O Acordo de Paris sobre mudanças climáticas assinado na semana passada foi comemorado como um marco na história da humanidade, pela amplitude e relevância de participantes, pelo reconhecimento da gravidade do problema, da necessidade urgente de reação e da responsabilidade comum da humanidade. Histórico, principalmente, pela determinação global de chegar a 2100 com zero de emissões líquidas de gases de efeito estufa. Entretanto, além da criação de um fundo para financiamento de projetos de redução das emissões de gases de efeitos estufa (que não define quais países devem alocar quanto de recursos), o acordo limitou-se a declarações de intenções e propósitos voluntários e isolados de redução de emissões assumidos por alguns países. Declarações avançadas e ousadas, é verdade, mas carentes de instrumentos de execução e de controle que garantam o alcance dos resultados. Como disse o professor James Hansen, talvez com algum exagero, o Acordo de Paris contém apenas promessas sem ações, desejo de chegar a uma emissão zero de carbono sem definição do que e quem deve assumir quais responsabilidades. O acordo é sim um marco na história da humanidade. Porém, sem instrumentos que garantam a realização das promessas, sem metas globais de redução de emissão que obriguem as nações a mudarem seu padrão de vida e consumo, não alcançaremos os objetivos genéricos de contenção do aumento da temperatura do planeta. Talvez por isso a ministra do meio ambiente do Brasil, Izabela Teixeira., tenha dito, ao final do encontro, que o “acordo tem o sotaque brasileiro”: belas promessas, brilhantes planos e formidáveis acordos que não precisam e nem sequer devem ser cumpridos. Melhor não, melhor sem sotaque. O planeta não vai aguentar.
Postagens recentes
-
E a estratégia? A lei é apenas um meio – editorialnov 14, 2025 -
Conquistar, perder e recuperar territóriosnov 14, 2025 -
Impressões da Cop 30nov 14, 2025 -
Os grandes ausentesnov 14, 2025 -
Camões e os Lusíadasnov 14, 2025 -
Uma Perspectiva Psicanalítica da Morte de Proustnov 14, 2025 -
O Verão Chegounov 14, 2025 -
Última Páginanov 14, 2025 -
Assinar Newsletter
Assine nossa Newsletter e receba nossos artigos em seu e-mail.
comentários recentes
- Yara novembro 14, 2025
- SANDRA FARIAS ROSAS RIBEIRO novembro 14, 2025
- TANIA NEUMANN KAUFMAN novembro 14, 2025
- PEDRO SERGIO DE OLIVEIRA CUNHA novembro 14, 2025
- helga hoffmann novembro 10, 2025
A Opinião da Semana bolsonarismo Bolsonaro Brasil Clemente Rosas crônica David Hulak democracia Direitos Humanos Donald Trump Editorial Elimar Pinheiro do Nascimento Eli S. Martins Encômio a SPP Fernando da Mota Lima Fernando Dourado Frederico Toscano freud Geopolítica Helga Hoffmann Ivanildo Sampaio Jose Paulo Cavalcanti José Arlindo Soares José Paulo Cavalcanti Filho João Humberto Martorelli João Rego Literatura Livre pensar Luciano Oliveira Luiz Alfredo Raposo Luiz Otavio Cavalcanti Marco Aurélio Nogueira Maurício Costa Romão memória Paulo Gustavo Política política brasileira psicanálise Relações Internacionais Religião Revista Será? STF Sérgio C. Buarque Teresa Sales Trump
Excelente!