Estão em livro que estou escrevendo (título da coluna). Hoje, apenas com histórias relacionadas à posse na Cadeira 39 da Academia Brasileira de Letras.
JOÃO VEIGA, médico. Encontrou, na festa, o imortal Geraldinho Carneiro e perguntou
– O senhor é Gerald Thomas?
– Sou.
Achei graça e disse baixinho, a Veiga,
– Você está falando é com o jornalista Zuenir Ventura.
– O senhor é Zuenir?
– Sou.
– Afinal, quem é o senhor?
– Sou quem você quiser que eu seja, doutor.
MARCELO NAVARRO RIBEIRO DANTAS, ministro do STJ. Na cerimônia de entrega do Relatório Final da Comissão Nacional da Verdade (em 2014), disse Marcelo da gravata que usei
– É a mais bonita que já vi.
– É sua.
Entreguei. Ele
– Vou guardar para usar em sua posse na Academia Brasileira de Letras.
E usou mesmo, 8 anos depois. É um vidente.
MARCOS VILAÇA. Não pôde fazer o Discurso de Recepção, em razão de problemas médicos. E lembrei na hora um bilhete de aniversário que lhe mandei, no passado que passou:
– Vilaça amigo/ Ouve o que digo
Tô com saudade/ Da mocidade
Da vida rude/ Da juventude
Da vida boa/ De andar à toa
E da maçada/ De fazer nada
Com a indolência/ A competência
A imprudência/ E a impertinência
Dos desenganos / Dos verdes anos.
Ao fim, reconheci que os verdes anos já se foram e fiz votos de que muitos anos maduros ainda nos esperam.
MARIA LECTÍCIA. Para ela, no disco Cantorias de Pé de Parede, escrevi esses versos no gênero As Coisas que eu Gosto de Fazer, que recitei na cerimônia:
– Eu ficava querendo um dia ver-te
Quando um dia te vendo eu me perdi
Em teu rosto afinal compreendi
Que a vida só vale para ter-te.
E o pecado tão doce de querer-te
Não permite que eu possa te esquecer
Em teus braços me entrego por saber
Que tu’alma será um dia minha
Para sempre serás minha rainha
São as coisas que eu gosto de fazer.
Na manhã radiosa desse dia
Pelo qual sem saber sempre esperei
Pressenti que te tendo eu não terei
A tristeza que o peito pressentia.
E que eras tu mesmo eu já sabia
Sem que fosse preciso nem dizer
Porque sempre sonhei que iria ver
Teu sorriso sorrindo para mim
E eu sorrindo a teu lado até o fim
São as coisas que eu gosto de fazer.
E ao fim declarei, aos agora confrades, Maria Lectícia essa cadeira é sua.
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