Por trás da crise econômica e dos conflitos sociais e políticos do Brasil, desenrola-se uma tragédia humana, com o assassinato de dezenas de milhares de brasileiros, numa guerra sem causa, sem inimigos nem fronteiras. Em 2016 (dados do IPEA divulgados no Mapa da Violência), foram assassinados 62.517 brasileiros (cerca de 171 homocídios por dia), totalizando 553 mil homicídios em dez anos, mais que as vítimas da sangrenta guerra da Síria, para o mesmo período. E, no entanto, os brasileiros parecem anestesiados (mais um número que se repete todo ano nos relatórios do Fórum Brasileiro de Segurança Pública), ou impotentes diante desta calamidade social, que atinge, principalmente, os jovens que se matam, vítimas e autores da destruição de vidas e de cidadãos brasileiros. Mais da metade dos homicídios no Brasil foi de jovens com idades entre 15 e 19 anos, envolvidos com drogas ou em disputas fúteis nos bairros pobres. Pela primeira vez na História, a taxa de homicídios do Brasil chegou a 30,3 em cem mil habitantes, indice que salta para assustadores 208 homicídios em cem, quando se trata dos jovens do sexo masculino. No cotidiano desta guerra, a dor e a angústia dos pais, esposos, irmãos e filhos parecem diluídas nos números frios e abstratos das estatísticas. A esta tragédia familiar de cada vítima soma-se a perda irreparável de vidashumanas, a eliminação de um enorme potencial de capital humano, dezenas de milhares de brasileiros, em idade escolar ou profissional, preparando o futuro, ou produzindo o presente. Não existe solução simples, embora se tenha certeza de que a educação e a qualificação dos jovens são a única alternativa para enfrentar o seu recrutamento pelas malhas do crime organizado. Não se pode esperar resultado rápido para um problema estrutural, que junta a exclusão social dos jovens (jovens que não trabalham nem estudam), a ausência de oportunidades sociais, e as poderosas organizações criminosas, espalhadas no tecido social, e infiltradas nos espaços políticos. Mas é urgente uma ação decidida e articulada da sociedade e do Estado, para enfrentar essa tragédia nacional.
Postagens recentes
-
80 anos do fim do Terceiro Reichmaio 9, 2025
-
EUA: o perigo do totalitarismomaio 9, 2025
-
“Quantas Divisões tem o Papa?”maio 9, 2025
-
Inovações Tecnológicasmaio 9, 2025
-
Cientista virou consultor?maio 9, 2025
-
A Arte de Conversarmaio 9, 2025
-
Última Páginamaio 9, 2025
-
De escândalos e malandragensmaio 2, 2025
-
A Deusa Corrupçãomaio 2, 2025
Assinar Newsletter
Assine nossa Newsletter e receba nossos artigos em seu e-mail.
comentários recentes
- Paulo gustavo maio 13, 2025
- Paulo gustavo maio 13, 2025
- CLEMENTE ROSAS maio 13, 2025
- João Rego maio 11, 2025
- Ana Sofia maio 11, 2025
Alcides Pires A Opinião da Semana Aécio Gomes de Matos camilo soares Caruaru Causos Paraibanos civilização Clemente Rosas David Hulak democracia Editorial Elimar Nascimento Elimar Pinheiro do Nascimento Eli S. Martins Encômio a SPP Estado Ester Aguiar Fernando da Mota Lima Fernando Dourado Fortunato Russo Neto Frederico Toscano freud Helga Hoffmann Ivanildo Sampaio Jorge Jatobá José Arlindo Soares José Paulo Cavalcanti Filho João Humberto Martorelli João Rego Lacan Livre pensar Luciano Oliveira Luiz Alfredo Raposo Luiz Otavio Cavalcanti Luiz Sérgio Henriques manifestação Marco Aurélio Nogueira Maurício Costa Romão Paulo Gustavo Política psicanálise recife Religião Sérgio C. Buarque Teresa Sales
Deixe uma resposta