A Revista Será se alegra com o debate aberto pela “Opinião” desta semana com manifestações e pontos de vista bem diversos de vários dos seus interlocutores. Este é o nosso objetivo: promover e estimular o debate de ideias, de preferência ressaltando as dúvidas e não as certezas, estas que quase sempre são uma porta para o fanatismo. Lamentamos apenas que se utilize no debate o mecanismo malicioso de desqualificação das pessoas – no caso Yoani Sanchez – em vez de argumentar contra as suas opiniões. De um modo geral, é a fragilidade ou a carência de argumentos consistentes e convincentes que levam a esta tática, fugindo do debate e se escondendo por trás das velhas acusações stalinistas de “agente do imperialismo”, numa forma de repressão moral e inibidora dos críticos. No caso da blogueira cubana, a repressão dos seus opositores foi além da tentativa de desqualificação passando para a agressão direta e tentativa de impedir a sua livre manifestação. Conseguimos construir uma democracia no Brasil para que todos possam manifestar sua opinião, o que significa também a garantia para que o façam livre e abertamente todos aqueles que querem e tenham algo a dizer.
Leia também: Quem tem medo de Yoani?
Uma pena o silêncio da grande mídia e de muitos blogs sobre a longa entrevista com a blogueira cubana que já postei aqui, em tres partes. De que adianta comentar, aqui ou alhures, se os comentários mais argumentados são ignorados?
Nenhuma nota também sobre os mais satisfeitos cicerones da blogueira na Câmara? Ronaldo Caiado e Jair Bolsonaro, dois dos mais “notórios” defensores da liberdade entre nós?
A todos que porventura, para além de breves notas ou dos protestos inconformados, à direita e à esquerda, se interessem mesmo em discutir o sucesso internacional desta blogueira, segue o link para a entrevista, agora, na íntegra, realizada por Salim Lamrani:
http://www.viomundo.com.br/entrevistas/salim-lamrani-um-bate-papo-com-yoani-sanchez.html
Sumárias informações sobre o entrevistador retiradas da Wikipedia:
Salim Lamrani: est un enseignant et essayiste français chargé de cours à l’Université Paris-Sorbonne et à l’Université Paris-Est Marne-la-Vallée1. Il écrit principalement sur Cuba, et ses relations avec les États-Unis. Docteur ès Etudes Ibériques et Latino-américaines de l’Université Paris-Sorbonne Paris-IV [2], il est membre du Centre de Recherches Interdisciplinaires sur les Mondes Ibériques Contemporains (CRIMIC) de l’Université de Paris-Sorbonne Paris IV2, et du Groupe interdisciplinaire sur les Antilles Hispaniques et l’Amérique Latine(GRIAHAL) de l’Université de Cergy Pontoise.
Cara Emilia
Pessoalmente, penso que a Opiniao desta semana “Ainda sobre Yoani” procurou se posicionar diante dos seus comentarios e dos blogs que inseriu quando disse que não se pode fugir do debate atraves da tentativa de desqualificação do interlocutor. Tudo o que a Revista Será tem criticado é a utilização deste mecanismo de desqualificação da blogueira e manifestações que a tentaram cercear a sua liberdade de manifestação. Nem sequer entrou no mérito do seu discurso. O que importa é o debate. Que tal, Emilia, questionar com os comentarios mais argumentados as opinioes de Yoani Sanchez, independente de se pergunta porque voltou da Suiça para viver em Cuba, ou qual a sua fonte de recursos? Acho que a revista Será? oferecerá espaço para você fazelo. Abraços e continue brigando pelas suas ideias.
Caro Sérgio,
Não compreendo por que haver-se-ia de questionar os comentários e as opiniões da blogueira, “independente de se perguntar por que voltou da Suiça para viver em Cuba, ou qual a sua fonte de recursos”? Independente por que? Seria mesmo uma necessária ou recomendável pré-condição deixar de lado esses dois pontos?
Agradeço a sua sugestão, todavia as questões mal respondidas ou não respondidas a Salim Lamrani me pareceram suficientes para indicar que não apenas jovens afobados e mal educados merecem ser criticados.
A título de exemplo, estas perguntas e respectivas respostas, relativas ao blog mantido por Yoani (parte da entrevista que já postei aqui, na íntegra):
“SL – E a tradução para 18 línguas?
YS – São amigos e admiradores que o fazem voluntária e gratuitamente.
SL – Muitas pessoas acham difícil acreditar nisso, pois nenhum outro site do mundo, nem mesmo os das mais importantes instituições internacionais, como as Nações Unidas, o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional, a OCDE, a União Europeia, dispõe de tantas versões de idioma. Nem o site do Departamento de Estado dos EUA, nem o da CIA contam com semelhante variedade.
YS – Digo-lhe a verdade”.
Cada um é livre para se contentar com essas duas breves respostas de Yoani. Parece-me, todavia, que não seria imprudente colocá-las em dúvida… Demandam, no mínimo, cautela antes de um voto de confiança mais ou menos cego ou crédulo!