Lisboa. Já que domingo tivemos eleição, segue uma historinha das urnas. Em 1990, Homero Lacerda era já empresário de sucesso. E João Batista vigia de uma das suas empresas – a HSL Engenharia, aqui no Recife. Dando-se que Homero botou na cabeça que iria ser Senador ? sem perceber que “há distância entre intenção e gesto”, como dizia o português Ruy Guerra (em Roda Viva). E, engraçado, quase foi mesmo. Mas a Lei Eleitoral daquele tempo exigia que seu Partido, para ter candidato a Senador, também tivesse um a Governador. E, como foi disso informado só nas últimas horas do registro da chapa, já não havia ninguém, na sala, para assinar a ficha. E acabou sendo escolhido João Batista, que acabou candidato ao governo de Pernambuco. Dá pra acreditar?
Não tivemos o prazer de ver sua foto. Nem de ouvir sua voz. Por medo que algum jornalista o entrevistasse, e com receio do ridículo das declarações que daria, Homero deportou o pobre homem para São Paulo, onde permaneceu até a eleição. E voltou, só depois, à vidinha de sempre. Tudo parecia indicar que ninguém mais ouviria falar dele. E assim seria mesmo, não fosse a teimosia de Geraldo Freire. Para ele, Pernambuco tinha direito de ouvir a voz de quem quase foi seu governador. Razão pela qual ofereceu uma bicicleta ao ouvinte que conduzisse o ex-candidato até a Rádio Jornal, para ser entrevistado. Os eleitores de Pernambuco não sabiam quem era João Batista. Mas os vizinhos, de tanto sua mulher alardear o fato, sim. Afinal, em seus delírios, corria o risco de ser Primeira Dama. E formou-se um tumulto na porta de sua residência, em Santo Amaro, com todos querendo ganhar a tal bicicleta.
João Batista acordou com o alvoroço. Ao saber daquela oferta, vestiu-se apressado, pulou o muro por trás de casa e foi correndo até a Rádio. Entrou esbaforido no estúdio e pronunciou palavras com as quais ficou famoso, por aqui ? “Bons dia, dotô Geraldo, eu sô João Batista. E quem trouxe mim foi mim mesmo. Agora, mim dê a bicicreta”. Fugit irreparabile tempus, dizia Virgilio. E seguiu a vida. Na eleição seguinte, Homero acabou vereador do Recife. E João Batista continua seu vigia. Para ele, nada mudou. Na última vez que o vi, manhãzinha cedo, voltava para casa depois do trabalho. Pedalando a bendita bicicleta que ganhou na Rádio. Assobiando. Era um homem feliz. Viva a Democracia brasileira.
Extraordinário, amigo Zé Paulinho!!
E, viva a democracia brasileira; apesar do STF, do TSE, do Consórcio de Imprensa, dos “Institutos de Pesquisa”, do PT e de Lula…
Que D’eus tenha – muita!!! – piedade do Brasil e de seu pobre e valente povo.
Abraço forte e fraterno,
Esse Hélio Masur é um aluado. Não percebe que o Brasil começa a mudar depois da eleição.
Humor limpo de uma situação triste para a política de Pernambuco. Mais uma de Homero Lacerda.