Com o fim do Pacto de Varsóvia, em 1991, era natural se seguisse também o da OTAN ? até por custar caro, 2% do orçamento de cada país membro. Só que a organização não apenas se manteve como, desde 1997, deu início a um programa de alargamento para o Leste ? Hungria, Polônia, República Checa. Apesar das promessas, a Gorbatchov, de que isso jamais ocorreria. George Kenan ? arquiteto, no governo americano, da política de contenção da URSS ? foi sempre contra. E chegou a prever (Le Monde Diplomatique) que “O alargamento da OTAN seria o erro mais fatal da política americana desde o fim da Guerra Fria. É de esperar que tal decisão… relance um ambiente de guerra fria nas relações Leste-Oeste”. Tanto tinha razão que a China preferiu (FolhaSP) um “alinhamento com a Rússia”, palavras da Casa Branca.

A Rússia vem pedindo (até já esboçou isso em dois projetos de tratado), para proteger sua integridade territorial, que seja fixado um congelamento nessa expansão da OTAN. Em resposta (08/06/2021), o Secretário de Estado americano, Antony Blinken, limitou-se a declarar “Nós apoiamos a adesão da Ucrânia à OTAN”. Não é posição de quem quer conversar. De quem precisa conversar. Como se fosse um diálogo de surdos. Para tornar tudo ainda mais complexo, em dezembro de 2001, os Estados Unidos se retiraram do tratado Antimísseis ? ABM, firmado em 1972. Algo impensável a quem quer paz. Com os Acordos de Minsk, assinados em setembro de 2014, a Rússia tentou ainda obter algum direito de vigilância, na Ucrânia. Aconteceu o contrário. E o presidente Zelensky, assim que assumiu, fez aprovar nova Constituição determinando que seu país faria parte da OTAN. Para agravar o cenário, Estados Unidos anunciaram a intenção de instalar um Escudo Antimísseis nessa Europa do Leste, em aberta violação ao Ato Fundador Russia–OTAN (assinado em 1997).

Ao entrar na guerra da Iugoslávia, e por suas últimas medidas, a OTAN já não é só um bloco defensivo. Passou a ser, sobretudo, uma aliança militar com vocação também para a agressão. Violando, até, regras do Direito Internacional. E já anunciou que, em 2.030, explicitará suas políticas em defesa da natureza. Temo que passem a entender ser, a Floresta Amazônica, um patrimônio internacional. Deles, portanto. Ou de que seria propriedade dos “povos indígenas”. Nesse caso como responderíamos?, eis a questão.