Os ministros do Supremo Tribunal Federal, a mais alta corte de justiça do Brasil, são respeitáveis personalidades brasileiras, pela sua trajetória e competência jurídica e, principalmente, pelo cargo de elevada responsabilidade. Ao contrário dos políticos, ávidos e carentes de visibilidade e com a obrigação de direta relação com a sociedade, os ministros do STF devem se destacar pela discrição, pelo silêncio e pelo recolhimento ao ambiente técnico e racional da instituição, brilhando tanto mais quanto menos aparecem. Embora os avanços das telecomunicações tenham aberto ao público os debates e as votações do pleno do Supremo Tribunal, as análises e argumentos técnicos e carregados de sutilezas juridicas dos seus ministros são inacessíveis ao grande público, carentes de apelo popular e de estímulo emocional. Os magistrados são homens públicos pela sua função mas devem exercer suas responsabilidades protegidos das luzes da ribalta e contendo os impulsos da tagarelice e da vaidade. No entanto, nos últimos anos e mais intensamente no momento em que se debruçam sobre temas de grande evidência política, alguns dos ministros do STF passaram a disputar espaços na mídia buscando popularidade e visibilidade; fascinados com as câmaras de televisão e vaidosos com seu prestígio e poder pela vaidade soltam o verbo de forma indevida para sua função pública. Algumas vezes ultrapassando os limites da decência e do equilíbrio como a espalhafatosa e deselegante declaração do Ministro Gilmar Mendes atacando a lei da Ficha Limpa com palavras grosseiras e adjetivos desrespeitosos. O ministro do STF não tem autoridade ou prerrogativa para avaliar a qualidade de uma Lei exceto no que diz respeito à sua consonância com a Constituição. Como qualquer juiz, o ministro do Supremo Tribunal Federal deve se limitar a interpretar a lei e utiliza-la no julgamento dos processos de sua responsabilidade, nunca opinar sobre a sua qualidade e o seu mérito. No momento em que assume o ministério da mais alta corte de Justiça do Brasil, o magistrado não pode sair por aí soltando o verbo e opinando sobre tudo, falando como políico numa indiscreta aparição pública e na busca fácil de popularidade. A tagarelice é incompatível com esta suprema função de ministro da alta corte de justiça do país.
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Injustiça citar especificamente Gilmar Mendes como tagarela. Eu gostei muito de uma parte da “tagarelice” do Ministro Gilmar Mendes, quando ele critica a elite do Judiciário nos Estados, que, mediante penduricalhos vários, ultrapassam os tetos de salário. Segundo Gilmar Mendes, esses tais “cometem seus pequenos assaltos”.
É isso aí, Helga Hoffmann! Pasme, os Desembargadores recebem algo como R$ 4300 de auxílio moradia. AUXÍLIO MORADIA! Eu me pergunto: para um país cujo Salário Mínimo é de R$ 880,00 pode um Desembargador, com salário na casa dos R$ 30.000, receber prebenda de R$ 4300?
Gilmar Mendes citou pequenos assaltos, talvez se tratem de grandes…