Seja o que for que aconteça, a democracia brasileira sairá vitoriosa, hoje. Porque o país está madurecido na transcendência de sua convicção profunda.

A nação, recenseada no cotidiano de seus ardores, fortaleceu-se. Para além da via errática de falsos profetas. A nação democrática sairá mais forte deste 7 de setembro. Porque a boa sociedade é construída no senso de equilíbrio. Esmerilhada em três pilares: ordem, justiça e liberdade.

Ordem designa arranjo harmonioso. Em duas dimensões: ordem moral, que é a ordem da alma. Das aspirações vindas de raízes étnicas. E ordem constitucional, que é a ordem da comunidade. Pluralizada no pensar coletivo. Solidário. Longe de solitária insensatez.

Justiça é princípio e processo. Desde os gregos, na polis, aos romanos, no jus civile. É conceder ao homem o que lhe é próprio. Protegendo sua vida, seus direitos, sua propriedade. E sua dignidade. Necessidade de toda sociedade que se quer respeitável. E respeitada.

Liberdade constitui estandarte. Para sobreviver. Na arte de subsistir. E de criar beleza. Na beleza do mundo. É espaço de escolhas. Livre de opressões. De tiranias. De ignaros na obscuridade de sua obsessão.

Ordem, justiça e liberdade. É trilogia, dourada no tempo do fazer democrático, que se opõe à decadência. Decadência de arruaceiros que praticam o autoengano. Decadência de baderneiros que se proscrevem na ignomínia de aberrações.

A independência, celebrada no horizonte de valores fraternos da metarraça, tem prefácio histórico. Escrito por mineiros. Na Inconfidência de 1792. Desenhado por baianos. Na Conjuração de 1798. Reiterado por pernambucanos. Na revolução de 1817. Essa é a escritura do Brasil. Bordada no ânimo febril de povo desigual. E teimoso em cada aurora molhada no verde de nossa esperança.

O bando de desassisados terá vida breve. Será arquivado nas dobras da lei. Vestida na confluência entre ordem moral da cidadania. E ordem social da Constituição. Revigorada no espírito da democracia morena. E tropical. De Darcy Ribeiro e Gilberto Freyre.