Editorial

A esmagadora vitória da oposição na Venezuela, elegendo 2/3 da Assembleia Nacional, inaugura um novo ciclo na história política do país, depois de 17 anos de hegemonia do populismo de Hugo Chavez, sucedido por Nícolas Maduro na presidência do país. A posse da nova Assembleia Nacional abriu de imediato o movimento pela anistia política na Venezuela, ao qual se associou a Igreja Católica. Em pronunciamento em nome da  Conferência Episcopal Venezuelana que preside, o monsenhor Diego Padrón afirmou que a anistia para os presos políticos e exilados é uma medida necessária para a distensão política e a reconciliação nacional. A Venezuela é o único país da América do Sul que tem presos políticos: 75 opositores, entre os quais Leopoldo López, ex-prefeito de Chacao e um dos líderes destacados da oposição. Além dos presos políticos, a Venezuela tem também centenas de exilados políticos. (O Brasil tem vários políticos presos, mas não presos políticos – pessoas encarceradas pelas suas ideias ou atividades políticas). A Anistia Internacional defendeu que a Assembleia Nacional da Venezuela adote medidas necessárias para garantir a “liberdade imediata e incondicional dos presos de consciência e de qualquer pessoa que enfrente acusações judiciais baseadas em motivações políticas”. É inadmissível que aquele país se apresente ao mundo como uma democracia, quando mantém dezenas de pessoas presas por motivações ou atividades políticas. A violência de que Maduro acusa estes prisioneiros, tem sido praticada, na verdade, pelos chamados colectivos, grupos paramilitares chavistas que, segundo Hugo Chaves são “el brazo armado de la revolución Bolivariana”. A nova correlação de forças políticas na Venezuela, resultado das últimas eleições, pode levar o país a um novo ciclo político e econômico de desenvolvimento e democracia. Mas o primeiro passo deve ser a anistia política.