A COP 28 – Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas – se reúne esta semana em Dubai, nos Emirados Árabes – um dos maiores produtores de petróleo do mundo – exatamente cinquenta anos depois da primeira crise do petróleo, quando a OPEP – Organização dos Países Exportadores do Petróleo – impôs um embargo na exportação para os grandes países ocidentais que apoiavam Israel na guerra do Yom Kippur. Como resultado, o preço do barril de petróleo multiplicou por quatro (de US$ 3 para US$12), provocando inflação e recessão em todo o mundo, realimentadas pelo segundo choque de petróleo em 1979, no rastro da revolução fundamentalista no Irã. Nas décadas seguintes, houve uma verdadeira corrida em todo o mundo de prospecção e produção de petróleo e gás natural para moderar a dependência dos países da OPEP, acompanhando a expansão do consumo dos combustíveis fósseis nas atividades econômicas e, principalmente, no transporte. O resultado tem sido o enorme aumento da emissão de gases de efeito estufa, que está provocando as mudanças climáticas, com os eventos extremos de violentos temporais, dramáticas inundações e seca em diversas partes do planeta e no Brasil.  

As evidências científicas do processo de aquecimento global e das causas antrópicas do fenômeno levaram à assinatura do Acordo de Paris, em 2015, quando os signatários assumiram o compromisso em torno da meta de limitação do aumento da temperatura média do planeta a 1,5º acima do nível anterior à revolução industrial. E, no entanto, oito anos depois, o relatório do Balanço Global que será discutido na COP 28 mostra que o mundo está longe de alcançar as metas do Acordo de Paris, que “a janela de oportunidade para o sucesso da ação climática está se fechando” e que, se não foram adotadas medidas profundas e ousadas de redução das emissões de gases de efeito estufa, “poderemos testemunhar a devastadora realidade de temperaturas globais acima de 1,5°C”. Para isso será fundamental a mudança radical da matriz energética, de modo a substituir os combustíveis fósseis por fontes renováveis de energia. Assim, parece curioso, para não dizer estranho, que a COP 28 seja realizada exatamente no país e na região do planeta que concentram as maiores reservas, a produção e as exportações de petróleo do mundo, o que sustenta suas economias e a alimenta a opulência das dinastias petrolíferas .