Carro da Polícia Federal, atingido pelos tiros de Roberto Jefferson.

Carro da Polícia Federal, atingido pelos tiros de Roberto Jefferson.

 

As eleições deste domingo 30 de outubro são as mais importantes da história do Brasil desde a redemocratização, precisamente porque estará sendo decidido nas urnas o futuro da democracia brasileira. Jair Bolsonaro é uma ameaça à democracia. Embora 79% dos brasileiros declarem que a democracia é o melhor regime político para o Brasil, mais de 50 milhões de eleitores brasileiros se inclinam a apoiar a reeleição de Jair Bolsonaro, o presidente que vem, sistematicamente, agredindo e desrespeitando as instituições, e anunciando que poderá refutar o resultado das urnas, caso não seja eleito. A narrativa de fraude eleitoral vem sendo alimentada por Bolsonaro ao longo do seu governo, e intensificada com a tentativa de desqualificação das urnas eletrônicas, um dos mais modernos, avançados e seguros sistemas eleitorais do mundo. 

Nesta semana, a poucos dias do segundo turno, o presidente-candidato levantou novo questionamento do processo eleitoral, alegando que oito emissoras de rádio tinham deixado de transmitir algumas das inserções publicitárias da sua campanha. A maioria das emissoras negou a acusação e outras informaram que não transmitiram porque não tinham recebido as peças publicitárias em tempo. Para Bolsonaro não interessam os fatos, ele utilizou a suposta falha na transmissão para denunciar que estaria havendo interferência e manipulação de resultados em favor do seu adversário. Esta é mais uma jogada do presidente na construção da narrativa de fraude para o caso, provável, da sua derrota nas eleições do domingo. Seguindo o exemplo, mesmo fracassado, de Donald Trump, tudo indica que ele fará um discurso inflamando para mobilizar suas milícias virtuais ou reais e, desta forma, provocar uma crise institucional na tentativa de tumultuar o pleito. O incidente do tresloucado Roberto Jefferson, utilizando o seu arsenal para atacar a polícia federal, é uma amostra da fúria dos bolsonaristas contra as instituições, e uma sinalização da reação de Bolsonaro diante de uma derrota eleitoral. Assim, para salvar a democracia não basta rejeitar a reeleição de Bolsonaro. É necessário preparar as instituições e as forças democráticas para evitar as provocações, e impedir que os bolsonaristas joguem o país numa profunda crise política e institucional.