Barco na Tormenta – autor desconhecido.

 

A calamidade sanitária em março foi devastadora. Quase 67 mil vítimas do Covid-19 em um único mês, cerca de 21% do total de óbitos provocado pelo vírus desde o início da pandemia no Brasil, mais do dobro do que foi registrado em julho último, quando a primeira onda da pandemia alcançou o ponto crítico.

E como dizem vários infectologistas, esta nova onda, dominada pela variante brasileira, apenas começou, e será aterrorizante, se não forem tomadas medidas radicais de confinamento. O presidente tenta impedir as medidas que freiam a cadeia de transmissão do vírus, e grande parte da população parece não compreender a gravidade da situação e as dramáticas perspectivas.

Apesar das pressões sociais e políticas que decorrem da indignação da sociedade com o seu desgoverno, e mesmo depois da formação do Comitê de Coordenação Nacional para o combate à pandemia de Covid-19, o presidente continua desqualificando qualquer iniciativa de confinamento social, e tentando impedir as decisões desesperadas dos governos estaduais.

Não bastasse esta tormenta, o mês de março foi atacado por novos e perigosos desatinos autoritários e irresponsáveis de um presidente da República que continua completamente alienado da realidade brasileira. No meio desse desastre sanitário e humano, o senhor Jair Bolsonaro estava ocupado na tentativa, felizmente frustrada, de dar um golpe de Estado: soltou um balão de ensaio falando de estado de sítio, promoveu uma manobra parlamentar para o aumento dos seus poderes, e tentou submeter as Forças Armadas aos seus propósitos autoritários e obscurantistas.

Não conseguiu, e ainda criou um mal-estar nos altos escalões das Forças Armadas, e ampliou seu isolamento político. Único fato positivo de março foi o processo de vacinação que, no entanto, avança ainda muito lentamente. No ritmo atual, ao final do semestre terão sido vacinados apenas 40% da população brasileira, muito menos dos 70% que, segundo os infectologistas, seriam necessários para alcançar a imunidade de rebanho. Diante dessa tormenta que pode continuar arrasando o Brasil, aos brasileiros sensatos, que acreditam na ciência, que respeitam a democracia e compreendem a situação dramática do país, resta um único grito: Fora Bolsonaro!