Reconciliação

Reconciliação

 

Nos Estados Unidos, a resistência a Trump veio do chefe do Exército. Que se negou a apoiar a invasão do Capitólio. Na Inglaterra, a resistência à crise política veio com o mecanismo de substituição parlamentar. Três primeiros-ministros em menos de sessenta dias. E, no Brasil?

A primeira tentativa de fragilizar a segurança da eleição foi com a manobra para voltar o voto escrito. Fizeram tudo para desmoralizar a urna eletrônica. Não conseguiram. Todo mundo sabe que, na urna eletrônica, o voto não fica nas mãos voláteis de fortuitos interesses.

A segunda tentativa de enfraquecer a votação foi arguir a fidelidade das pesquisas eleitorais. Ora, as empresas que fazem pesquisa no país são reconhecidas como modelos de excelência técnica. Metodologias praticadas nas democracias. O jeito foi criar uma CPI das pesquisas. Imagine só.

A terceira tentativa, agora, é com a descabida imputação de que emissoras de rádio no Nordeste não colocaram no ar mensagens da candidatura Bolsonaro. Cinco emissoras. Ou 0,16 % do total. O que ficou comprovado? Que as emissoras levaram ao ar as mensagens. E o Tribunal Superior Eleitoral – TSE indeferiu a denúncia artificiosa.

O que resta de tal cenário? Um: que o governo não consegue fugir de números que antecipam a derrota de Bolsonaro. Principalmente depois do episódio de violência de 50 tiros e três granadas, dados pelo aliado do presidente, ex-deputado Roberto Jefferson. O que confirma o diagnóstico de que a política de armar a população propicia perigosas consequências à população.

Dois: que o governo está à cata de pretexto para melar a eleição. Mas Bolsonaro não tem apoio político, nem militar, para isso. Sabe-se que, após a improvisada coletiva do secretário de Comunicação, no palácio, o presidente fez consultas. As esferas de poder, consultadas, na Esplanada e nas Forças Armadas, desestimularam qualquer iniciativa de adiar a eleição.

Ou seja, após três tentativas de enfraquecer o processo eleitoral, o país vai realizar o segundo turno da eleição. Com segurança e respeito às regras do jogo. Enfrentando poderosa máquina de fake news. E de assédio eleitoral por empresas inescrupulosas. Por meio de atento monitoramento da Justiça Eleitoral.

E, do lado adversário, o que se passa? A sensata formação de uma Frente Democrática. Capaz de dar sustentação política ao outro candidato, se for eleito. Como mostram as pesquisas.

Primeiro, foi a presença de Geraldo Alkmin na chapa de Lula. Um social-democrata que governou São Paulo duas vezes. Depois, foi a incorporação de Marina Silva, uma defensora do meio ambiente. Nome internacionalmente conhecido nessa área. Com serviços prestados à causa.

E, na sequência, no segundo turno, a participação lúcida da senadora Simone Tebet. Que teve atuação exemplar na CPI da covid. Por onde formou convicção de que a melhor via política para o país é a mudança.

Na prática, o que se está constituindo é uma base parlamentar e política com o objetivo de reconciliar o país consigo mesmo. O governo Bolsonaro semeou o ódio desde que assumiu. É urgente descontruir a máquina de produzir violência contra instituições.

É essencial promover a reconciliação entre os brasileiros. O brasileiro quer investir e crescer. E comer. É inadiável executar um programa de combate à fome de 13 milhões de brasileiros. Restaurando o Conselho Nacional de Segurança Alimentar. O Brasil quer paz. Reconciliado na fraternidade nacional.