Eli S. Martins*

Personagem do filme V de Vingança.

Personagem do filme V de Vingança.

“A situação está tão ruim que daqui a pouco estaremos cantando: Para a Presidência, Tiririca, pois pior não fica”. 

Filósofo de rua

A BOLA BATEU NA TRAVE

Na quarta o impeachment estava desenhado com o voto do ministro Fachin. Na quinta, ele sumiu, pois o STF zerou o processo, obrigou o voto aberto e, ainda por cima, deu todos os poderes a Renan. A Câmara dos Deputados virou despachante. Apenas leva a encomenda e o Senado diz se recebe ou não.

CAIU

Alguém tinha que cair este ano. Como não caiu Dilma nem Cunha, caiu o WhatsApp. Logo ele? Disse o meu neto. Meu vizinho confeiteiro, menos afeito a TI perguntou: “E ele estava envolvido de alguma forma no Lava Jato?”. Já minha vizinha enfermeira foi logo concluindo: “Culpa da Dilma ou do Cunha”. Mas demorou, que ninguém aguenta hoje viver sem ele.

BYE, BYE

Engano geral. Não foi só o WhatsApp que caiu este ano. Com ele vai o ministro Levy, que ontem se despediu do cargo, a seu modo. Na reunião do Conselho Monetário, sem que ninguém esperasse, sem perder a fleuma, ele despediu-se dizendo que no próximo ano não estaria ali. A tia procura outra vítima. Os jornais falam de Barbosa, ministro do Planejamento. Retorno da nova matriz econômica que nos levou ao buraco?

QUEM MADRUGA DEUS AJUDA

Prevenido no dia anterior, às 6 da manhã de terça Cunha já estava na porta da casa esperando o japonês bonzinho.

ENQUANTO ISSO…

No conselho de ética quase a metade não tem ética. O placar para abrir o processo de cassação contra Cunha foi de 11 a 9. A mudança de um voto já dava empate.

NAS REDES

Temos três pragas no Brasil que precisam ser eliminadas: a dengue Temer, o zika Rousseff e a febre Chikuncunha. Como? Vai ser preciso a mobilização do povo, dizem os especialistas em saúde pública.

DECISAO ATROZ

Dilma viveu com esta decisão o ano inteiro mas no final decidiu: seu ministro da Fazenda de fato, aquele que decide, é o ministro do Planejamento. Levy virou bibelô da mesa de cebeceira da presidente. Segundo Isabela, minha faxineira, só não sai do governo se for frouxo.

DAS DUAS, UMA

Ou pesquisa é coisa tola e inconsistente ou tem muita gente idiota neste país, pois 2% julgam – apesar da inflação, recessão e desemprego – o atual mandato da Presidente melhor do que o anterior, e 15% acham igual, conforme pesquisa do Ibope contratada pela CNI. O governo é um desastre, mas, mesmo assim, 9% julgam o governo ótimo ou bom e 20% regular. A presidente mente dia sim, dia não, contudo, ainda há 18% que dizem nela confiar. Finalmente,  14% – puro masoquistas  – aprovam seu governo.

PEDIDO DE NATAL

URGENTE, Papai Noel, nos dê um presente: leva a jato Cunha e Dilma! Para alguns, Temer também. Assim, o presente seria completo.

TÁBUA DE SALVAÇÃO.

“Enquanto Cunha estiver na Presidência da Câmara dos Deputados, Dilma tem a Presidência da República garantida”, diz Elizardo, meu analista político preferido. E não é porque ele vai lutar contra ela não. Isso tem pouca importância. Mas é porque ninguém quer substituir Dilma pela dupla Temer-Cunha. E parece que ele tem razão, vide as recentes manifestações de rua.

RISCO DE QUEDA

Não é do grau de investimento do Brasil. Esta queda já está contratada e chega dentro de dois meses, no máximo. É a queda do presidente do Banco Central, insistindo em elevar a taxa de juros, já no ponto estratosférico de 14,25%, para conter a inflação que ameaça chegar no próximo ano a 7%.  Mas, sobretudo, do Ministro da Fazenda, que insiste em ter um orçamento com superávit de 0,7%. Impossível, dizem os que conhecem bem a nossa situação econômica atual – se é que existem estes personagens.

BRAVATA POUCA É BESTEIRA

Os amigos do ministro Joaquim Levy já o preveniram: ninguém aguenta mais as ameaças de deixar o governo. Os adversários lembram que a situação é tão critica e a inoperância tão patente, que poucos vão se importar. Os inimigos estão apenas rindo. E contando os dias.

MUDANÇA DE NOME

Em Brasília, depois da reportagem publicada pelo jornal Valor, a qual mostrou a opinião dos técnicos da Fazenda em documento de 2013 dizendo, com todas as letras, que a política econômica adotada, denominada de nova matriz econômica, estava vazando, ameaçando as contas públicas, a queda do prestígio internacional do País e uma crise fiscal sem precedentes, escondendo a real situação das finanças públicas, o povo está mudando o nome do secretario do Tesouro de então, Arno Augustin. Estão trocando o r pelo s.

ASPECTO INUSITADO

A carta de Temer à Presidente tem como cabeçalho o seguinte: “A Sua Excelência a Senhora Doutora Dilma Rousseff”. O título acadêmico é pura ironia – à mulher sabe tudo?

O PAU PELA CULATRA

Eita país atravessado! A exterminadora de índios (estão todos assimilados, já não precisam de reservas) e defensora da morte lenta dos brancos (com o agrotóxico – vide o filme do Silvio Tendler, O veneno está na mesa) tornou-se a líder feminista da hora. Respondeu com força, ou com vinho na cara, à insinuação tola e machista do senador José Serra.

PARA OS CRÉDULOS

Depois da carta chorosa, mas impactante, de Temer, a Presidente o recebeu protocolarmente no Palácio do Planalto. Prometeram manter uma boa relação institucional, de respeito mútuo. Só a velhinha de Taubaté, se viva estiver, acreditou. No dia seguinte, o ministro Berzoini conversava com o pessoal do Picciani para introduzir deputados no PMDB e devolvê-lo à liderança do governo. Com isso, a Presidente voltaria a ter um aliado à frente do PMDB da Câmara. Ainda no dia seguinte, Temer se reuniu com o presidente do TCU para ver os riscos que sofre com o fato de ter assinado decretos de crédito suplementar sem a devida autorização do Legislativo. Coisa que o fez. E divulgou na mídia que aqueles documentos eram apenas formalidades a que o vice está sujeito na ausência da Presidente, sem nenhuma reponsabilidade, na medida em que dele não foi a decisão de liberação do crédito. Ou seja, cada um defendendo seus interesses contra o outro: uma, minando a base parlamentar de Temer, ou outro, se precavendo para assumir e não sofrer impeachment.

DIFERENÇA

Temer foi recebido no Palácio do Planalto para uma conversa protocolar de 50 minutos, se tanto, com a Presidente. O outro, aquele que o acusa de ser o “capitão do golpe”, líder dos corruptos, foi recebido para jantar no Palácio da Alvorada. Pela mesma, como o anúncio dos elevadores! Para quem não entende de política, isso significa manter as boas relações institucionais.

  • Observador anônimo da política nacional