Tão suspeito quanto as conversas do presidente Michel Temer com o dono da JBS, que praticamente desmontaram o governo, foi o processo de homologação da delação premiada de Joesley Batista. E que prêmio ele recebeu, pela fantástica delação! O espertalhão Joesley declarou, com insolente desenvoltura, que comprou políticos a torto e a direito com objetivos escusos, incluindo votações no Congresso, que distribuía milhões de reais de propinas a políticos de todas as correntes, que abriu e operou contas na Suíça em nome de políticos, que tentou obstruir a Justiça com a compra do silêncio de um criminoso, seu aliado, e que controlava um procurador, e mesmo ministros do Supremo Tribunal Federal. E, no entanto, com tamanha folha corrida, este empresário não foi preso, e teve perdoados todos os seus crimes, recebendo passaporte e autorização de mudança para os Estados Unidos, para onde embarcou com toda a família no seu jatinho particular, não antes de mandar levar seu iate de vinte milhões de reais para o seu novo país, para onde, aliás, já teria transferido metade dos seus negócios. São surpreendentes, para dizer o mínimo, a pressa e a generosidade do Procurador Geral, Rodrigo Janot, e do ministro do STF, Edson Fachin, em homologar e conceder perdão ao delator e corrupto confesso, obrigado apenas à “dolorosa” pena de devolução de algumas migalhas dos bilhões de reais que recebeu de superfaturamentos ou vantagens fiscais. O que deve estar pensando agora Marcelo Odebrecht? Condenado pelo juiz Sérgio Moro a 19 anos de prisão, o ex-presidente da Odebrecht teve sua pena reduzida para 10 anos (sendo dois e meio em regime fechado), depois do acordo de uma delação de tão grandes proporções que foi chamada de “delação do fim do mundo”. Por que a desproporção flagrante entre os prêmios de Marcelo e de Joesley? Apenas porque este último tomou a iniciativa de delatar antes de ser preso, quando é, igualmente, um chefe de quadrilha de mafiosos? Difícil avaliar qual dos dois é o campeão de corrupção no planeta, qual das suas empresas montou a maior máquina e a mais cínica operação de corrupção do Brasil. Que injustiça, senhor procurador e senhor ministro!
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Espero duas cositas: a primeira é que as autoridades americanas tomem conhecimento do assalto que ele e a quadrilha de Lula promoveram aos cofres do Brasil, transferindo em seguida essa riqueza roubada para os EUA. A segunda, é que sejam revogados o “acordo indefensável” promovido pela PGR e a homologação efetivada pelo ministro Fachin que, que ajudado pela JBS a virar ministro do STF, deveria ter se declarado suspeito para julgar o caso. E tem ainda uma terceira: que essas e talvez outras autoridades envolvidas neste escárnio nojento, sejam punidas com exoneração, multa e prisão.
Enquanto o brasileiro comum tenta pagar suas continhas no fim do mês, os grandes salafrários riem da nossa cara e roubam nossas riquezas impunemente. Isso é muito irritante.
O que é pior no Brasil? Roubar dois ovos de páscoa ou bilhões dos cofre públicos ?
Aproveito que até agora o Editorial ainda ganhou poucos comentários para tratar do que nele, em Elimar, Sérgio, Raposo e até, de passagem, em Mota Lima foi tratado. Achei, me parece, um fio perpassante em todos. Uma certa perplexidade, um tanto de desencanto; talvez um pouco de irritação, desanimo; aqui e ali uma encabulada esperança.
Até hoje há unanimidade de loas às fraternas Batista, Linda e Dircinha. De agora em diante, joguemos bosta nos Batista que como genis macularam o nome irreprochável das queridas irmãs. Mas lembrem que a Gení de Chico, ao final, redimiu e salvou o seu Povo. Dou-lhes o maior apoio. Destamparam o que Antônio Cândido tão bem tratou sobre as chamadas classes dominantes luso tropicais, alertando para que nós, os das classes dominadas, deixemos de babaquices e restauremos a moralidade como ensinou Stanislaw. Tem chão para andar e etapas a cumprir e a próxima, mais importante será em 2018.
É aguentar o tranco, engolir injustiças como a com Marcelo, o baiano ou com Palossi que poderá perder a boquinha delatória por não ter mais o que contar de relevante, pois dormiu de touca.
Mesmo a curto prazo há o que fazer cumprindo a Constituição e pressionando para que os que vierem indiretamente continuem a tocar as reformas que estão em pauta.
O que diria neste momento nosso Antônio Candido que ensinou haver um revolucionário de ocasião que em algum momento, em algum instante faz alguma coisa por ela (a revolução): uma palavra, um ato, um gesto, um artigo, uma assinatura… algo mais ou menos assim e que está em “Teresina etc.‘.
Deve ter literal no Google, mas eu tive preguiça de continuar procurando ao encontrar muitas irrelevâncias antes de chegar lá, inclusive as homenagens a ele feitas por antigos cumpanheiros que o cobriram de vergonha. Mas encontrei em um dos obituários, por Miguel Martins (?): ‘tenho temperamento conservador, atitudes liberais e ideias socialistas”… Embora não se considerasse um marxista, ainda enxergava em seus últimos anos de vida o socialismo como uma “doutrina triunfante”, a partir de uma ótica humanista. “O socialismo é a grande visão do homem, que não foi ainda superada, de tratar o homem realmente como ser humano.” (sic)