Editorial

 

Nem a melhor campanha publicitária pode vender um produto de baixa qualidade. Esta obviedade vale para um país que precisa construir uma imagem internacional positiva como meio para facilitar os entendimentos diplomáticos e as negociações comerciais. O Brasil sempre teve credibilidade e respeito nas relações internacionais graças uma diplomacia competente e a postura independente nos conflitos internacionais. Mas a imagem do Brasil depende também das condições internas do país, da estabilidade política e jurídica, da consolildação das instituições democráticas, do respeito aos direitos humanos e, não menos importante, da conservação do meio ambiente.

No caso brasileiro, a política ambiental tem um papel decisivo na imagem internacional por conta da emblemática Amazônia. Desde que assumiu o poder, o governo Jair Bolsonaro detonou todos os fundamentos de uma imagem positiva do Brasil no exterior. O presidente da República continua minimizando o desmatamento da Amazônia, mesmo quando o INPE-Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais anunciou que, nos cinco primeiros meses deste ano, ocorreu a mais extensa destruição da floresta, desde 2015.

E quando um grupo de grandes Fundos de Investimento adverte que podem suspender investimentos no Brasil se não houver uma “regulação estável e previsível e o arcabouço ambiental” alinhado com a sustentabilidade, o que diz o presidente? A imagem do Brasil no exterior não está boa por causa da desinformação.

Não, senhor presidente, a imagem está péssima pela sucessão de incompetência e ignorância do seu governo, do desmantelamento das instituições de controle ambiental e, mais particularmente, da política externa engatada em Donald Trump. Pra não falar da anti-política de saúde diante da pandemia. O mundo está muito bem informado sobre tudo isso e não pode levar a sério o Brasil.