Ouço violinos que tocam Elgar
(poderia ser Bach ou Brahms)
– e sonho.
Perscruto a marcha dos dias
(e das noites, das auroras, dos crepúsculos)
– e sonho.
Sinto pó que parece cair de estrelas no firmamento
(mas também jatos de luz e de amor)
– e sonho.
Ah! Sonho e vejo este sol que queima
– sol real mudado, mais ardente
do que meu conhecido, velho sol.
Mais uma manhã, uma tarde, uma noite,
mais um dia para pensar na mudança do clima.
A paisagem ressecou.
Na minha cachoeira de tanta água
– cachoeira do Álef, na Fazenda do Tao –
o líquido tem escasseado.
E na Amazônia, no Pantanal – incrível!
Podemos viver sem água?
E com a vegetação queimada?
Com incêndios florestais?
Podemos viver sem natureza,
sem sua biodiversidade,
mas com aceleração do crescimento
(mais e mais programas de aceleração)
e mais e mais pessoas infelizes,
amedrontadas, trancadas em fortalezas?
Sonho e escuto um incessante arquejar de amantes
– vibrações, orgasmos, lucidez enlouquecida.
Amor que resiste.
O mundo natural é resiliente.
Encontra razões para não ceder
em face da insensibilidade humana.
Lição a ser aprendida.
Não perder nunca a esperança.
E lutar para que ela se materialize!
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