O governo Michel Temer assumiu há quase dois anos com boas propostas e iniciativas reformistas positivas e ousadas, e conduzindo uma política macroeconômica correta e responsável. Ajudou a tirar o Brasil da UTI, para onde tinha sido levado pelo desastroso governo da ex-presidente Dilma Roussef. Entretanto, o seu governo, que ora se revela frágil e contaminado pela corrupção, está refém da banda podre e do baixo clero do Congresso, de quem depende, paradoxalmente, para aprovar reformas estruturais fundamentais, como a da Previdência, indispensável ao equacionamento do ponto fraco da economia: a grave crise fiscal. No final deste ano, que mostra uma lenta mas consistente retomada da economia – inflação abaixo do centro da meta, taxa de juros (Selic) decrescente e civilizada (7% ao ano), desemprego ainda alto mas claramente declinante, e recuperação da confiança dos agentes econômicos – o presidente Temer obscurece o sucesso com um grotesco indulto de Natal, que beneficia diretamente os políticos e empresários denunciados e condenados na Lava Jato. Independentemente da sua constitucionalidade, questionada pela Procuradoria-Geral da República, e felizmente já declarada pela Ministra-Presidente do STF, este indulto é mais uma demonstração da esquizofrenia política deste governo: a adequada gestão da economia e a corajosa aposta nas reformas estruturais sendo desmoralizadas pelas negociatas com alguns dos setores mais atrasados da política brasileira. Mesmo assim, e apesar das enormes dificuldades, principalmente no orçamento público, o ano que se encerra foi muito melhor que 2016, e mais ainda de 2015, quando o Brasil estava à deriva. 2018 promete ser ainda melhor (ou menos ruim), apesar da imagem negativa do governo (que parece empenhado em queimar o próprio filme) e das complicações de um ano eleitoral. Tudo indica que a economia deve crescer um pouco mais, com inflação baixa e juros declinantes, movimento que, no entanto, depende da aprovação de uma Reforma da Previdência que dê um basta ao desmantelo fiscal. E desde que o governo e seus aliados não atrapalhem mais.
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