Mural de Diego Rivera no Detroit Institute of Arts.

 

Na noite do domingo das eleições, os brasileiros (especialmente os políticos, os jornalistas e os comentaristas) ficaram nervosos com um atraso de três a quatro horas na totalização da apuração dos votos para Prefeito. Excetuando alguns irresponsáveis que aproveitaram uma falha nos computadores do TSE – Tribunal Superior Eleitoral para levantar suspeitas sobre a lisura do pleito, a impaciência se explica pela experiência das outras eleições, com resultados divulgados em menos de duas horas. Estamos muito mal acostumados com a competência do sistema de votação e apuração eleitoral brasileiro; e nem parece que acompanhamos a incompetência alheia, nas semanas anteriores, no processo de apuração dos resultados nos Estados Unidos, mais de uma semana para definir o vencedor entre dois concorrentes. Quando se trata de sistema de votação, o Brasil já está, há décadas, no século XXI,  destacando-se pela sua competência, segurança e rapidez, enquanto a grande potência norte-americana ainda utiliza métodos artesanais de apuração de votos. A segurança foi comprovada, mais uma vez, pela contenção das tentativas de invasão do sistema por hackers, com clara e frustrada intenção de desmoralizar as eleições. A eleição municipal brasileira utilizou uma rede de 450 mil urnas eletrônicas, espalhadas em 5.560 municípios, e mobilizou cerca de dois milhões de mesários, para receber os votos de 140 milhões de brasileiros, que escolheram entre 19.352 candidatos a Prefeito e 518.328 a vereador. Impressionante! Mesmo com as dificuldades técnicas, em menos de sete horas do encerramento da votação os resultados já estavam disponíveis. Infelizmente, este enorme sucesso tecnológico e gerencial do Brasil não se manifesta nas outras áreas da economia e da sociedade brasileiras. O Brasil continua com grande atraso na competitividade sistêmica e no nível de produtividade das atividades econômicas, para não falar da deficiência da educação e nos baixos indicadores sociais. É preciso transferir para o conjunto da economia e para a sociedade esta competência demonstrada no nosso sistema de votação. Se somos tão bons nisso, podemos ousar muito mais.