O projeto “Novo Recife” que prevê a implantação de um complexo residencial, empresarial e hoteleiro no cais José Estelita, no Recife, tem gerado uma grande controvérsia entre urbanistas, liderados pelo Grupo Direitos Urbanos, e as empresas líderes do empreendimento. Mesmo com as alterações introduzidas no projeto depois de exigências da Prefeitura, o movimento urbanista continua rejeitando em bloco projeto argumentando que estará criando um “cinturão de torres, do Iate Clube aos fundos da Polícia Rodoviária Federal, na Avenida Antônio de Góes, uma cerca de alta renda apropriando-se da paisagem, desequilibrando-a sem qualquer sintonia e harmonia com as demais construções e usos que se poderiam fomentar na região, um autêntico arras tão dos ricos sobre os mais pobres, situação nada compatível com os princípios de transparência, participação popular, planejamento e desenvolvimento urbano previstos no Estatuto da Cidade, na Lei Orgânica e no Plano Diretor da Cidade do Recife”. Sem explicitar o que deve ser alterado ou, ao menos, um projeto alternativo, a oposição dos urbanistas simplesmente impede uma intervenção que promove uma reestruturação urbana de uma área degradada e sem uso pela sociedade num espaço nobre do território recifense. Na semana passada, o Jornal do Commércio publicou uma matéria que outro conflito de percepção e de interesses, desta vez opondo aos urbanistas os moradores da região de influência do Projeto – Bairro de São José, São Antônio e Rua Imperial – que defendem com entusiasmo o Projeto Novo Recife com a expectativa que o mesmo acabe com o abandono da área. Segundo dizem, o Cais José Estelita é espaço de bandidos, traficantes e viciado s em droga e o projeto vai criar grandes oportunidades de emprego, negócios e renda e melhorar o ambiente urbano. É provável que o projeto tenha defeitos e alguns impactos negativos. Mas a discussão deve se voltar para a busca e negociação de alternativas e deve partir do princípio que a proposta do capital privado deve ser negociada e não descartada, pura e simplesmente por ser do capital privado.
Conselho editorial
Ivan Rodrigues sobre o discurso do Presidente Mujica, na assembléia da ONU
Meus queridos amigos da Revista Será: Concordo com vocês que qualquer opinião pré-fabricada, sem discussão merecida do assunto é puro preconceito. Porque não discutir? A propósito, faz dois dias que eu leio e releio o discurso de José Mujica na assembléia da ONU e a reconheço como a maior peça humanista desta geração e tem absoluta pertinência com o debate que julgamos e entendemos como necessário.
Vejam que esse “cara” não usa gravata nem na assembléia da ONU e, como se sabe, usa um pequeno Fusca para seu transporte pessoal. Supremo mandatário do seu pequeno país, dá uma lição de humanismo ao mundo inteiro, afirmando-se como o maior estadista desta geração. Já lí e relí várias vezes o texto de Mujica. Confesso que nunca havia lido um trabalho tão bonito. De consistente realce dos valores mais dignos da humanidade, sem perder a leveza da poesia jamais vista em documentos oficiais. Abrangente das dores do mundo inteiro e sem esquecer a miséria infamante do terceiro mundo, lamenta o descaminho da civilização dominante que tem como objeto o supérfluo e o desnecessário. Tem a perfeita consciência da modéstia de sua mensagem diante dos reiterados recados belicosos dos grandes impérios, mas insiste nos sonhos alimentados pela UTOPIA. A lição do grande estadista Mujica deveria ser adotada como objeto de estudos, debates e reflexões em todas as escolas do mundo inteiro e em todos os organismos, ditos de desenvolvimento, que tenham ainda um fiapo de esperança no futuro da humanidade. Com perdão da intimidade (é da cultura brasileira!) que todos os homens e mulheres do mundo lhe abençõem Zé Mugica!!! Com um beijo no fundo do coração. Ivan Rodrigues
O CAIS JOSE ESTELITA E UM LINDO LOCAL.
DEVIAM CONSTRUIR PREDIOS LUXUOSOS E ATE UM SHOPPING .
MAS OS RECIFENSES TEM UM BAIXO QI , NAO TEM BOM GOSTO E NAO AMA O RECIFE.
RECIFE E LIMDISSIMO.
MAS O POVO …QUE VERGONHA .
SINTO SAUDADE DO RECIFE .
E QUERO MUITA DISTANCIA DOS RECIFENSES.
Concordo com Ito Cavalcanti quando diz ser lindo o meu Recife; não, quando fala do povo, que, para mim, faz bela a nossa cidade dos Arrecifes do Navio. “Pois é do sonho dos homens que uma cidade se inventa” – Carlos Pena Filho – Guia prático da cidade do Recife.
De Brasília, onde moro, acompanho o debate sobre o “Novo Recife”. Creio,a atual proposta atende quem quer o empreendimento “humanizado”.
Vivo n’uma cidade projetada, construida no cerrado, hoje vibrante e humana, moldadas pelos que aqui moram, convivendo todas as boas e más facetas de qualquer metrópole brasileira. E sempre em processo de correção, mutante que é.
Os do contra, por apenas contrários, sempre serão. Não lêem, não vêem, não debatem. Apenas clamam, qual profetas do Apocalípse na permanente aridez das sandices.
Nos anos 1970, quando iniciávamos o projeto Suape, sofremos ataques, em especial dos autointitulados “Cem cientistas”. Pedíamos, mas não apresentavam propostas, fugiam do debate. Dogmáticos!!!
Erramos em Suape? Sim! Errariamos mais, não fossem as contibuições positivas que recebemos, e que nos permitiram correções.
Fica a lição!