Ademir II (o distraído) da Silva

Stan laurel.

Alguns aqui na esquina dizem que Temer continua no poder porque não tem vice para tramar contra ele. Pelo menos é a opinião da saudosa – para quem? – Dilma.

Duas coisas mantém o Temer no poder, o PSDB, eternamente indeciso entre ir ou ficar, e a situação levemente promissora da economia, que não se sabe se avança ou recua. Enfim, indecisões. Às quais se soma a incógnita do sucessor. País das indecisões. Ninguém sabe – literalmente – o dia de amanhã. Deve ser por isso que toda manhã, às sete, minha vizinha me grita: Ademir, Temer ainda é presidente?

Temer reza todos os dias para encerrar o mandato do Rodrigo Janot, antes que as denúncias o façam perder a base parlamentar, cada dia menor.

Azar nunca vem só. Depois do Joesley chega Dino, o candidato do Procurador Rodrigo Janot, eleito em primeiro lugar na lista tríplice. Temer já decidiu, não indica o primeiro. Expondo-se, assim, a mais críticas. Só falta o Loures falar.

Deve ser por isso que Zezinho, o bêbado da esquina, diz antes da primeira lapada: Fala Loures! Fala! E a gente pensando que ele estivesse falando com seu louro. Nada, era querendo botar gasolina no incêndio da crise política.

Na única esquina de Brasília fala-se de uma modalidade de deputados, que tende a crescer muito nos próximos tempos: deputado carcerário. Em prisão domiciliar, o deputado sai da penitenciária pela manhã – não se sabe ainda se com transporte oficial – para a Câmara, provavelmente toma outro café, porque o da prisão é péssimo, dizem, e depois conversa com os colegas (não se sabe se eles perguntam sobre a situação carcerária); participa das comissões, do plenário, vota, recebe pessoas diversas, inclusive empresários em busca de regalias nas licitações e facilidades nas novas leis, e depois volta para a prisão. Tira o terno, veste a roupa de presidiário e vai para a cela. Dizem que dispensa o jantar. A grande dúvida é se o indivíduo é um preso que faz bico de deputado ou se é um deputado que dorme na cadeia, por ter gosto exótico. Tem gente para tudo.

O STF vai antecipar suas férias com medo do desgaste, pois a briga entre os imortais está perto das vias de fato. Alguns, no Palácio do Planalto, desejam que eles não voltem.

O governo está parando, parando. O risco é o povo perceber que Presidente não serve para nada, e não querer mais governo, para desespero dos políticos. E serve?

Quero saber como vamos ficar depois que o Temer cair, pois por enquanto ele, com a Globo, é o responsável por tudo de ruim que acontece no Brasil. E depois? Será que vamos ter saudades do inimigo do povo?

Minha vizinha de frente bateu na minha porta com uma dúvida atroz: “Quando a Globo divulgava as denúncias contra Dilma e Lula, era mentirosa, instrumento do imperialismo, filha da Ditadura. E quando divulga as denúncias contra Temer é o quê”?