A batalha do cais
O processo atropelou o projeto. A pressão dos movimentos sociais liderados pelo Ocupe Estelita levou à reformulação do desenho original do projeto Novo Recife previsto para o Cais José Estelita: aumento da área pública de 45% para 65% da área total, redução da altura média das torres de 40 para 14 andares e integração com a cidade pelo acesso da Avenida Dantas Barreto ao cais. Além disso, o projeto assume várias medidas mitigadoras e de melhoramentos na área como a restauração da igreja de São José e retirada do viaduto que esconde o Forte de Cinco Pontas. Essas mudanças no seu desenho tornam o projeto Novo Recife um empreendimento de grande impacto na requalificação urbana da cidade, particularmente numa área degradada do Recife. No entanto, um conjunto de falhas e precipitações de procedimento e nas negociações com a sociedade realimentaram as manifestações e os protestos do OcupeEstelita que comprometem o projeto. Provavelmente por isso, as críticas atuais dos movimentos sociais já não ressaltam os defeitos do projeto, concentrando-se nos processos e no que consideram irregularidades legais. Mas para a opinião pública o que fica é o sentimento de que projeto continua sendo um absurdo, que vai destruir o patrimônio da cidade, que serve apenas aos ricos e à ganância dos especuladores imobiliários. Tudo isso é uma grande simplificação da realidade e do projeto. De qualquer forma, confirmadas as irregularidades processuais, cabe à Prefeitura reabrir o processo de aprovação seguindo os prazos e as etapas. Para que um bom projeto não seja inviabilizado por falhas processuais.
Uma belíssima foto, para um belo projeto. Mas, como sempre, o povo não se esclarece ao povo, como deveria e os desentendimentos se seguem. E, como sempre, aparecem as ” falhas processuais ” que como diz o edital, pode inviabilizar o projeto. Então façam a coisa com transparência.
Prezados,
Gosto muito de viajar, tendo já a oportunidade de conhecer diversos países .
Em muitos, pude conhecer magníficos projetos de requalificação de áreas urbanas degradadas, que possibilitaram um verdadeiro renascimento de regiões que antes se encontravam em lastimáveis estado de conservação e completo abandono.
Conheço os arquitetos Alexandre Maçães, Marco Antônio Borsoi e Jeronimo da Cunha Lima, encarregados do Projeto Novo Recife, todos portadores das mais altas qualificações, sensibilidade e competências, para executar esse planejamento de forma inteligente, permitindo contemplar tanto os interesses dos investidores, quanto também os dos munícipes, trazendo de volta à cidade do Recife, um novo olhar e muita vida dessa abandonada região.
Sem entrar no mérito das questões processuais, pois que no Brasil isso pode resultar em infinitas e intermináveis discussões, dada à sua complexidade, entendo que a matéria foi por demais discutida e analisada, tendo já sofrido consideráveis alterações de seu formato original, fruto de ( algumas! ), justas demandas dos movimentos sociais organizados.
Agora, está no hora de abraçarmos o Novo Recife, permitindo o resgate dessa moribunda área da cidade, trazendo um novo olhar, com um competente projeto que permitirá uma melhor mobilidade, grandes áreas verdes, de lazer e esporte, vida e alegria, contribuindo decisivamente para a melhoria dessa região, sem prejuízo de seus valores artísticos, históricos e culturais.
Recife e sua população, só têm a ganhar.
Mãos à obra.
as pessoas que se propõe a administrar nosso brasil em primeiro lugar deveria ser patriota e pensar no povo que sofre carência de tudo.
Vários aspectos envolvem esta discussão, e podemos discuti-lo isoladamente ou em conjunto. Abordemos alguns deles, presentes nas movimentações recentes.
O primeiro, é de que os jovens que participam do Ocupe Estelita acreditam e afirmam estar falando pelo povo recifense, sem nunca ter obtido este direito em algum lugar, seja em eleições, seja em manifestações de grande expressão. Uma manifestação pontual de 2 a 3.000 pessoas não os autoriza a falar em nome do povo – podem, sim, falar em nome deles próprios, em nome de um movimento, de uma tendência. Nos anos 60, com manifestações centenas de vezes superiores a estas, os estudantes (eu, inclusive) julgavam estar falando em nome do povo, que em nenhum momento se manifestou contra a ditadura militar. Posteriormente, alguns milhares de militantes pegaram em armas em nome do povo, que pouco sabia desta ação, e assim foram exterminados na surdina.
A liderança deste movimento (PSOL) ainda vive sob o manto stalinista e, com um discurso muito afiado e articulado, consegue evitar que esta juventude que os acompanha ouça, veja, e perceba os fatos, combatendo os excessos equivocados do projeto, mas não a entendendo como uma luta revolucionária. Para eles, não interessa um projeto real, possível, viável para a cidade e com os recursos disponíveis. Não, interessa apenas a utopia, o ideal, com o estado (ele, sempre ele) assumindo toda a área e permitindo que um grande Conselho Popular discuta exaustivamente o projeto dos sonhos, que seria executado com suas verbas abundantes.
O segundo, é o caráter anticapitalista que tentam dar ao movimento, e o dedo do PSOL é determinante neste sentido. Como imaginam que uma área daquela (Estelita) seria recuperada pelo Estado? Um Estado falido, quebrado, que não consegue dar sequência ao Canal do Sertão, à Transnordestina, e a tantas outras obras e serviços, como este Estado vai construir e operar este equipamento Estelita? Não vai, e suas lideranças sabem disso. Mas faz parte da tática levar o movimento ao confronto – mostrar o quanto abominável é o capitalismo, o quanto detestável são os empresários que querem lucrar (pecado capital), o quanto comprometido estaria o governo com estes empresários.
Um terceiro, é abordado no editorial acima, são as falhas processuais, insistentemente destacadas pelas lideranças do movimento, decoradas por jovens militantes como um mantra que revelaria o quanto os capitalistas atuam na ilegalidade com a complacência das autoridades. No entanto, embora sem entrar em detalhes, a maioria das ações judiciais e os pretensos descumprimentos da lei, envolvem decisão judicial ainda não julgadas – pequeno ¨detalhe¨ que não vem ao caso.
O que o que vai de fato acontecer é uma expressiva melhoria no projeto (objetivo muito importante) e sua efetiva construção. Moura Dubeux, Queiroz Galvão e outras consorciadas, vão construir e vão ganhar dinheiro, claro, porque elas não são uma ordem religiosa, mas vão CONSTRUIR. Vão fazer o que acertaram com os representantes da comunidade – Câmara dos Vereadores, Prefeitura, Procuradoria, Governo do Estado. O Ocupe Estelita vai se esvaziar, e uma boa parte vai ser direcionada pelo PSOL para um outro movimento radical. E assim vamos vivendo.