“O óbvio também precisa ser dito”.
Guilherme Pinto

O inominável – autor não localizado.

 

Para os democratas brasileiros, hoje o grande desafio é remover, pelo voto, o inominável. Sobretudo porque todos sabem que essas não serão eleições comuns, assaltadas por duas milícias, uma, imaterial, as Fake News provenientes de milicianos digitais, e a outra, material, que surge com os milicianos armados, constrangendo os eleitores a votarem em que eles mandam. Essas duas milícias podem mudar os resultados das urnas, ainda mais que o inominável está circundado pelos políticos mais corruptos deste país. 

Com esse grupo no poder, não há possibilidade de o governo desencadear ações estratégicas que permitam remover os entraves que impedem o Brasil de se desenvolver de forma coetânea com o mundo mais desenvolvido, que busca um modelo sustentável de desenvolvimento. E nós temos todas as condições favoráveis para trilhar esse caminho, porém, com o inominável no poder, os dois capitais fundamentais do país estão sendo destruídos: a natureza e a capacidade cognitiva das crianças e jovens, levando para o ralo nossas esperanças. Os últimos três anos demonstraram sobejamente este fato. Essa impossibilidade, além do risco à democracia, torna a remoção do inominável uma tarefa da maior magnitude. 

O melhor caminho para remover, pelo voto, o inominável, aquele que sofre de “déficit cognitivo”, é impedi-lo de chegar ao segundo turno. Há dois caminhos, e nenhum deles fácil.

O primeiro caminho é fazendo o que um grupo de democratas já se apressaram a fazer, mesmo não sendo hoje o melhor time para semelhante iniciativa: propor o voto no candidato do PT ainda no primeiro turno, permitindo sua eleição, como fez FHC nas duas eleições presidenciais. Esta iniciativa não toma na devida consideração o fato de que o candidato do PT jamais conseguiu este intento nas duas eleições vitoriosas de 2002 e 2006. Por sua vez, sua rejeição, em torno de 43%, é um obstáculo de monta, sobretudo que poderá vir a crescer ao longo da campanha eleitoral com os ataques que vai sofrer, naquilo que é sua fraqueza – a integridade moral. A corrupção praticada em seu governo já o é, e será o prato do dia a dia durante os próximos sete meses nas redes sociais. Finalmente, não há poder que retire dos políticos a esperança de vencerem as eleições, mesmo começando com 2% de intenção de votos. Alguns outros candidatos a governo estadual já alcançaram esse feito. E por que não eles? Político é bicho especial. De racionalidade específica. E teimoso. Portanto, as chances são pequenas de a campanha em favor de Lula no primeiro turno ser vitoriosa.

O segundo caminho, tão ou mais difícil que o primeiro, é de um outro candidato chegar ao segundo turno no lugar do inominável. As chances também são pequenas. Ciro, o politico entres esses candidatos com mais experiência, tem uma rejeição em torno de 60%. E nas últimas eleições apresenta uma curva eleitoralmente declinante. E tudo indica que continuará esta curva, agora abaixo dos dois dígitos. Moro, que parecia uma esperança para alguns movimentos que saíram às ruas em 2013 contra a corrupção, além da alta rejeição eleitoral, tem uma igualmente alta rejeição no mundo dos políticos, e não consegue ampliar seu arco de alianças. Chegou na boca dos dois dígitos, mas neles nunca se consolidou. A maior parte de seu eleitorado udenista colocou na gaveta a bandeira da moralidade para se manter fiel ao inominável, na esperança de derrotar o candidato do PT. Doria, desculpem os seus fãs, é uma piada. Não consegue crescer nem no Estado em que é governador. E nem tem a simpatia e o apoio de caciques importantes de seu partido. É considerado, pela maioria dos políticos e experts em eleições, carta fora do baralho. Restam Simone, candidata do enigmático MDB, cujas decisões tem se pautado pela ausência de candidato próprio, preferindo ocupar a vice-presidência; e o ressuscitado Eduardo Leite, pelas mãos do político mais hábil deste país, presidente do PSD. Sua candidatura seria para valer, ou apenas um jogo para Kassab obter mais ganhos com o apoio a Lula no primeiro turno? Não conheço ninguém que tenha uma resposta segura para esta questão, apenas muitas conjecturas. E assim permaneceremos durante algum tempo. Se ele sair candidato, pode ser uma surpresa, e ganhar voos para ameaçar Bolsonaro. Mas pode não ser. Outros dois nomes citados são figuras decorativas. Neste caso, restaria apenas o primeiro caminho. A que todos os democratas com visão de futuro, e sem “pudiquismo”, terão que se submeter, a partir de meados do ano. Mas sem qualquer garantia de vitória.

E no segundo turno com o inominável tudo pode ocorrer. Desde uma derrota contundente a uma convulsão social, e um golpe militar. E apoio internacional ele terá da Rússia, por isso a visitou recentemente, e dos republicanos norte-americanos, que deverão ser vitoriosos nas eleições legislativas, e provavelmente da China, interessada em enfraquecer os Estados Unidos para retomar Taiwan. 

Tristes trópicos, triste povo brasileiro!!!

PS. Desculpem relembrar o significado de inominável: excessivamente abominável para ser nomeado.