O acirramento da polarização política no Brasil desperta e propaga uma onda de ódio entre as pessoas, políticos e partidos, que se manifesta também no desprezo e agressão às instituições de parte da direita antidemocrática. E o ódio, alimentado pelos discursos dos líderes políticos, leva diretamente à violência, que vai das agressões verbais, eliminação moral de adversários, invasão e destruição de instalações públicas, como no oito de janeiro de 2022, até a tentativa de assassinato de personalidades públicas. As bombas que explodiram esta semana na Esplanada dos Ministérios refletem o ódio que tem sido estimulado por grupos da extrema-direita ao STF-Supremo Tribunal Federal e, particularmente, ao ministro Alexandre de Moraes. Não se sabe até que ponto o lançamento destas bombas foi apenas uma ação isolada de um fanático ou faz parte de uma estratégia terrorista de uma organização de extrema-direita. Mesmo se for uma iniciativa pessoal de um radical alucinado, ela expressa um sentimento generalizado nos meios políticos da direita brasileira, amplamente difundido e estimulado nas redes sociais.
As investigações vão desvendar a dimensão do atentado e, sendo parte de um plano terrorista, deverão identificar e prender os membros da organização, reprimindo com firmeza a quebra da harmonia política e da paz social do Brasil. Diante do terrorismo, a repressão é necessária e inevitável. Entretanto, é necessário combinar a repressão aos extremismos que atacam as instituições democráticas com um esforço coletivo de distensão do ambiente político do país, de iniciativas e atitudes para quebrar a polarização política e ideológica que alimenta o ódio e a violência. O alívio da polarização depende dos dois lados, claro. Parte da esquerda é intolerante, mas a responsabilidade pelo acirramento das tensões nos últimos anos é da extrema-direita e, particularmente, dos seguidores imediatos do ex-presidente Jair Bolsonaro, que não aceitaram a derrota eleitoral em 2002, tentaram impedir a transição democrática em 2023 e continuam propagando o ódio aos adversários. O terrorismo na Esplanada dos Ministérios é um produto direto da campanha política nas redes sociais contra as instituições e da ameaça à vida do ministro Alexandre de Moraes, que capitaliza a fúria da ultradireita.
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