
Forças antagônicas
Um Brasil menos intoxicado. Menos polarizado. Mais dialogal. Mais lúcido. Mais eurotropical. Mais lúdico. Com pontos de consenso. Ajustados de comum acordo. Em uma agenda programática. E uma eleição sem Lula e Bolsonaro.
Virar a página. Reinaugurar a política. Sem ódio. Na simplicidade de conversa séria. Que é a matéria prima do ofício político. Como sempre se fez. Com novos atores. Novo ânimo. Outros candidatos em 2026. Desintoxicando o organismo político do país.
O Brasil está cansado. Da cisão do país. De uma sociedade dividida. De famílias apartadas. De agressões. O país assiste, pasmo, a dois impasses. De um lado, um impasse biológico. O outono de Lula. E a inexistência de um sucessor político. Inclusive porque o PT, eternamente hegemônico, obstrui o surgimento de candidato de outro Partido. De outro lado, um impasse ideológico. O bloqueio de Bolsonaro impedindo o aparecimento de outros candidatos. A direita, ao contrário da esquerda, tem nomes. Mas é uma pluralidade interditada pelo ex-presidente.
Lula e Bolsonaro é uma armadilha política. É uma falsa escolha. Porque eles se alimentam de ataques mútuos. Não existe horizonte político entre eles. Só há uma vontade vã de acabar com o outro. Não se debate política. Programa. Alimenta-se uma ira estéril. Que condena o país à pobreza intelectual. E ao opróbio moral. Diante desse impasse, o Brasil cai no abismo da polarização. Radicalizando posições. Empobrecendo o discurso. Eliminando chances. Desperdiçando a inovação. E tornando tóxico o ambiente político. Poluído pelo ódio. E pela falta de diálogo em favor de uma pauta de consensos. Como já fizemos. E se faz em toda democracia.
Após a Revolução de 1930, a elite política brasileira buscou e não encontrou sucedâneo para o sistema oligárquico da República Velha. Tentou em 1932\34. Veio o enfrentamento com São Paulo. Em 1937, criou a ditadura do Estado Novo. Até o golpe de 1964. Avançando pela redemocratização em 1985. De acordo com Thomas Skidmore, faltaram Partidos orgânicos e sobrou clientelismo messiânico. A fragilidade partidária continua. E o populismo, agora principalmente golpista, também permanece (Brasil: de Getúlio a Castelo, Editora Paz e Terra, Rio, 1976, pg. 367 e 368). Ao longo das décadas seguintes, o fracasso da política da esquerda propiciou a entronização de Jair Bolsonaro. Que, por um triz, não repetiu a experiência de junta militar. Por um triz é o nome do general Freire Gomes, comandante do Exército em 2022. Ele recusou a apoiar o golpe.
Em 2026, o Brasil precisa evitar o dilema fatal do populismo. Inconsistente e incapaz de gestão eficiente. Que alimenta a opção rala entre Lula e Bolsonaro. O PT esgotou seus quadros. E suas ideias. E Bolsonaro representa projeto de clã familiar. Sem propósito social. O futuro é uma construção. Depende de nossos sonhos. E de nossas mãos. Como escreveu Joaquim Cardozo: “Eu quero chamar o tempo, limpá-lo bem muito limpo, deixá-lo como um lustral, com ele faço os espelhos, onde durmo de joelhos, num sono só de cristal”.
O espírito desta revista é de direita neo-liberal.
Na exposição do embate Lula x Bolsonaro, esquece propositadamente, os conteúdos ideológicos e programáticos das respectivas propostas políticas, dos governos mencionados. É evasivo, quanto aos crimes comuns e sociais da extrema direita. Divulga que Lula não tem quem dê continuidade à sua administração, POREM a direita tem! Mas, admite, (quase em lágrimas), que seu representante está impedido…
Análise superficial e tendenciosa!
O artigo não reflete a opinião da revista, é de um colaborador.
Mas só uma interpretação enviesada pode ver nele um desejo de vitória de Bolsonaro, ou seus seguidores.
A preocupação é justamente evitar que, por não termos olho crítico para as falhas do atual governo, venhamos a devolver o comando do país para a extrema Direita. Pois há esse risco.
Clemente veja, não tenho como polemizar com você (até pelo respeito, que lhe tenho), mas “interpretação enviezada” é algo que depende totalmente da ótica de cada um.
O articulista não é neutro, em relação à análise do Governo.
Da minha parte, também tenho lado ideológico.
Prezados leitores,
O artigo “Sem Lula e Bolsonaro” propõe uma reflexão sobre a necessidade de superarmos a atual polarização política no Brasil, buscando um ambiente mais dialogal e menos intoxicado. De fato, a polarização excessiva tem se mostrado um obstáculo ao fortalecimento dos valores democráticos, dificultando o diálogo construtivo e a busca por soluções que atendam aos interesses de toda a sociedade.
É essencial reconhecermos que a diversidade de opiniões é natural e saudável em uma democracia. No entanto, quando as divergências se transformam em intransigência e intolerância, o tecido social se fragiliza, comprometendo nossa capacidade de avançar coletivamente. A polarização política decorre quando as partes optam por ofensas e ataques agressivos, em vez de buscarem o diálogo sério, responsável e construtivo .
Para que possamos construir um futuro mais inclusivo e próspero, é fundamental que cada um de nós esteja disposto a ouvir o outro, a compreender perspectivas diferentes e a buscar pontos de convergência. Somente assim conseguiremos desintoxicar o ambiente político e promover uma cultura de respeito mútuo e colaboração.
Convido a todos para que reflitam sobre como podemos, individual e coletivamente, contribuir para a redução da polarização e o fortalecimento da nossa democracia. Que possamos, juntos, trilhar um caminho de diálogo e entendimento, essencial para o progresso de nossa nação.
João Rego
O que esta pessoa, Marceleuze, não consegue entender é que os que advertem contra a estratégia eleitoral de polarização (na qual o Presidente Lula embarcou mais abertamente desde a nomeação do marqueteiro Sidônio Pereira), advertem contra ela exatamente porque percebem que, no atual espectro político que se formou no país, a polarização favorece a direita. Clemente Rosas j´á explicou que defender a polarização no atual contexto não garante a reeleição deste governo. Ao contrário. Estou surpresa, pois ainda imaginava Lula como uma raposa política. Mas ele esquece que venceu por pouco e com a ajuda de votos de centro. O centro do espectro político (que não é o mesmo que o “Centrão” chantageador) está identificando a virada atual (a exemplo de Gleisi no ministério, oferta a Boulos, visita a acampamento do MST, irresponsabilidade fiscal e invenção de bodes expiatórios para a inflação, insinuações sobre atuação do BC, distorção de finalidade de estatais, etc. ) como estelionato eleitoral. A campanha eleitoral de 2022 foi de frente ampla. Vi Lula explicito dizer à Presidente do PT, Gleisi Hoffmann, que este não seria um governo do PT. Agora nem imposta se é PT ou não, é um governo de ideias dos anos 1950s.