Editorial

O presidente Barak Obama encerrou seu emocionante pronunciamento ao povo cubano com esta frase em espanhol que expressa confiança na capacidade de reconciliação dos povos. São frases como esta que marcam a história quando estão associadas a gestos e atitudes que rompem paradigmas. Lembra a mensagem de outro grande líder americano com sangue africano nas veias, Martin Luther King: “I have a dream”. A fala de Obama aos cubanos, transmitida pela televisão estatal, é uma tradução livre do slogan que o levou a presidência da República oito anos atrás, mandato que termina neste ano: “Yes, we can!” Se esta aproximação com Cuba e esta visita histórica a Havana tivesse sido o único ato do presidente Barak Obama em todo o seu mandato, seria suficiente para firmar seu nome como o líder que muda a história mundial, um lider na construção de pontes de entendimento. Num discurso brilhante, inteligente e cordial, quase uma conversa entre amigos, Obama convidou o povo cubano à reconciliação, condenou o erro histórico do boicote americano mas, ao mesmo tempo, defendeu a democracia como o melhor sistema para o desenvolvimento do país. E ressaltou que o futuro de Cuba está nas mãos dos cubanos. Infelizmente, quase ao mesmo tempo em que o presidente norte-americano defendia a reconciliação e a pacificação num teatro de Havana, acabando com seis décadas de rancor e agressões, a intolerância explodia mais uma vez com o brutal ato terrorista do Estado Islâmico em Bruxelas. E no Brasil se aprofundavam as manifestações raivosas de fanatismo político acompanhadas de uma verdadeira guerra jurídica que paralisa a nação e vai levando o país ao desastre. Embora Obama não tenha falado para os brasileiros seu slogan pode ser um recado para as lideranças políticas do Brasil: Sí, se puede!