Freud, em seus estudos sobre a histeria, no final do século XIX, recebia pacientes que apresentavam sintomas estranhos e incontroláveis: desmaios, cegueira temporária, mutismo, paralisação dos membros, etc. O sintoma se instala em sua existência em resposta a uma pulsão sexual reprimida – mecanismo de defesa possível para conter a angústia.
A histeria coletiva que se instalou nos corações e mentes de muitos brasileiros, agora no período eleitoral, expressa-se nas redes sociais em formas de “memes”, “fake news” e textos que pintam o opositor como parceiro do demônio. A intolerância, vista apenas no outro, subjuga perigosamente a realidade, abrindo espaço para a violência. Vive-se uma atmosfera oposta à democracia, cuja essência é a tolerância e o direito à diversidade humana, em todos os níveis – garantidos pela Lei.
Cada indivíduo se transforma numa nefasta mistura de agência digital e cientista político de baixíssima categoria. Alimentam-se e ajudam a compartilhar um lixo informacional, jogando pelo ralo, sem pensar nas consequências, a razão e o necessário bom senso para entender a realidade social e política em que estão imersos. Esta prática lhes dá a fugaz ilusão de uma consciência política ativa, quando, na verdade, imersos nesse poluído mar de informação, mergulham e constroem, a cada clique, sua cotidiana alienação como sujeitos. Esgarçam a democracia, as relações pessoais e familiares num delírio passional, afastando a possibilidade de escolhas coletivas racionais.
Nos dias que vivemos, parece mais que oportuna uma reflexão sobre o aqui exposto.
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