A violência que explode em várias partes do mundo – do conflito racial nos Estados Unidos à guerra no Oriente Médio – tem causas e características diferentes. Mas evidenciam o mesmo fenômeno: intolerância e fanatismo. No país liderado por um presidente negro e numa cidade com esmagadora maioria de afro americanos (67% da população), o racismo e a intolerância racial continuam latentes, a julgar pelo assassinato do jovem Michael Brown: seis tiros disparados por um policial branco sobre o garoto de 18 anos desarmado e indefeso. A intolerância e o ódio histórico entre judeus e muçulmanos presidem a guerra entre Israel e o Hamas, ambos apostando na destruição do outro. As negociações e o cessar-fogo reabrem as esperanças, mas cada batalha aumenta o ressentimento e o ódio que tendem a adiar acordos robustos que levem a paz para a Palestina. O fanatismo religioso alimenta ou justifica a violenta guerra entre seitas da mesma religião no Iraque, sunitas e xiitas se matando pelo poder e pelas sutilezas das suas interpretações do Alcorão. A invasão americana no Iraque derrubou a cruel ditadura de Saddam Hussein, sunita laico, provocando, ao mesmo tempo, uma desagregação da sociedade e da estrutura de poder no país que se manifesta agora nesta brutal guerra religiosa, a “guerra santa” do Estado Islâmico do Iraque e do Levante com massacre de católicos, xiitas e yazidis. O confronto militar na Ucrânia, não menos intolerante e violento, tem outras causas e motivações: a estratégia da Rússia de recuperar e consolidar sua hegemonia na região, começando pelo mais rico e próspero dos antigos países da ex-União Soviética. Em qualquer dos casos, as explosões de violência são uma demonstração da insensatez e da barbárie desta espécie que se julga superior e racional.