Não é exagero dizer que as eleições presidenciais nos Estados Unidos estarão decidindo o futuro do planeta. Embora seja fato que cabe exclusivamente aos eleitores norte-americanos escolher o seu presidente, e que, no fundamental, vão prevalecer os interesses e temas domésticos, o resultado das eleições terá desdobramentos graves sobre as relações internacionais e sobre as grandes questões globais, da economia ao meio ambiente.

O mundo não aguenta mais quatro anos da estupidez e da arrogância do presidente Trump, sua orientação para o confronto, o isolacionismo conveniente, a negação da ciência, a ignorância das mudanças climáticas e a tentativa de desestabilização e esvaziamento das instituições internacionais.

Internamente, o governo Trump quebrou o sistema de saúde implantado por Obama, ignorou a pandemia do Covid-19, tentou construir um muro para impedir a entrada de imigrantes e, sistematicamente, minimizou a violência racista no país. Em nível internacional, Trump iniciou sua gestão de confronto e isolamento com a retirada dos Estados Unidos do Acordo de Paris, assinado por 195 países que assumiram o compromisso de redução da emissão de gases de efeito estufa, para deter um provável desastre ambiental.

Em plena pandemia do Covid-19, quando os Estados Unidos lideram o número de casos e mortes no mundo, Trump decidiu retirar o país da OMS -Organização Mundial da Saúde e, irresponsavelmente, acusa a China de responsabilidade pela propagação do vírus.

Na sua cruzada contra os acordos multilaterais, Trump tentou ainda desestabilizar a OMC – Organização Mundial do Comércio. Por tudo isso, o candidato do Partido Democrata, Joe Biden, representa um suspiro de civilidade no mundo, a promessa de retorno à cooperação internacional, incluindo a adesão dos Estados Unidos ao Acordo do Clima, e a recuperação das instituições multilaterais.

Além dos desdobramentos no jogo político e diplomático mundial, a provável eleição de Biden soprará novos ventos sobre o Brasil, deixando o presidente Jair Bolsonaro órfão do seu ídolo, que nem o respeita muito, mas apoia suas insensatas e irresponsáveis políticas.