Editorial

Dilma Rousseff foi afastada da presidência da República porque estava levando o Brasil ao desastre econômico. Para além dos crimes de responsabilidade, o julgamento do Congresso que a afastou foi político e reflete a desmoralização da presidente e, principalmente, o descontentamento da sociedade com a situação econômica e social, com a recessão econômica que gera desemprego, com a inflação que corroí o poder de compra e com o desequilíbrio fiscal que impede a implantação de projetos e a oferta dos serviços públicos. Da mesma forma que derrubou Dilma, a economia é o que importa agora no governo (mesmo transitório) de Michel Temer. Simplificando, podemos dizer que o Brasil precisa agora de um contador, alguém que saiba fazer contas, distinguir receita e despesa, para reequilibrar as contas, recuperando a capacidade de gasto e de investimento público. O Brasil precisa de um governo com racionalidade e realismo fiscal que tente tirar a economia brasileira do buraco, que assuma a condução da política econômica. Sem isso, não adianta discutir políticas públicas porque simplesmente o Estado brasileiro está falido, não tem dinheiro para nada, sem o que nenhuma política tem viabilidade. As grandes definições de políticas e estratégias de desenvolvimento ficam para 2018. Agora, trata-se de reorganizar a economia, sem o que chegaremos às eleições gerais destroçados. Mas não existe milagre na economia e por mais que o governo Temer acerte, a recuperação será lenta e difícil. Existem, contudo, dois fatores que podem ajudar no reequilíbrio da economia: as pressões inflacionárias decorrentes das tarifas represadas já foram praticamente absorvidas pela economia, o que permitirá redução das taxas de juros; e a enorme ociosidade das atividades produtivas, resultante da recessão, facilita uma recuperação da produção (e do emprego) se os juros caírem e se for recuperada a confiança da sociedade. Este é um ano decisivo na história política do Brasil. E o fundamental agora é a economia.