A cena é aterrorizante: grupo de parlamentares ao lado do presidente da República sorrindo e fazendo o sinal de uma pistola atirando, no momento em que o chefe de Estado assinava o decreto que libera o porte de arma de fogo para várias categorias e segmentos da sociedade. Embora este governo não tenha uma cara nítida e consistente, esta é a mais fiel imagem do presidente da República, que parece disposto a transformar o Brasil num faroeste tropical. Em total desacordo com o Estatuto do Desarmamento, o decreto escancara as possibilidades de porte de arma de fogo, num país com grandes tensões sociais e elevados índices de violência. Além disso, autoriza o porte para políticos em exercício de mandato, advogados, oficiais de justiça, caminhoneiros, agentes de trânsito, entre outros, criando as condições para a explosão da violência no Brasil. E como autoriza o porte para colecionadores de armas e sócios de clubes de tiro, basta que o cidadão se matricule num desses clubes e registre a sua arma para poder circular armado pelas ruas das cidades. O decreto ainda libera a compra de até cinco mil munições anuais por pessoa, quase um arsenal privado de alto risco. Felizmente, o presidente da Câmara de Deputados, Rodrigo Maia, está pedindo um parecer técnico para demonstrar a inconstitucionalidade do decreto, e a base evangêlica do Congresso, normalmente bolsonarista, percebeu a irresponsabilidade da medida e se articula para forçar a sua retirada. Em pouco mais de quatro meses de governo, o presidente Jair Bolsonaro e sua “entourage”, com destaque para os filhos neuróticos, limitam-se às sistemáticas e permanentes agressões contra o “fantasma do comunismo”. Excetuando a proposta de Reforma da Previdência e as medidas de liberalização da economia que, quase como um governo paralelo, avançam apesar do Presidente, o governo Jair Bolsonaro é um desastre político e social, e uma ameaça ao futuro do Brasil.
Postagens recentes
-
A turbulência de céu clarodez 20, 2024
-
Balanço positivo de fim de anodez 20, 2024
-
Venezuela: suspense numa autocracia caóticadez 20, 2024
-
Chuquicamata, Patagônia, Índios Alacalufesdez 20, 2024
-
Com a Palavra, os Leitoresdez 20, 2024
-
Ceia Natalina, Proust e Polarizaçãodez 20, 2024
-
Última Páginadez 20, 2024
-
O acordo que pode transformar o Brasildez 13, 2024
-
Um islamismo com temperança e liberdade?dez 13, 2024
Assinar Newsletter
Assine nossa Newsletter e receba nossos artigos em seu e-mail.
comentários recentes
- helga hoffmann dezembro 17, 2024
- sergio c. buarque dezembro 17, 2024
- sergio longman dezembro 15, 2024
- helga hoffmann dezembro 13, 2024
- Marcos Conforti dezembro 12, 2024
Alcides Pires A Opinião da Semana Aécio Gomes de Matos camilo soares Caruaru Causos Paraibanos civilização Clemente Rosas David Hulak democracia Editorial Elimar Nascimento Elimar Pinheiro do Nascimento Eli S. Martins Encômio a SPP Estado Ester Aguiar Fernando da Mota Lima Fernando Dourado Fortunato Russo Neto Frederico Toscano freud Helga Hoffmann Ivanildo Sampaio Jorge Jatobá José Arlindo Soares José Paulo Cavalcanti Filho João Humberto Martorelli João Rego Lacan Livre pensar Luciano Oliveira Luiz Alfredo Raposo Luiz Otavio Cavalcanti Luiz Sérgio Henriques manifestação Marco Aurélio Nogueira Maurício Costa Romão Paulo Gustavo Política psicanálise recife Religião Sérgio C. Buarque Teresa Sales
Excelente!
Vou publicar no Direto da Redação logo mais.
Abraço.
https://www.correiodobrasil.com.br/o-senhor-das-armas/
O decreto do porte de arma é demagogia, irresponsabilidade sem qualquer embasamento técnico, não resulta de uma análise de dados e da experiência empírica aqui ou noutros lugares. É um rompante e uma enganação a dar a alguns uma falsa sensação de segurança. Consta que foi assinado sem que o Ministro da Justiça Sérgio Moro fosse consultado. E, pelo visto, até sem consultar as leis no Brasil. Mas Sergio Moro assinou o decreto. Para quem defendeu aqui que ele aceitasse o convite para a Justiça, a subserviência da figura que tinha popularidade maior que a de Jair Bolsonaro assustou. Sergio Moro afirmou que o decreto não era parte da política da segurança, até sugeriu que não concordava com a medida. Mas assinou. Que triste figura para o herói que alimentou a esperança de que nos traria ideias bem pensadas sobre como combater o crime organizado e a violência. Claro que mais essa encrenca também prejudica a tramitação da reforma da Previdência, mas, felizmente, já existe uma compreensão mais geral no Congresso e na opinião pública de que ela é indispensável para que a economia comece a se reanimar e o desemprego volte a cair.