Quando Joe Biden tomou posse na Presidência dos Estados Unidos, na última quarta-feira, o mundo acordou de um longo pesadelo que tinha a nação mais poderosa da História controlada (ou descontrolada) pelo topete estúpido e arrogante de Donald Trump. Os americanos, mesmo ainda muito divididos, vão também acordar do pesadelo da presença grosseira de um presidente que cultivava ódio em cada pronunciamento e difundia desprezo nas decisões que ameaçavam o mundo.
O discurso de posse de Joe Biden transmitiu a serenidade política que faltava, e que deve ser a marca de um chefe de Estado, no seu conteúdo equilibrado, e na forma civilizada e respeitosa. Enquanto Trump gastou seu mandato disseminando o confronto e a divisão na sociedade norte-americana e entre as nações, o presidente Biden pediu união dos americanos, prometeu reunificar a nação fragmentada pelo fanatismo dos seguidores de Trump, e lutar pela justiça racial.
Não será fácil, mas o importante neste momento é o recado e o exemplo do chefe de Estado. Biden anunciou ainda: um retorno à normalidade das relações diplomáticas internacionais e à cooperação global em temas emergentes de interesse mundial, a volta ao Acordo do Clima, o fortalecimento da OMS – Organização Mundial da Saúde, e a revisão dos rígidos controles migratórios, a começar pelo muro na fronteira com o México e pelo fim imediato da separação de famílias de imigrantes.
A ausência de Trump na cerimônia de posse, confirmando sua intolerância política, foi providencial: permitiu que o evento corresse com a cordialidade e a serenidade da transição de poder numa democracia. Resta agora o pesadelo dos brasileiros. Mas o descarte de Trump no lixo da História pode ajudar a restaurar a serenidade na política brasileira.
Oxalá! Oxalá a vitória dos democratas nos Estados Unidos ajude a conter os arroubos destrutivos deste que o “The Economist” já ironizou como “Trump tropical”.