Editorial

No momento em que este editorial é escrito, tudo parece indicar que o presidente Michel Temer sobreviverá à segunda denúncia da Procuradoria Geral da República, e vai, portanto, governar o país até o final de 2018, embora tenha os mais baixos índices de opinião pública de todos os presidentes da história do Brasil. Extremamente fragilizado, Temer deve governar pouco mais de um ano, provavelmente sem condições de aprovar nenhuma reforma estrutural, principalmente se tiver que mudar a Constituição, como a reforma da Previdência, a mais importante e urgente das reformas. Aos brasileiros resta esperar que a manutenção da política macroeconômica facilite a lenta recuperação da economia,  e que as finanças públicas não estourem de vez. Fora isso, deve-se começar a refletir com seriedade e serenidade sobre o Brasil que deve emergir das eleições gerais que serão realizadas em pouco mais de um ano. Esqueçamos nomes. Vamos discutir o perfil do candidato que pode recobrar governabilidade e promover as mudanças que o país necessita. Dois aspectos são fundamentais para apostar em um candidato: a sua história política e o seu projeto para o Brasil. Em relação à sua história, o mínimo que se pode esperar é que o candidato tenha experiência política e de gestão pública (não pode ser um neófito), e não esteja sendo processado (menos ainda condenado) por corrupção. Sobram poucos. Os que restam devem nos convencer do seu compromisso com a responsabilidade fiscal e com o equilíbrio das contas públicas, e da sua coragem para defender as reformas estruturais fundamentais para o equilíbrio fiscal e o aumento da produtividade da economia brasileira, rejeitando as ideias populistas e enganadoras que apostam no imediatismo ou nas formulações inviáveis, na busca do aplauso fácil. O candidato deve demonstrar sua vontade de governar sem a vergonhosa compra de votos do Congresso. Acima de tudo, o candidato tem que convencer que seu governo dará prioridade absoluta à educação e à inovação, fatores decisivos para a redução das desigualdades sociais e o aumento da competitividade da economa. Isto é o mínimo que se pode desejar de um candidato a Presidente da República neste delicado momento do Brasil, fortemente polarizado por radicalismos e fanatismos. Será?