A nomeação de Sérgio Moro para o novo Ministério da Justiça e da Segurança Pública está sendo duramente criticada pelo PT-Partido dos Trabalhadores questionando a honestidade do juiz e a sua isenção no julgamento e na condenação do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva. A entrada de Moro no governo realimenta a narrativa de golpe e a velha teoria da conspiração que já vinha sendo utilizada na desqualificação da operação Lavajato. É importante lembrar, entretanto, que o juiz Sérgio Moro condenou vários outros políticos e importantes empresários e não apenas o ex-presidente. E que, embora Lula tenha sido condenado em julho de 2017, a sua prisão só foi decretada em abril de 2018 depois que a 4ª Região do Tribunal Regional Federal confirmou a condenação por unanimidade e aumentou a pena definida por Moro. Como o juiz Sérgio Moro ganhou notoriedade e respeitabilidade no Brasil e no exterior pela sua atuação à frente da força tarefa da Lavajato no combate à corrupção no país, é provável que o governo Bolsonaro saia fortalecido com a sua nomeação para um dos mais importantes ministérios. A entrega do Ministério da Justiça e da Segurança Pública a Moro pode ser interpretada como uma sinalização de que o novo presidente está inclinado a promover o desmonte da máquina de corrupção no Brasil, fortalecendo a posição e a atuação do principal líder deste movimento. De tal modo que pode mesmo contribuir para amenizar a imagem negativa de Bolsonaro como o ditador que não respeita os direitos humanos. Se for confirmado que o novo ministério reunirá a Policia Federal, a CGU (Controladoria-Geral da União) e o COAF (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), atualmente no Ministério da Fazenda, o ministro terá ampliada significativa a sua capacidade operacional de combate à corrupção. A partir de agora, os processos de corrupção contra o ex-presidente Lula não serão mais julgados pelo juiz Sérgio Moro e a operação Lavajato terá novo comando em Curitiba. Estranho que o PT e o ex-presidente não estejam comemorando a saída do seu algoz.
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Perfeito, para o espaço do Editorial. E que os críticos tenham consciência da diferença entre Editorial e artigo. Em artigo podem ser analisadas especulações, como a dos que dizem que a política vai corromper Moro, o que é tão faccioso quanto dizer que a aceitação de Moro seria comprovação de que ele estava agindo na Lava Jato com viés político. Ou a imbecilidade que é vir agora com a ideia da quarentena. Nenhuma dessas especulações é baseada em fatos. Por ora, um técnico competente assume um cargo de governo. E quarentena existe para que um funcionário de governo, ao sair, não transfira informação indevida para o setor privado. Não faz sentido quando a pessoa tem informação que o governo de qualquer modo deveria ter. Aliás, a mesma seita já tinha vindo com essa ideia de quarentena quando Ilan Goldfajn foi nomeado presidente do BC, como se o BC não devesse ter informações sobre os bancos privados.
Como opinião da Revista, o Editorial está muito bom porque expressa claramente, sem tergiversar ,sobre o que pensa o conselho editorial da publicação. Se fosse um artigo teria vários problemas, começando por não fazer um inventario das diferentes análises de especialistas sobre o affair Moro. Por enquanto, fico com a posição de Ayres de Brito, que eu já tinha expressado logo que soube da aceite do convite. O problema diz respeito a imagem e ao símbolo de independência dos poderes. Deixo, no entanto bem claro, que não quero dialogar com o o Editorial da Revista porque traduz um conceito que não tem o que discutir.