machismo evidente) e contra outros petistas (como Chico) são violentos e não civilizados. Esse é o ponto. Politizemos a discussão.
Erros na economia:
Não é justo fazer dos dois últimos anos do governo Dilma o espelho dos 12 anos do PT na economia. Se é pra recortar, que tal fazermos o recorte 2007-2010? Seria igualmente injusto. Tomada em conjunto, a década do PT fortaleceu a economia brasileira. No plano fiscal, houve piora nos últimos dois anos, mas no geral administrou-se bem a divida liquida (e a bruta – o aumento desta no ultimo ano se deveu não à nova matriz, mas à politica de juros que engorda os credores da divida, contra a qual a mídia nada fala – neutra?). A inflação permaneceu uma década sob controle e deverá voltar para perto do campo da meta já ano que vem. Os juros permaneceram bem abaixo do que eram antes e o desemprego na década conheceu seus menores índices historicos. As reservas internacionais tiveram enorme aumento. Enfim, 12 anos depois a economia do Brasil é mais forte e o próprio país, como nação, tem mais inserção internacional. É inegável.
Mais que isso: o PT legou ao país o maior processo de ascensão social de sua historia, e talvez o maior do ocidente neste novo século. As classes E e D recuaram, abrindo espaço para uma “gorda” classe C, cujo acesso a renda, consumo e educação aumentaram e cuja participação no debate público se fortaleceu. Isso foi um ganhou inestimável para o país como democracia e como civilização. Foi um ganho também para a economia, que conheceu novo dinamismo ao alargar seu mercado interno. Uma geração inteira de filhos de trabalhadores passou a ter acesso às universidades e ao ensino técnico. Uma geração inteira de crianças estará livre da subnutrição (é bom lembrar os números da miséria em 2000). Isso não nos diz nada sobre o futuro? Não diz nada sobre cumprimento de promessas do PT no passado?
Só por esse processo que descrevi acima, não conseguido apenas pelo PT e seus governos,claro, mas com a inegável participação protagonista desses, o partido, Lula e Dilma deveriam ser tratados com mais respeito e consideração do que comumente o são; ao menos pelos que alcançam a dimensão histórica desse feito.
Por fim, concordo que a esquerda deve exercitar a tolerância e reavaliar sua relação com alguns elementos do liberalismo, sobretudo o politico. No entanto, não acho que ela deve torna-lo central em sua agenda, sob argumento de “modernização do discurso”. Essa esquerda “soft” não me parece um caminho legal. Tbm não deve dialogar com um liberalismo já questionado e alvo de atualizações na Europa, como, por exemplo, certas propostas de Marina nas eleições (alias, falar em “campanha imunda do PT”, argumento por alguns complementado com a vitimização da “pobre Marina”, cá pra nós, não dá).
Sobre Marina e alternativas, alias… O que ela faz? Capta, com méritos, o novo modo (ainda em gestação) de se organizar e se expressar politicamente, absolutamente ainda incompreendido por PT e PSDB, e o coloca como suposto conteúdo novo para uma alternativa, diante da “falência da polarização”. Nem é verdade que a polarização se esgotou (pois ainda reflete a disputa em torno de temas estratégicos na construção do país), nem é verdade que captar esse “novo espirito” difuso dá conteúdo a uma agenda alternativa. O que Marina faz é adotar a posição da segunda agenda em disputa, que classifiquei lá na discussão sobre a mídia, oferecendo a ela nova forma, nova linguagem.
É só pegar a discussão que ela fez sobre economia nas eleições. Seu programa estava muito mais próximo da perspectiva econômica ortodoxa, inclusive com traços radicais (como a independência do BC) que para uma alternativa à esquerda, desconcentradora, popular.
Esse tipo de releitura não me interessa. O discurso sobre “fim da polarização” e terceira via para unir o país, nesses moldes, como vejo, é equivocado.
O PT precisa exercitar mais a autocritica. É preciso reconhecer que a piora dos dois últimos anos se deve, além da crise la fora, que é real, principalmente a erros de Dilma (especialmente a aposta nas desonerações). O partido errou, sim, no campo ético e se acovardou, sim, na politica, nas mudanças estruturais que podia ter promovido no sistema politico do país. O PT precisa, sim, fazer o esforço que Marina vem tentando fazer, de compreender as novas linguagens que se expressam na politica. O PT precisa renovar sua agenda e seu discurso. Isso é verdade.
Mas pq insistir no PT? Pq ele segue sendo, com suas limitações, a única alternativa dos que defendem a agenda da desconcentração e avanço do processo civilizatório do Brasil. Aos descontentes de esquerda, apresentem uma alternativa ao projeto que, de fato, melhorou a vida dos mais pobres no país (que não seja da sustentabilidade via BC independente ou coisas do gênero).
Qual a agenda?
Abraços.
Contestaria quase tudo aqui, Pedro Henrique, mas me detenho em um único ponto: nós e eles.
O problema é que quando se tem uma Marilena Chauí no “nós”, com todo o espectro positivo que o partido oferece à ela, o “eles” nunca poderá permear a membrana de aceitação do dialogo. Governar é para o todo, seja quem for.
E o Poder cega , a ambição alucina , o desejo perturba e as mãos ficam imundas . Assim sindicalistas chegam ao poder falando verdades , escondendo vaidades , fingindo ser amigo pensando no próprio umbigo , diferente jamais há de SER pois esse mal sabe LER como terá algo melhor a oferecer si , se corrompe pelo PODER a família Há de prosperar os demais talvez até um certo lugar , Mais EU , há EU EU , Eu sou mas Eu ate que terra me chame Eu Eu …morreu
Bela carta do professor. Pena que será apenas para os que têm compreensão do processo histórico da política brasileira recente. O PT teve a oportunidade de mudar a processo político brasileiro. Não o fez por conveniência. Porque gostou da forma clientelista feita pelos partido burgueses. Aliás, aperfeiçoou o clientelismo. Agora, é tarde. Vai assistir a classe média votar na socialdemocracia. Professor Abraão Lima.
O que li até agora, nada mais é do que baboseiras de intelectuais, procurando mostrar cultura histórica e usando palavreado rebuscado, sem todavia reconhecer a real situação em que se encontra nosso país! Não temos mais rodovias, e sim colchas de retalhos eivadas de buracos, em sua maior parte. Pessoas morrendo em corredores de hospitais,mulheres parindo na rua, ora por falta de leitos, outras vezes por falta de médicos ou remédios! O ensino focado em números (falsos na maior parte) e com péssima qualidade, formando um sem número de analfabetos funcionais e os empurrando para dentro das universidades através de cotas, ENEM e outras políticas. A segurança não existe, deixando a população refém das quadrilhas do tráfico de drogas e armas. A economia despencando, empresas quebrando ou abandonando o país, resultando em galopante aumento do desemprego. E o governo de, absurdos, 39 ministérios inoperantes, só aumentando combustíveis, energia, e criando novos impostos para procurar tapar os rombos, criados pela má gestão e corrupção, de seus membros, ao invés de cortar gastos em sua péssima máquina, realiza cortes nas, já combalidas, segurança, saúde e ensino!
A maioria dos que criticam a carta ao meu amigo petista – e tenho muitos – chamam a atenção para dois fatos: os méritos do PT no governo, que não os citei na carta, e a inexistência de outra alternativa. Pedro Henrique, com muita elegância insiste claramente nestes dois aspectos, como Ana em relação ao Segundo.
Nenhum governo é feito só de erros ou só de acertos. Como nem tudo que ocorre sob um governo é responsabilidade exclusiva sua. Um balanço dos dois governos Lula, e de Dilma, ainda resta a ser feito. Precisamos de um certo recuo no tempo para ter uma dimensão mais consistente das consequências das decisões e não decisões. No entanto, há o risco que os erros venham a suplantar os acertos e as conquistas se dissolvam como um castelo de areia. O caminho adotado até agora aponta neste sentido.
O fato é que perdemos uma excelente oportunidade de produzir mudanças substantivas no País e arriscamos a perder o que foi conquistado. O PT perdeu fôlego e charme. Já não atrai os jovens nem a classe média escolarizada, e perde espaço entre os trabalhadores formais e informais.
Não acredito que estamos divididos entre de um lado os capitalistas e de outro os trabalhadores. O governo tem apoio e recusa de uns e de outros. Esta é uma forma fácil e falsa de pensar. Há muitos empresários que defenderam e defenderão o PT, assim como muitos trabalhadores defendem e defenderão outras alternativas politicas. Afinal, ambos ganharam com os governos petistas, e os primeiros mais que os segundos.
Por outro lado, não existe apenas uma esquerda e uma direita. Não há só caminho para combater a pobreza, a desigualdade e a injustiça. Temos um leque de opções politicas e ideológicas.
Qual alternativa se o PT não tem mais a força? Para alguns – que respeito – o caminho é o da persistência com renovação. Outros, persistir, sem mudança, porque o caminho está certo e o País não está em crise. E outros, como eu, sem abandonar seus ideais de democracia e justiça, criar uma outra alternativa. Apenas quis dizer isso: o bom compromisso não é com um partido (o instrumento), mas com os ideais (a causa).
Considero esse texto feito pelo prof. Elimar bastante esclarecedor , sobre o PT ou o período petista, mostra de forma didática o cerne de uma “Ideologia”,na qual pessoas da minha geração apostou,militou,lutou, votou,acreditou,muitas vezes indo de encontro a lógica, mas com esperança de uma mudança verdadeira no país .
Lutamos contra a ditadura ,sonhando com uma sociedade mais justa e por que não uma democracia verdadeira e até mesmo pura, mas infelizmente mera ilusão.
O sonho de um país melhor , mais justo desaparece, cedendo lugar à decepção e até mesmo à desilusão.
Obrigada prof Elimar pelos esclarecimentos.
Um 2016 mais esperançoso para o Brasil, pois a população brasileira merece.
Um professor que fala em ditadura militar quando tivemos regime militar, paro por ai.
Caro professor Elimar o PT morreu,não se ganha eleição comprando voto mas sim com uma plataforma de governo que vise o desenvolvimento do país,toda sua cúpula presa não tem mais lideres,parabéns por suas colocacões,meu partido era o Libertador,abraços
O PT, tem hoje como seu maior e mais importante aliado, Renan Calheiros, é melhor optar por ser extinto do que passar por essa vergonha admitindo seu rebaixamento moral no seu mais alto grau e pedir desculpas pra TODOS os brasileiros.
Impossível que o professor Elimar não enxergue que a mídia tradicional é antipetista e acoberte os maus feitos dos tucanos. Impossível que ele acredite que a popularidade do Lula chegou a 80% graças à imprensa. Impossível que não perceba que Globo, Veja, Estadão e Folha funcionem como partidos políticos. Não queria ser aluno desse professor.
Continuar o debate é preciso… Tentemos…
Prof. Elimar, texto bastante enriquecedor que cumpre com o seu papel de educador: informar, e gerar debates e reflexões. Continuo seu fã. Forte abraço!
Prof. Elimar,
Sua carta dá o tom de como deve ser o debate político no Brasil. Fui fundador do PT no Rio pois sempre lutei pela justiça no nosso país, o fim das desigualdades e as transformações que necessitamos para irmos ao encontro da nossa missão de nação mestiça, humana e ecológica.
Gostaria apenas de fazer menção a sua frase “E não aceitam viver em uma República. São monarquistas enrustidos”. Concordo com Darcy Ribeiro que a elite brasileira é uma força ideologicamente colonizada mas não acredito que a monarquia tenha sido dominada por este pequeno grupo de ricos que amam mais seus interesses do que os do Brasil. Quando busquei na nossa história as raizes do que somos, encontrei no reinado de Pedro II vários elementos de modernidade que colocaram o Império do Brasil como uma das nações mais progressistas do nosso continente. Não sou monarquista mas acho que a República, como ela veio no Brasil pelas mãos dos militares em um golpe fraco e sem consistência política e social, não trouxe nenhuma contribuição ao engrandecimento desta pátria. Logo de cara, tivemos muita corrupção com o encilhamento, censura à imprensa (liberdade de imprensa era um pilar do Império) e porrada nos movimentos sociais como em Canudos. Derrubaram o Imperador depois de 50 anos em que o Brasil ganhou sua unidade e se libertou da escravidão, governado por uma pessoa que com poderes extraordinários ( o poder moderador) soube se conduzir com respeito à lei e ao dinheiro público, promovendo ferrovias, telégrafo, telefone, o pioneiro reflorestamento da Tijuca, o fortalecimento da educação, das artes e da cultura no século XIX. O historiador José Murilo de Carvalho no seu livro “D. Pedro II” traça um perfil muito realista do período 1840-1889 sem ser partidário do monarquismo, óbviamente. O que eu encontrei em Pedro II foi o poder do amor ao Brasil que se contrasta claramente com o amor ao poder praticado nos dias de hoje. O exemplo do Imperador, apagado propositalmente pela República, deveria ser trazido à tona para as novas gerações conhecerem que já houve políticos íntegros e honestos no Brasil. Desculpe-me se perdi o foco do debate mas tentei contribuir com a minha vivência de brasileiro que ama este país e tem procurado ao longo da vida exercer este amor pelo país e pelos brasileiros. De resto, professor, acredito que o PT se perdeu e queimou o filme da esquerda no país. Talvez este fato abra novas perspectivas que não simplesmente uma retomada da direita. O futuro dirá.
Paulo Coutinho, muito bem lembrado em seu comentário, os méritos de D.Pedro II. Gostei disso. Pouca gente sabe desses detalhes tão dignos.
Excelente texto, professor!!!
Tenho grandes e queridos amigos, que não recebem qualquer tipo de favor do governo e que, assim como eu fui um dia, continuam sendo petistas convictos. E tentar compreender isso tem sido um desafio.
É perfeitamente compreensível que uma família que tem parte significativa do seu orçamento ancorada no bolsa família, com todas as carências que tal situação resume, seja sensível ao terrorismo disseminado pela campanha de Dilma, no sentido de que somente ela representava a garantia daquele benefício. Não menos compreensível é a situação do militante que hoje ocupa um cargo comissionado e recebe um salário que jamais conseguiria se tivesse que tenta-lo na iniciativa privada ou mesmo pela via de um concurso público.
Contudo, é difícil entender porque existe ainda um amplo segmento da sociedade, composto por pessoas honestas, esclarecidas e pessoalmente desinteressadas, que permanece intransigente na defesa do PT e de seus governos. Às vezes eu penso que essa constatação deveria me tranquilizar um pouco, pois indicaria que a situação não deve estar tão ruim assim, que existem coisas boas sendo feitas e que eu é que não estou percebendo. Quem sabe?
Mas existe um argumento que, independente do uso que vá se fazer dele, precisa ser reconhecido e, por assim dizer, tratado com um mínimo de cerimônia. É o famoso:
“Tirar o PT e colocar quem?”
Convenhamos. Não existe ainda para essa pergunta, no cenário e no horizonte político brasileiro, uma resposta minimamente capaz de balançar a convicção de quem defende o Partido dos Trabalhadores.
A verdade é que, se para nós parece óbvio apontar os graves defeitos dos governos petistas, o argumento acima mencionado, com igual simplicidade, cumpre a mesma finalidade da criança da fábula que grita que “o rei está nu” e evidencia o que todos estão vendo, mas não querem admitir.
Talvez seja fácil resumir a crise ao PT, mas o fato é que a crise é de toda a esquerda. Nossas bandeiras mais modernas são da década de 60 do século passado. Nossa doutrina de Estado é ainda mais antiga. Representamos hoje, tanto na via campesina, quanto na sindical, a estagnação, o atraso e o retrocesso. Se continuamos defendendo uma presença forte do Estado na sociedade, não temos a menor noção de como dotar o aparato estatal de um mínimo de eficiência e eficácia na sua atuação. Estamos longe de encontrar um caminho que consiga mitigar o corporativismo e fazer o serviço público enxergar a sociedade e se enxergar como servo dela. Ideologicamente, paramos na dita Era dos Direitos quando precisávamos evoluir para a Era das Responsabilidades.
Acho que estamos precisando mesmo é fazer algo similar ao que o Papa Francisco fez em seu sermão de Natal. Precisamos elencar as doenças da esquerda brasileira e, quem sabe, a partir daí começar a trabalhar os fundamentos de uma esquerda renovada, que, se preciso, queira recomeçar do zero… das cinzas e dos erros… só não temos é como, nem porque, continuar.
Parabéns à Revista Será e ao Prof. Elimar. Conseguiram produzir um debate rico, consistente que foge ao maniqueismo estereotipado que domina o cenário político dos últimos tempos no Brasil. Provocou intervenções serenas, ricas de conteúdo e sem exasperações e, muito menos, a linguagem chula e grosseira que domina as redes sociais que logo nos obrigará a retirar as criança da sala na hora de ligá-las. Somente agora li todos os comentários e pude constatar neste último de autoria de Angelo Saraiva Donga, sintetizado nos seus dois últimos períodos, uma extraordinária lucidez que pode não ser a solução mas, seguramente, traz um diagnóstico preciso sobre a genetriz desta grande questão que degrada o conflito existente. Não precisamos repensar ou refazer partidos. Precisamos recriar, sim, conceitos e arrebentar dogmas de uma esquerda que não percebeu a transformação do mundo e promover a superação de axiomas dispensáveis de comprovação. O sindicalismo precisa ser rediscutido e não vinga mais a concepção da ditadura do proletariado, uma vez que transformou-se em profissão e numa elite com visão meramente patrimonialista destinada ao aparelhamento do Estado. Dois exemplos marcantes evidenciam, de forma lamentável e de origens insuspeita: a transformação do sindicalismo americano e a estrutura dita proletária soviética. O terceiro exemplo vem de Cuba que conheci na fase da sua maior dificuldade, resistindo heroicamente ao bloqueio americano graças ao avanço da saúde, educação e da satisfação das mínimas necessidades, mas falhando de forma lamentável na criação de um mastodôntico Estado, condenado à pobreza infinita, incapaz de sustentar-se economicamente e vendendo mão de obra médica como forma de geração de renda. Acompanhei todas crises nacionais, desde 1945, e entendo que através deste modesto debate restou demonstrado que as soluções sempre existirão – mas nunca tendo como autores e fiadores os donos da verdade absoluta e, muito menos, pelo messianismo.
Discussão muito proficua, catalisada pelo bom artigo do prof. Elimar. Alguns dos comentários até mais consistentes e aprofundados que o proprio artigo. Quase todos em caráter analítico, descritivo e alguns se aventuraram a serem propositivos. Ratos discutindo colocar guisos no gato predador, causa da insegurança e infelicidade geral, como na fábula conhecida. Dizia minha vó: toda explicação simples é falsa. Explicação complexa é inutilizavel. O Brasil é complexo por n razões. Povo ainda pobre mas a sétima ou oitava economia do mundo. Este é o dilema principal. Não precisamos ser a primeira, nem sequer a sexta economia. Precisamos é atingir um IDH do primeiro mundo. Só isso. Precisamos mais de administração competente, responsável, pragmatica, que de política para chegar lá. A economia é o carro chefe de todas as mudanças sociais que pretendemos. Foi ela que nos libertou de Portugal, da monarquia, da escravidão, e determinou os rumos de nação que nos tornamos. FHC promoveu mais mudanças por ter capitaneado o plano real que por ter escrito sociologia e praticado a politica partidária. Lula surfou nas ondas boas da economia mundial, em especial a chinesa, e a continuidade da politica economica herdada do governo FHC. Menos ideologias, mais capitalismo com controle social, menos estado, mais ação e liberdade para as forças sociais, mais pluralismos, nos levarão PAULATINAMENTE aos padrões sociais das melhores nações desse mundo. PT, PSDB e demais partidos tem belos programas, que não são coerentes com a ação de seus seguidores, que se guiam por seus proprios interesses imediatos e de vantagens egoistas. No programa do PT busca-se ainda o paraiso do proletariado. Na ação dos petistas buscou-se o “reinado dos companheiros”. Deu no que deu. Bonus capitalizados para alguns e onus socializados para os demais. Felizmente o Brasil é maior que todos seus governos e desgovernos e tem tudo para chegar a bom destino. O problema é que temos pressa. O risco dos apressados é comer cru!
Caro Elimar
Gostei muito de seu texto que me fez lembrar de minha juventude, de minhas adesões à causa da democratização plena em nossa sociedade e, também, porque me reconheci nele, nas questões que você vocalizou tão bem. Sou uma pessoa alegre, mas me entristeço com tudo que leio a respeito do PT e de seus governos. Parabéns pela coragem de enfrentar à crítica. Sugestão: de cada questão levantada, você tem um link para novos artigos, sabe disso, né? Feliz 2016.
Decidi responder a boa provocação de Cândido Pereira: debater é preciso. E abordo um ponto apenas, muito delicado e sobre o qual não tenho certezas muito assentadas.
A imprensa tem um caráter de classe? Sim. Mas ela não é só isso, como não é apenas comercial. É mais complexa suas relações com a sociedade. Nela reside uma polissemia, como é da natureza da sociedade atual. E esta é a riqueza da sociedade moderna, democrática e baseada em uma economia de mercado: veicula opiniões distintas. Produz desigualdades, não há dúvida, mas também mecanismos que nos permitem enfrentar e reduzir estas mesmas desigualdades. Sei que a imprensa dominante tem suas preferências, mas em quase todas elas há opiniões distintas. Temos um Merval Pereira e um Jânio de Freitas, ambos presentes em grandes jornais. Temos semanários favoráveis aos interesses dos grandes empresários, mas também contrários ou críticos. Ou seja, podemos acessar opiniões distintas e formar nossas opiniões. Mas, o que não podemos é atribuir coisas a imprensa que ela não pode fazer. Ela pode selecionar coisas da Operação Lava jato, mas não pode inventar, dizer coisas que não existem, pois quando o faz perde credibilidade, leitores e publicidade. A TV Globo ignorou no início de 1985 a companha pelas eleições diretas já. Os telespectadores começaram a mudar de canal, e ela decidiu dar publicidade a campanha. Percebeu que alguns que mudavam de canal, não voltavam, afinal TV é também costume, hábito. A imprensa pode ampliar um fato, mas não inventá-lo do nada. Ela hoje bate mais no PT porque este perdeu o prestígio na sociedade, mas também porque vem cometendo erros atrás de erros. É o principal responsável pela situação de recessão econômica que vivemos. E ninguém, ou quase ninguém, está satisfeito com ela.
Não sou especialista no assunto, mas acho que erramos quando julgamos que a imprensa é neutra. Mas também erramos quando imaginamos que os fatos que ela veicula são inexistentes. Ou quando imaginamos que ela é o partido do capital. Já tive esta visão, mas depois de ler, estudar e publicara a respeito cheguei a conclusão que a questão é mais complexa.
Finalizo dizendo que Sergio Buarque também topou o desafio de continuar o debate e publicou um interessante artigo no novo número de Será?
Professor Eliomar! Com todo respeito por suas reflexões, vejo no seu texto uma tentativa de justificar seu rancor antiPT disfarçado de isento. Daqueles que não querem admitir os avanços, a despeito dos erros! Assim como com o Senador Cristovam, do qual fui eleitora, me decepciono com a falta de coerência na trajetória intelectual e política de pessoas que mudam de opinião de acordo com interesses e vaidades pessoais! Pensei que fosse de esquerda, mas não é. Há erros sim, no Governo do PT, mas para acabar com a corrupção é necessário deixar investigar e prender. Para que alcançemos a justiça social são necessários esforços de toda a sociedade e ações afirmativas, e o PT pôs em prática, mesmo com toda a resistência dos interesses econômicos naconais e internacionais e de uma sociedade preconceituosa.
Parabéns Professor Eliomar! Simplesmente oportuno seu texto, sugeri reflexões sobre a conjuntura política e econômica atuais.
Lucidez cristalina, este texto pode se mostrar como um veneno para alguns céticos, mas um veneno sem antidoto – contra fatos não há argumentos, e os fatos estão aí; Parabéns ao Prof. Elimar Nascimento, como sempre será, há infinitos pontos na escala. Acreditar que estamos entre a cruz e a espada é o caminho errado. Momentaneamente, temos a espada da um lado e a cruz do outro, mas temos aqueles que pensam como o Senhor, exite vida além dos extremos.
Caro Prof. Elimar Nascimento, o petê foi um sucesso ao unir políticos, sindicalistas e servidores públicos mais ambiciosos do que inteligentes com empresários e tomadores de decisão mais inteligentes do que escrupulosos. Assim, o PT no governo enterrou bilhões e não fez a transposição do São Francisco e nem a Transnordestina que não estava em nenhum plano diretor ferroviário; enterrou a Varig e está a enterrar a Petrobrás para agradar os financiadores paulistas; abraçou oponentes para não ter que dividir plataforma com Roberto Freire e outros que tinham a mesma plataforma; matou os economistas do Lula candidato para dar vida e a chave do cofre para Palocci-Meireles-Delfim Netto; construiu o porto em Cuba não para aumentar a parceria com o país campeão de educação, mas para aumentar a parceria com a Odebrecht. E agora José, por onde recomeçar?
Parabéns, excelente artigo e com muita clareza nos remete à nossa forte e cruel realidade.
Alguém sitou beneficamente a transposição do São Francisco, refinaria Abreu e Lima, Hemobras, infeliz referência à obras atoladas na corrupção do PT.
Com certo atraso me permito responder aos apelos do professor Elimar Nascimento que, com certeza, ao fazer uma carta aos amigos petistas, deles esperava uma resposta. Não me incluo neste circulo de amizades do professor, não tenho essa proximidade, mas com ele compartilhei experiências de governo, e assim, conhecendo-o quando ele estava no poder, pude o conhecer melhor também. Afinal, se queremos conhecer alguém é só dar a este alguém um pouco de poder. No poder, poucos, muitos poucos, não são arrogantes e prepotentes, só para lembrar, de início, um dos aspectos abordados pelo professor. Mas, não é disto que queremos tratar, queremos apenas debater algumas ideias do artigo do professor Elimar Nascimento e acrescentar alguns comentários de natureza áspera, muito áspera, que com certeza serão tachados de debate “mal educado”. Pode até ser, mas prefiro ser aquele não convidado que ao falar, estraga a festa de gente educada que quer comer o bife, sem saber do sangue que teve que escorrer.
Do artigo do professor, gostaria de selecionar algumas passagens:
1. Quando o Nordeste, nos anos 1980, estava nas mãos do antigo PFL, era porque os nordestinos eram atrasados, diziam os petistas, em particular sua vertente hegemônica, no caso, os paulistas. Quando o Nordeste na primeira década deste século fechou com Lula, transformou-se na vanguarda.
2. Quando os votos mais pobres, denominados de descamisados, elegeram Collor era porque eram ignorantes. Agora que votam em Lula, são clarividentes.
Bem professor, esta sua lição não me parece muito coerente com o processo histórico mais recente do Brasil. Chega a ser algo eivado de muito simplismo. É a-histórico.
Nos anos 80 o Brasil não estava só nas mãos de PFL. Estava nas mãos da ditadura, já combalida, mas ditadura, com sua exclusão, perseguição politica, profundo analfabetismo, fome e miséria em larga escala, principalmente no Nordeste. Não sei se o professor estava no Brasil nos anos 70/80. Eu estava e lutei muito pela democracia, cheguei a ser preso, enquadrado na famigerada Lei de Segurança Nacional e ainda, de quebra, fui expulso da Universidade de Brasília, pelo então Capitão-reitor José Carlos de Almeida Azevedo, no semestre de minha formatura. Escrevi um pequeno livro sobre esta história, e ele pode ser adquirido no Sebinho de Livros, na 406 Norte. Lutei muito também, para eleger deputados do MDB (único partido legal de oposição à ditadura, que abrigava ainda os chamados deputados autênticos, que muito contribuíram também para o fim da ditadura). Isso, ainda na década de 1970, mais precisamente no ano de 1978, quando presencie fatos estarrecedores da compra aberta de votos, em dinheiro vivo, nas portas das secções eleitorais, sem que houvesse qualquer Sergio Moro ou Barbosas da vida para coibir estes fatos. Grande parte dos eleitores do Nordeste caminhava para as urnas, como quem caminhava para o golpe de misericórdia, pois, por muito pouco, votavam contra si mesmos. A maioria dos nordestinos não eram apenas atrasados (no sentido da falta de formação e conhecimento), eram pisados, humilhados, famélicos e excluídos. Era desta situação que o PFL retirava seus votos, como sempre fizeram os coronéis da República Velha e depois, daquela que se disse “nova”. O coronelismo professor, e me espanta ter que chamar sua atenção para este fato, foi o produto histórico da exclusão social secular do nordestino, com suas raízes no latifúndio e na apropriação patrimonialista do Estado. Não é assim professor? Não foi assim que o professor ensinou gerações e gerações de estudantes na UnB? Portanto, o seu simplismo é estarrecedor! Só pode ter um viés ideológico. Muito me admira que o professor desconheça essa realidade e tente igualar tempos históricos muito distintos. O viés, infelizmente anti-petista, mesmo não declarado, é o que se deixa transparecer em seu tão elogiado artigo.
O PT só veio a ter fortes votações no nordeste (principalmente fora das capitais) a partir do segundo governo Lula, quando o nordestino, já sob uma democracia politica bem mais ampla, percebeu claramente que as politicas sociais não eram esmolas, como gosta de dizer a direita e espero que o professor não faça coro com mais este simplismo. Só a titulo de exemplo: as mais de 100 mil Margaridas que marcham em Brasília, todos os anos, professor, não são fruto de manipulação politica, nem de sindicalismos igualmente simplistas aludidos de sua parte, utilizando Lenin, de forma equivocada. São mulheres lutadoras que hoje dão importante contribuição no sucesso da agricultura familiar, que contribui de forma decisiva para colocar o alimento mais barato de toda história do Brasil (com toda alardeada inflação), na mesa dos brasileiros. Hoje é plenamente reconhecido o papel decisivo da agricultura familiar no Brasil. O nordeste congrega o maior contingente dos agricultores familiares do Brasil e que ainda praticam uma agricultura com fortes traços de subsistência.
É daí, professor, e de um amplo conjunto de politicas sociais e desenvolvimentistas do Governo do PT, que este partido retira, no Nordeste, legitimamente os seus votos.
Quanta diferença, heim! Professor. No nordeste de ontem, do PFL, professor, o voto vinha da exclusão, da violência, da ditadura. No Nordeste de hoje, do PT, o voto vem da inclusão do nordestino na cidadania, vem da esperança concreta de dias cada vez melhores para milhões de brasileiros.
Vejamos outra grande perola do nosso professor:
3. Quando a classe média estava com o PT, nos anos de 1980 a 2010, era o segmento intelectual e avançado do País. Agora que deu as costas para o PT viraram elite conservadora e racista.
É igualmente estarrecedor o seu simplismo professor. Só houve, de fato, um momento em que a classe média foi decisiva para a vitória do PT. Foi quando a política neoliberal demonstrou todo o seu fracasso, no segundo mandato do FHC. O salvacionismo da direita não tinha mais qualquer credibilidade, pois a “experiência Collor”, ainda recente, já havia fracassado. Só restava o “Agora é Lula” e nada mais. Por isso o Lula foi eleito pela classe média do sul e do centro-oeste, pois no norte e nordeste, o PFL ainda dominava, com o “dinheiro na mão e o chicote na outra” (como gostava de dizer o “grande líder pflista nordestino” ACM – Antônio Carlos Magalhães, de triste memória), com a violência que sempre lhe foi peculiar. Nas demais eleições o voto do povo, dos trabalhadores e do norte e nordeste de maneira mais ampla é que passaram a ser decisivos, pois estes segmentos passaram a ver no PT uma das poucas possibilidades históricas de ascensão, como de fato todas as estatísticas, mundialmente aceitas, demonstram.
O segmento intelectual da classe media que existe praticamente em todos os países do mundo é muito reduzido estatisticamente nas eleições. O professor também sabe disso. Elege parlamentares intelectualizados como o Cristovam e mesmo o Suplicy. Nada mais. Jamais elegeria um presidente, que precisa de vários milhões de votos. O professor também sabe disso e também é muito estranho que se valha deste tipo de argumento.
Outro ponto de grande destaque do nosso professor:
4. A imprensa que nós temos é a mesma da fase áurea do Lula, quando sua popularidade chegava aos 80%, e ninguém reclamava. Agora a mídia virou instrumento da elite reacionário e dos agentes do imperialismo. Reclamam que a imprensa não diz o que Dilma está fazendo de bom. Mas imprensa nunca deu notícia do avião que chegou bem, apenas o avião que caiu. Porque as pessoas se interessam é por este e não por aquele.
Perdoe-me professor, mas este “argumento” não pode prosperar. Em que lugar do mundo a grande imprensa vai bater em um presidente com mais de 80% de aprovação? A grande imprensa não é idiota, de jeito nenhum. Quem falava para as paredes nesta época era a oposição, que por isso não tinha eco na imprensa. Você sabe professor que a imprensa nunca “torceu” pelo Lula. Engolia o “sapo barbudo” porque não tinha como bater. No período eleitoral, da primeira vitória do Lula, ainda com FHC no governo, a imprensa buscava atribuir as quedas de todos os indicadores econômicos (do fracassado governo FHC) a uma possível vitória do Lula. Fazia o terrorismo de que com Lula o país iria à bancarrota. Chegaram a noticiar que petistas estavam medindo as calçadas de prédios em São Paulo, que seriam desapropriados para serem entregues à “plebe ignara”. É só pesquisar a imprensa deste período. A torcida para que o governo desse errado no primeiro ano foi grande. É só consultar os “artigos” do Globo, Estadão, etc. Quando o governo mostrou seu vigor, foi tachado de “estelionatário eleitoral”, mas a aprovação do povo cresceu e o oportunismo da grande imprensa se fez presente, mais pelo silencio, que pela aprovação.
A grande imprensa professor, num país como o Brasil, infelizmente ainda com muitas limitações quanto à capacidade critica da população é mero folhetim da espetacularização dos fatos e dos factoides criados, sempre no afã de somar aliados aos seus grandes e inescrupulosos negócios. Infelizmente o que vemos hoje é uma perfeita articulação desta grande imprensa com os vazadores de informações judiciais sigilosas e de modo seletivo, mancomunada com o provinciano e partidário “juiz” Sergio Moro e alguns policiais da PF e outros ditos procuradores do MP. São poucos, são muito poucas pessoas a fazerem um grande estrago ao país, pois a crise econômica, que todos pagamos, vem sendo estimulada e precipitada pelo descredito que estes veículos e estes agentes fazem contra o país.
Pois é professor, estes seus argumentos não convencem. Seria necessário acreditar em Papai Noel. O seu anti-petismo é claro. Mas, a sua conclusão é brilhante, em suas palavras:
Em resumo, a análise de quem está conosco é bom e quem está contra é ruim é pobre e não permite compreender o que se passa. Ajuda aos que querem se convencer que estão certos e os outros errados, são argumentos, no mau sentido, ideológico porque aludem à realidade, iludindo-a.
Foi exatamente isso que o professor fez.
Não quero aqui me filiar à ideia de que no PT não existam problemas. Existem sim, e graves problemas. Onde eles não existem neste mundo? Só que às vezes é oportuno dar destaque (e haja destaque, quando não calunias e inverdades, propaladas em grandes sons e imagens) às vezes não. Depende de que? De quem esta no governo. Se quem esta no governo agrada a quem de fato tem o poder (econômico e de mídia) tudo bem. Se não, é porrada prá todo lado, perdoe-me a expressão e a franqueza que ela transmite. A ascensão das classes “D” e “E” para a classe “C” foi o fermento do ódio da elite e sua grande imprensa. É isso que vemos hoje no país. No momento em que a crise econômica mundial não pode mais ser debelada no Brasil e também devido a erros (que já estão sendo corrigidos) na política econômica, pronto, acabou o silencia da mídia. Com 4 derrotas eleitorais consecutivas o ódio de classe e da esquerda achou o terreno por onde andar.
O PT, professor, esta inserido em um mundo em que tem corruptos até no Vaticano, e como tem! Lá, os mais notórios próceres costumam virar santos! Nem por isso vejo falarem de impeachment do Papa. Nos EUA, o país responsável pelo consumo de 30% de toda a cocaína do mundo (ver dados da OMS) nunca se houve falar em nenhuma grande apreensão da droga ou de seus traficantes. Sabe por quê? Porque eles estão sentados nos luxuosos escritórios da V Avenida, onde as finanças se misturam ao tráfico de armas, de gente e de drogas, na mais bela e elogiada “democracia” do mundo. São negócios de trilhões de dólares, que não estão nas mãos de traficantesinhos latino-americanos, africanos ou asiáticos. Pablo Escobar foi morto e o Cartel de Cali mudou de endereço.
Sabe por que defendo o PT? Porque em muitos aspectos, todos os governos são iguais. Não há muita saída. Os limites da governabilidade estão dados em um quadro que é mundial. O professor também sabe disso. Em todos os governos, em todo o mundo, há corrupção. Falar dela é uma questão de oportunidade ou de oportunismo, como já remarquei. A corrupção não é inerente ao ser humano, como já foi propalado por muitos ideólogos do capitalismo. A corrupção é inerente a este sistema, produto histórico passageiro da humanidade. A corrupção também se instalou em países do chamado socialismo real, porque a experiência socialista faliu, com a vitória americana, em parte significativa da Europa, no pós-guerra. O EUA só entrou na segunda guerra mundial, no famoso “desembarque da Normandia” por temer uma vitória esmagadora do Exercito Vermelho, que após conquistar Berlim (onde os americanos literalmente caíram de paraquedas), marcharia por toda a Europa, se transformando em grande poder popular mundial, que ameaçaria os EUA. Não foi em nome de nenhuma democracia, foi em nome do poder americano, e nada mais. A grande covardia das bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki, no Japão, até hoje são propalados como atos heroicos e libertários. Grande hipocrisia, que custou a vida de milhões de inocentes. Também no Oriente, não poderiam ser os comunistas a vencerem. Nada melhor que uma grande bomba. E eles não excitaram.
A corrupção existiu, existe e existirá enquanto a ideologia individualista da fortuna ilimitada for a grande aspiração. Aspiração reservada a muitos poucos, mas almejada por uma legião de cidadãos iludidos ideologicamente, por uma possibilidade inexistente, a que se somam os sonhos das loterias e outras mazelas, que assim legitimam toda a corrupção, seja estatal, seja privada. A corrupção é estrutural em nossa sociedade, em todo o mundo. É hipocrisia pura querer dizer que depois de varrido o PT do poder, acabaremos com a corrupção. No máximo mudaremos os corruptos. Dificilmente diminuirá. Poderá até mesmo aumentar, pois não haverá mais motivo para combatê-la, uma vez que o motivo real não é acabar com a corrupção, mas acabar com o PT. No entanto, é preciso combater a corrupção e colocar corruptos na cadeia. Mas, seletivamente, não. Mas, é só isso o que vemos. Gostaria de viver no dia em que uma sociedade possa ser planejada e regulada, onde as grandes fortunas sejam simplesmente ilegais. Aí sim, poderemos a começar a falar em fim da corrupção. Tudo mais é balela. Não precisa ser socialismo. Só precisamos regular e regulamentar o tal do senhor mercado, particularmente o financeiro. Só que falar nisso, é heresia. Ninguém fala. E se fala, nada se faz, em todo o mundo.
Pergunto-me muito onde estão os ditos partidos socialistas de hoje em dia no Brasil, assim como de outros moralistas como a tal de Rede. Rede de que? Que teia esta rede esta tecendo? A teia do apoio ao Aécio no segundo turno e do abraço ao governador de um dos Estados campeão histórico do desmatamento, como fez a Marina no segundo turno, ao abraçar o Sr. Jatene, governador do Pará? Onde estão estes partidos? O que fazem na defesa de uma ordem social menos desigual? Nada. Porque no entendimento destes “socialistas” e “redistas” o que dá voto mesmo é acusar o PT. Ledo engano, pois o tiro poderá sair pela culatra.
A Dilma em seu pior momento sustentou 30% de apoio, entre excelente, bom e regular. Mas a mídia manipula e acrescenta o regular, ao ruim e péssimo, apresentando assim baixos níveis de aprovação. Grosseira manipulação. FHC foi enxotado do poder com menos de 4%. Por isso é balela também dizer que o PT acabou. O PT esta vivo e viverá ainda por muito tempo, para o desespero desta gente que torce pela crise, pelo quanto pior melhor e pela destruição do país no afã do poder a qualquer custo.
A volta da direita ao poder será a volta da desmontagem do Estado. O senador Álvaro Dias já proclamou que o PSDB, se voltar ao poder, vai diminuir em 50% a maquina estatal. Só não tem coragem de dizer que isso será feito com a demissão em massa de funcionários públicos concursados e capacitados, nos governos do PT, que acabou com entrada no serviço público pela janela do QI (“Quem Indica”, como se dizia antigamente). A desmontagem do Estado num país como o Brasil é a desmontagem dos serviços públicos, ainda que carentes de qualidade, mas já universalizados. É a desmontagem das politicas sociais, responsáveis pela inclusão de cerca de 40 milhões de brasileiros, que passaram à cidadania. O “projeto” do Senador José Serra e de total entrega da Petrobrás ao capital internacional, por isso tanto se esmeram em destruí-la. Afinal, de quanto e de quem será mesmo o grande prêmio da delação premiada?
Mas, tem gente que acredita que coisas como Marina Silva poderão salvar o Brasil. Primeiro, é preciso dizer que o Brasil não precisa de nenhuma salvação. Temos uma crise, mas não temos bancos quebrados ou quebrando, nem teremos, como tivemos e temos nas crises Europeias, que ostentam grandes taxas de desemprego, diferente do Brasil, onde o desemprego é bem menor. Segundo, sem o PT, qualquer governo vai cair nas mãos da direita neoliberal, com seu programa de desmonte do Estado, do fim das politicas sociais e da entrega da Petrobrás, do Banco do Brasil e da Caixa Econômica. Seja PSB, seja PSOL, seja Rede, seja evangélico, seja o diabo. Todos, sem o PT, cairão nos braços da direita. Talvez seja isso mesmo que eles queiram. E aí é puro cinismo. O objetivo é só acabar com o PT. Custe o que custar. Custe até mesmo o presente e o futuro do país.
Por isso, professor Elimar, não posso ceder aos seus apelos e ainda me dou o direito de duvidar (Penso logo duvido. Não é assim, na sua revista?) de seus reais propósitos. Perdoe-me, mas exercitando a dúvida, quando se trata de política, os santos não tem espaço.
Assim nada melhor do que os fatos. Desta forma, gostaria de lembrar que compartilhamos responsabilidades no Governo do PT do então professor Cristovam Buarque no Distrito Federal (1995-1998), que entre outros rótulos foi conhecido como a “República da UnB”, pois o professor e outros professores ocupavam altos cargos de confiança. Até natural e compreensível, já que Cristovam era egresso da UnB, tendo sido seu primeiro reitor eleito pelo voto direto, quando o PT dominava praticamente toda a UnB. Nesta época até, de ascensão do PT, o professor, me parece, era até petista. Orgulho-me de ter ajudado, ainda na década de 1970, a erguer este caminho, no DF. Cheguei a ser Secretario de Meio Ambiente neste governo, do que muito me orgulho, mesmo sem ter sido da “república”. Nossa gestão na Secretaria foi das poucas que deram um resultado politico positivo, em todo o governo, com a vitória do ex-secretário de meio ambiente a deputado distrital, pelo PT. Atualmente não sou filiado ao PT, me desfilei ao fim do Governo Cristovam, por grandes decepções. Mas, agora voltei a defender o PT, por perceber o grande perigo que corre a democracia e as necessárias politicas sociais no Brasil.
Lembro-me ainda que o professor foi indicado pelo então governador Cristovam Buarque para me persuadir a retirar um processo da justiça contra o então CDS – Centro de Desenvolvimento Sustentável da UnB, do qual fui sumariamente excluído do processo de seleção para mestrado, a que havia me candidatado, com uma mera inscrição, sem qualquer formalidade. Lembra professor? Pois é, tal processo foi originado porque naquela época, os concursos para mestrado e doutorado eram verdadeiras confrarias (é lamentável dizer, mas era isso mesmo), pois não havia edital de convocação, não havia qualquer regulamentação do processo de concurso e as chamadas “bancas de seleção” é que de fato decidiam quem teria o direito de ingressar em uma instituição mantida por recursos públicos, que a principio é direito de qualquer cidadão, portador dos requisitos acadêmicos, como o de possuir graduação, como eu possuía.
O juiz concedeu-me uma imediata liminar determinando a minha participação nas etapas do concurso (pois eu havia sido eliminado, preliminarmente, sem qualquer avaliação), tal a gravidade dos procedimentos de “escolha” dos candidatos. Para assegurar a minha participação na prova de inglês foi necessário a presença de um Oficial de Justiça e por pouco um dos professores da “banca” não foi preso, por desacato à decisão judicial. Lembra professor?
Bem, o CDS foi criado, entre outros, pelo professor Cristovam Buarque e também pelo professor Elimar Nascimento, autor de tão propalado artigo, que me debrucei a comentar.
O professor deve se lembrar que teve pleno êxito em sua missão, pois eu acabei por declinar do processo judicial, solicitando ainda, de oficio, o meu desligamento do concurso. Não seria eu o promotor de um escândalo, pois o curso corria o risco de ser até mesmo extinto, dado o grau de irregularidades detectadas em meu processo e plenamente aceitas pelo juiz. Não seria eu a tripudiar sobre um governo que não teve a competência de se reeleger, quando o professor Elimar era conselheiro politico de primeiro escalão. Meu papel, inclusive politico, eu cumpri. Elegemos um deputado distrital. Sobre a assessoria do professor Elimar, o Cristovam perdeu a reeleição, reconduzindo o Sr Roriz, de triste memória, ao governo do Distrito Federal. Todos sabem. Não foi professor?
Fui absurdamente injustiçado e perseguido, e só posso atribuir o fato a mais um professor da “república” do CDS, professor Marcel Bursztyn, que preterido de ter sido Secretário de Meio Ambiente, montou uma sórdida vingança contra minha pessoa. Foi isso, não foi professor?
O fato é que depois do meu processo, em todo o Brasil, todos os concursos para mestrado e doutorado passaram a ter editais e processos legais de seleção, que não tinham. As confrarias tiveram que, pelo menos, obedecerem a lei. Orgulho-me muito desta vitória, embora tenha desistido, definitivamente, de fazer mestrado.
Porque falar disso agora? Bem professor, quando falamos de fatos em que a ética é algo de grande destaque, devemos olhar a história real das pessoas e o que elas de fato praticaram em suas vidas.
Fato real, também nunca investigado é o fato de que o CDS fazia ainda da UnB, uma “grife” de fachada, para burlar processos de licitação na contratação de profissionais em consultorias pelo Brasil afora. Isso talvez explique o fato de professores da UnB, serem portadores de grandes patrimônios, como casas no Lago Sul. Patrimônio absolutamente incompatível com o salário de professor.
O professor Elimar Nascimento, por exemplo, deu consultoria para o Consorcio Belo Monte, em Altamira, Estado do Pará. Isso, muito antes do inicio das obras da Hidrelétrica de mesmo nome, ainda nos anos 2000, sob o governo FHC, sob o manto da grife UnB/CDS, sem qualquer licitação, recebendo dinheiro público, além daquele que já recebia como professor.
Muitos outros, entre eles o professor Bursztyn, também prestou serviços para o Ministério do Meio Ambiente, sem licitação, igualmente sob o manto da mesma grife. Fez um “documento técnico” de Revisão de Meio Termo do Subprograma de Politica de Recursos Naturais, reconhecidamente de baixa qualidade, amplamente criticado, que ainda assim foi pago. Tudo sob o governo FHC, sendo ministro do Meio Ambiente o Sr. Sarney Filho.
Quanto ao professor Cristovam Buarque, que tanto questiona a ética alheia, pois no fundo é disto que trata o artigo em tela, não posso deixar de me referir aos “mecanismos” da estabilidade politica, da base aliada de seu governo no Distrito Federal.
Na estabilidade politica do governo Cristovam Buarque, sob assessoria politica direta do professor Elimar, desenvolvia papel preponderante o Sr. Waldomiro Diniz, assessor parlamentar do governador. Numa Assembleia Legislativa com 21 deputados, o partido do governo – o PT, só dispunha de 6 deputados distritais. A base aliada do governo Cristovam foi alicerçada por estes 3 personagens: o próprio Cristovam, o professor Elimar e o Waldomiro Diniz. Este último fez escola de construção de base aliada no governo do professor Cristovam Buarque e depois foi tentar dar aulas no Palácio do Planalto, quando foi surpreendido em negócios escusos com o Sr. Carlos Cachoeira, com desdobramentos na compra de base aliada. A astúcia dos estadistas do triunvirato distrital andava em torno destes limites.
Desnecessário nos referirmos a toda sorte de processos movidos contra FHC, todos engavetados, pelo conhecido Engavetador Geral da Republica Sr. Geraldo Brindeiro. Desnecessário falar, que na maioria dos municípios deste país as Câmaras Municipais estão plenas de vereadores que só apoiam prefeitos sob benesses, de toda sorte. Desnecessário lembrar as palavras do empresário Ricardo Senmler, que denunciou as mazelas da Petrobrás no governo FHC e que relatou trilhões de reais desviados neste período. Desnecessário lembrar que foi a oposição que elegeu o Cunha, que dispensa comentários, sendo hoje ele o líder real da oposição, com cujo coro de impeachment, todos os irresponsáveis para com o país ou o apoiam abertamente ou fazem de conta que não apoiam, mas torcem para acontecer.
São assim os governos, professor. São assim as instituições em nosso país e pelo mundo afora. Foram, são e serão, enquanto estivermos sob uma sociedade, que tem como pressuposto uma fabulosa acumulação de capital, paralela a uma profunda desigualdade social.
Tarefa difícil é ser e se manter na esquerda, professor. Sempre foi. Tarefa difícil é defender o PT, professor, principalmente, quando as mazelas do capitalismo, conseguem nos acuar. E esta não é a primeira vez na história, nem será a ultima. Estamos preparados. É dai que floresce o oportunismo, que ora ataca pela direita, quando pede a extinção do PT, ou pela “esquerda” quando demoniza o PT. Vivemos hoje no Brasil, num mar de oportunismos, de direita e de “esquerda”. Mas, nós da esquerda histórica, que não nos envergonhamos de dizer que somos de esquerda, que nos orgulhamos de nosso passado de lutas, que lutamos e conquistamos a democracia no Brasil, nunca enfrentamos nada fácil. Enfrentamos e vencemos o nazi-fascismo, fomos os primeiros no mundo a lutar contra o racismo e pelo direito das mulheres, dos negros, dos indígenas, dos homossexuais, pelos direitos humanos de uma maneira geral. Fomos pioneiros e impomos importantes derrotas às lites brancas mundiais. Sempre foi assim. Em todo o mundo. Seguiremos nossa luta. E pode ficar tranquilo, professor, pois seremos, de novo, vencedores, pois as forças vivas da nação, os trabalhadores e o povo, com forte apelo, sim, no nordeste, estão alerta e não permitirão o grande retrocesso que seria o retorno da direita ao poder.
Por isso fico com o PT, sem ser ter aí muitos amigos, sem ter qualquer cargo no governo. Não se trata de amizade, professor, e muito menos de cargos. Pelo contrário, o PT por ter que se aliar com toda a sorte de canalhas, da tal base aliada (perdoe-me mais uma vez, a falta de educação), caiu numa armadilha. Afinal, a tal maioria necessária no Congresso não é uma confraria de mestres e doutores. É o espaço da cretinice parlamentar, como bem remarcou Vladimir Ilitch Uilianov – Lênin, cujas ideias foram desfiguradas no dito brilhante artigo do professor. Mas o PT tem uma grade diferença: o PT respeita o povo e trabalha incessantemente, no governo, para retirar o povo brasileiro de sua histórica exclusão, da fome e da miséria, o que os herdeiros da corrupta e assassina ditadura tentam impedir, agora com outros novos aliados. Estas, sim, são as maiores vergonhas de nosso país: a fome, a miséria e a exclusão. Mais vergonhoso ainda é que ainda existem aqueles que querem perpetua-las.
Por isso duvido (penso, logo duvido), duvido muito, destas controvérsias todas contra o PT. São muitos, talvez incontáveis os personagens que hoje atiram no PT, mas cuja história não confere a menor autoridade moral para tal.
Viva o PT!
Viva Dilma!
Viva Lula!
Viva o Povo Brasileiro!
Ótimo texto. Felizes seriamos se nossos debates, a exemplo deste conteúdo, fossem repletos de argumentos embasados sem distúrbios e falácias sem pé nem cabeça. A falta de dialogo promovida pelo PT nos afunda até hoje, essa mesma falta é cometida pelo povo, que enquanto isso ficam olhando o tempo escapar por entre os dedos.
Ótimo texto. Concordo com seus argumentos!