Na iminência de perda do cargo, a presidente Dilma Rousseff e seus aliados do PT-Partido dos Trabalhadores questionam a legitimidade do vice-presidente Michel Temer para assumir a presidência da República no caso, cada vez mais certo, da aprovação do impeachment no Senado Federal. E por quê? Ele não foi eleito, dizem. E Dilma, completam, foi eleita com 54 milhões de votos. Matemática estranha e análise falsa. Os 54 milhões de votos foram dados à chapa que, é verdade, Dilma encabeçava, mas que teve o apoio e a participação ativa do partido do vice-presidente com enorme capilaridade e influência no eleitorado brasileiro. Dilma elegeu Temer que era apenas um nome na chapa. Mas, quem elegeu Dilma? Ela, Lula e o PT sozinhos? Claro que não. Ela não teria sido eleita sem o apoio do PMDB e sem a consequente presença de Michel Temer na chapa. Se é verdade que Dilma elegeu Temer, é igualmente verdade que Temer elegeu Dilma. Vamas à aritmética: a vantagem de Dilma para Aécio no segundo turno das eleições de 2014 foi de apenas 3,4 milhões de votos. Quanto dos 54 milhões de votos recebidos pela chapa e que permitiram essa pequena diferença para o adversário foram atraídos pelo PMDB e pelo seu vice Michel Temer? Provavelmente bem mais que os míseros 3,4 milhões de vantagens. Para ter uma ideia, basta lembrar que apenas os nove senadores do PMDB eleitos em 2014 somaram 11,5 milhões de votos, mais de 21% do total e quatro vezes os votos necessários para suplantar o adversário. Claro que os candidatos do PMDB se beneficiaram eleitoralmente da aliança mas, com certeza, juntando com os deputados candidatos nos Estados, a contribuição do partido de Michel Temer para a eleição da chapa Dilma-Temer foi significativa. Ou alguém ainda acredita que Dilma teria ganho a eleição sem a participação do PMBD e de Temer na chapa? Questionar a legitmidade de Temer para assumir a presidência agora (porque não teria sido eleito ou, pior, teria sido eleito por Dilma), expressa a arrogância política de Dilma e do PT, que se consideram capazes de prescindir das alianças para ganhar as eleições de 2014. Ou então, o que parece mais grave nas suas consequências, ignoram as regras constitucionais que clara e expressamente transferem ao vice-presidente a prerrogativa de assunção à presidência no caso de vacância do cargo. Como se recusou a assinar Constituição em 1988, o PT deve se sentir desobrigado a aceitar as regras e os dispositivos da Carga Magna.
Postagens recentes
-
O pino da granadafev 21, 2025
-
Os Estados Unidos Humilharam a Europa em Muniquefev 21, 2025
-
-
É isso um acordo de paz?fev 21, 2025
-
Um Fausto americano?fev 21, 2025
-
O Papa Francisco e a Casa Santa Martafev 21, 2025
-
Última Páginafev 21, 2025
-
A volta da ficha sujafev 14, 2025
-
Existe o perigo de um golpe nos EUA?fev 14, 2025
Assinar Newsletter
Assine nossa Newsletter e receba nossos artigos em seu e-mail.
comentários recentes
- Paulo gustavo fevereiro 22, 2025
- Franz J. Brüseke fevereiro 22, 2025
- helga hoffmann fevereiro 22, 2025
- Roberto Luis Troster fevereiro 22, 2025
- CLEMENTE ROSAS fevereiro 21, 2025
Alcides Pires A Opinião da Semana Aécio Gomes de Matos camilo soares Caruaru Causos Paraibanos civilização Clemente Rosas David Hulak democracia Editorial Elimar Nascimento Elimar Pinheiro do Nascimento Eli S. Martins Encômio a SPP Estado Ester Aguiar Fernando da Mota Lima Fernando Dourado Fortunato Russo Neto Frederico Toscano freud Helga Hoffmann Ivanildo Sampaio Jorge Jatobá José Arlindo Soares José Paulo Cavalcanti Filho João Humberto Martorelli João Rego Lacan Livre pensar Luciano Oliveira Luiz Alfredo Raposo Luiz Otavio Cavalcanti Luiz Sérgio Henriques manifestação Marco Aurélio Nogueira Maurício Costa Romão Paulo Gustavo Política psicanálise recife Religião Sérgio C. Buarque Teresa Sales
Acho que faltou tocar num ponto crucial: quantos desses 54 milhões votaram no projeto pt/dilma? quantos no projeto pmdb/temer?
Venho achando o pessoal que escreve nesse site muito parcial.
Caro Roberto
Acho que seria muito esclarecedor para os editores e leitores da Revista Será se você respondesse à sua pergunta, se possível explicando quais eram os projetos diferenciando dos dois e, principalmente, quanto cada um deles atraiu os 54 milhões. Sem o seu esclarecimento, e entendendo que os 54 milhões votaram na chapa Dilma-Temer e não em um ou outro projeto alternativo, até porque o projeto dos dois – PT e PMDB – era o poder, o poder deles, claro, e não dos seus eleitores, tendo a interpretar a sua pergunta de duas formas: ou o PMDB entrou na chapa pensando que tinha um projeto comum com o PT, e foi ludibriado (porque, como você insinua, o projeto PT/Dilma era exclusivo deste partido e diferente, se não oposto, ao do PMDB); ou o PT foi o bobo da historia já que, tendo um projeto capaz de atrair 54 milhões, abriu um espaço para o PMDB assumir a vice-presidência na chapa. Generosidade rara na politica e, pelo que você parece entender, completamente desnecessária considerando que os 54 milhões (ou parte significa dele) teria votado no projeto que lhe era exclusivo. Quase levaria a pensar que o PMDB atrapalhou e se beneficiou da generosidade petista que permitiu eleger vários senadores e deputados pemedebista. Estranha politica e confusa matemática. E o site é muito parcial?
O argumento do PT é falso e FANHO ao mesmo tempo. Esse argumento (de Temer não ter sido votado) não foi evocado quando da queda de Collor e a assunção de Itamar Franco, portanto…
Primeiro, uma pergunta. Por que na “Será?” são permitidos comentários anônimos? As pessoas deveriam aparecer por inteiro, com nome e sobrenome. Segundo, esse argumento de que Temer “não foi eleito” é apenas parte da narrativa do golpe em que o PT quer convencer sua militância de que é vítima: vítima da imprensa, vítima da direita (que teria convencido 70% do país?), vítima da conspiração do capitalismo financeiro internacional, vítima dos deputados que não saberiam o que estavam votando, vítima das agências de risco de crédito, vítima de advogados e juizes que estariam interpretando contra o povo as leis e a Constituição, vítima da economia internacional. E por último, segundo a última queixa de Dona Dilma, vítima do machismo. Para essa gente que pulou de alegre dizendo “não haverá golpe” quando o deputado Waldir Maranhão deu a canetada inventada por José Eduardo Cardozo, para essa gente e para as gentes que acreditam neles, nem adianta mostrar que 54 milhões votaram na chapa, mas uns 88 milhões não votaram na chapa. Pois se não está adiantando nem explicar, com o máximo de detalhe, que houve crime de responsabilidade fiscal! Crime grave, não porque seja detalhe flagrado por juristas, mas crime grave por que é sintoma do caos e da irresponsabilidade com as contas públicas que acabou levando à recessão, à inflação e ao desemprego.