Apesar de algumas concessões parciais a determinados grupos de interesse, a aprovação da Reforma da Previdência pela Câmara de Deputados dá um passo importante para tirar o Brasil da UTI, na medida em que debela a tendência acelerada de crescimento das despesas primárias, que está levando à falência do Estado brasileiro. Evidente que a reforma não é a solução para todos os nossos problemas, mas ela abre o caminho para a recuperação da capacidade de investimento dos governos, condição fundamental para o desenvolvimento econômico e social do Brasil. Não custa repetir que a União já compromete mais de 40% das despesas primárias com previdência social, o que representa seis vezes mais do que é aplicado em educação. Contra a mobilização obtusa e irresponsável de alguns partidos, e apesar do governo desmantelado de Jair Bolsonaro, a Câmara de Deputados aprovou a reforma por uma confortável maioria de 74% dos votos (dez pontos percentuais acima do necessário para uma mudança constituicional). Mérito de Rodrigo Maia, presidente da Câmara de Deputados – com a colaboração do relator da matéria, Samuel Moreira – que se consolidou como uma importante liderança nacional, no meio de uma crise das instituições brasileiras e da carência absoluta de rumo político. No rastro desta decisão, que ajuda a retirar o Brasil do atoleiro, Rodrigo Maia ainda conseguiu recuperar a desgastada imagem do Congresso Nacional, que mostrou disposição para o diálogo e coragem política para tomar decisões drásticas, mas necessárias. Embora o presidente da República, vez ou outra, atrapalhasse as negociações na Câmara, o governo contou com a atuação competente e paciente do Secretário da Previdência do Ministério da Economia, Rogério Marinho, esclarecendo e argumentando com dados e informações sobre a gravidade do problema e os resultados positivos que se podem esperar da reforma. Ainda falta a votação em segunda instância na Câmara, e a aprovação pelo Senado. Mas a esmagadora maioria alcançada nesta semana indica que o Congresso compreendeu a necessidade e a importância da reforma da Previdência. Concluída esta etapa, o Brasil precisa ampliar a agenda de reformas, para recuperar os investimentos públicos e retomar o crescimento da economia.
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Editorial correto, que trata do que é essencial no momento e dá os créditos devidos a quem fez por merecer. É uma pena que a discussão política no Brasil esteja tão polarizada e dispersa em mil temas não essenciais, gasta-se uma tremenda energia discutindo decisões à margem das grandes questões como perspectiva de crescimento, infraestrutura em frangalhos, baixa produtividade, índices vergonhosos de saneamento, desemprego. Viva a “Será?” por não perder o foco.
Excelente editorial. Curto, objetivo e preciso. Parabens!