Graffiti en Puerto Colombia (Choroní, Venezuela) by Olga Berrios

Graffiti en Puerto Colombia (Choroní, Venezuela) by Olga Berrios

Tudo indica que Nícolás Maduro perdeu as eleições, pelo menos é o que se supõe diante do desaparecimento das atas (boletins) das urnas e sessões eleitorais. O Centro Carter, instituição independente que acompanhou as eleições na Venezuela, afirmou que a eleição “não atendeu aos padrões internacionais de integridade eleitoral em nenhum de seus estágios e violou numerosas determinações de sua própria legislação nacional”, razões pelas quais “não pode ser considerada democrática”, sem contar com todas as manipulações que o governo vinha fazendo para evitar que Maduro perdesse a eleição. No fundo, ele não deve ter ganhado as eleições como anunciado pelo Conselho Nacional Eleitoral. Não ganhou, mas está levando, ignorando as pressões de todas as partes do mundo, inclusive dos seus mais próximos aliados, como o governo do presidente Lula da Silva. Apesar dos protestos nas grandes cidades da Venezuela, reprimidos com vários mortos e centenas de presos, e das fortes críticas no exterior, Maduro vai se consolidando no poder e prometendo radicalizar com uma nova revolução no país. Contando com o reconhecimento da China, da Rússia, do Irã e de Cuba, Maduro não se incomoda com o isolamento mundial. 

Maduro aposta no tempo, esperando a acomodação e o arrefecimento da mobilização interna e das pressões externas, contando com a unidade das Forças Armadas no seu apoio. Mas, embora maduro se sustente num governo cívico-policial-militar, segundo sua definição, a demora das tensões, manifestações internas e pressões externas pode romper a unidade interna. O governo brasileiro tem um papel muito importante nos desdobramentos da crise, e mesmo num eventual processo de negociação para lidar com a grave crise política. Por enquanto, o Brasil mostra sinais contraditórios. A posição oficial correta do governo, exigindo a apresentação das atas eleitorais, conflita totalmente com a fala do próprio presidente Lula, sempre condescendente com Maduro, e manifestando total confiança na independência das instituições. Afinal, até quando ele vai esperar pelas atas eleitorais para tomar uma decisão?