O Brasil acordou e decidiu enfrentar as ameaças golpistas do Presidente da República, refutar a sua tentativa de desqualificação do sistema eleitoral brasileiro e antecipar o não reconhecimento da derrota. Ao longo desta semana, multiplicaram-se as declarações, os manifestos, as iniciativas de diferentes segmentos e entidades da sociedade repudiando a movimentação antidemocrática de Jair Bolsonaro e defendendo as instituições e o sistema eleitoral brasileiro. A “Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito!”, organizada pela Faculdade de Direito da USP, e que será lida em grande evento no dia 11 de agosto, foi assinada, até agora, por mais de 300 mil cidadãos, incluindo alguns dos mais destacados empresários, banqueiros e intelectuais brasileiros, e onze ex-ministros do STF.  

O manifesto adverte para os riscos de desestabilização das instituições da República, e afirma: “Ataques infundados e desacompanhados de provas questionam a lisura do processo eleitoral e o estado democrático de direito, tão duramente conquistado pela sociedade brasileira. São intoleráveis as ameaças aos demais poderes e setores da sociedade civil e a incitação à violência e à ruptura da ordem constitucional”. A este manifesto somam-se várias outras iniciativas de mesmo teor, como o manifesto liderado pela SBPC, intitulado “Manifesto pelas eleições e pelas urnas eletrônicas”, e o abaixo-assinado promovido pelo movimento “Direitos Já!” A FIESP-Federação das Indústrias do Estado de São Paulo e a FEBRABAN-Federação Brasileira de Bancos preparam outro manifesto, para leitura na mesma sessão solene da Faculdade de Direito.  

São todas iniciativas suprapartidárias, envolvendo pessoas das mais diversas correntes políticas, focando na repulsa ao golpismo e na defesa da democracia e das regras eleitorais, sem qualquer referência às candidaturas a presidente. Este despertar da sociedade brasileira pode construir uma barreira política de proteção da nossa democracia, desmontando a estratégia autoritária de Bolsonaro. Mais ainda quando a comunidade internacional sai em defesa da democracia e do sistema eleitoral brasileiro, principalmente depois da palhaçada com os embaixadores no Palácio