Todos os anos é a mesma coisa: elevada secura do ar, combinada com a queima da roça e descuidos com fogo, provocando grandes incêndios que destroem a vegetação e, mesmo, áreas de preservação ambiental. Sem falar nos incêndios criminosos, com a intenção de destruir a floresta, abrindo o terreno para a atividade agropastoril. Mais de 15% da área do Pantanal já queimou neste ano. Na Amazônia, com o segundo ano consecutivo de seca, houve um aumento dos focos de incêndio, e São Paulo bateu o recorde de focos de calor, medidos pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em quase 30 anos.
O fenômeno histórico das queimadas se agrava a cada ano por conta de dois fatores de grande impacto: a intensificação da estação seca, por conta das mudanças climáticas, e a ampliação dos atos criminosos de queima das florestas. De acordo com o presidente o IBAMA, a queima criminosa aumenta na medida que é mais barata e menos arriscada que o desmatamento tradicional, por conta da fiscalização por satélite.
Os incêndios em São Paulo têm uma característica particular, até porque avançam sobre os canaviais, quando as usinas do Estado já não utilizam esta técnica de limpa do solo. Tudo indica que são incêndios criminosos e, segundo o governo do Estado de São Paulo, teriam o envolvimento direto das facções criminosas do PCC, como retaliação às medidas policiais de combate a outro delito, a adulteração de combustíveis em postos controlados pelo crime organizado. Alguns dos incendiários presos declararam-se ligados ao PCC e, de acordo com o Secretário de Agricultura de São Paulo, Guilherme Piai, o crime organizado teria comprado algumas usinas em recuperação judicial, e detém vários postos de distribuição do combustível no Estado.
Diante dos eventos climáticos extremos, que devem intensificar-se no futuro imediato, os governos e a sociedade devem antecipar-se, com medidas que evitem ou moderem os seus impactos nos biomas, incluindo os incêndios. Para tanto, devem combinar a conscientização da população e a orientação técnica aos pequenos agricultores, com a fiscalização e punição dos predadores, o monitoramento em tempo real dos focos de calor, e a ampliação das brigadas de combate ao fogo para atuar nos primeiros focos. O combate ao crime organizado é outra frente de ação, mais ampla e complexa, considerando a sua crescente irradiação na política, nas instituições do Estado (Polícia e Judiciário), e mesmo na economia, como o negócio florescente de postos de gasolina, e até usinas de produção de álcool.
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