A entrada em massa dos deputados evangélicos na Comissão de Diretos Humanos da Câmara de Deputados parece indicar uma estratégia política desses religiosos para ocupar espaços e desviar o debate político do Brasil para aspectos comportamentais com as posições quase medievais dos seus líderes. Os disparates do presidente da Comissão, deputado pastor Marco Feliciano, para quem Deus anda por aí matando os ateus e descrentes, propaga uma guerra religiosa contra o sistema laico e republicano do Brasil. Na grande massa da população pobre das cidades, na ausência do Estado, os movimentos evangélicos, com sua mensagem conservadora e salvacionista, contribuem para retirar os seus adeptos – tementes do castigo divino – das drogas, da violência e da degradação dos valores. Não se pode ignorar esta atuação das igrejas, mesmo quando associado ao fanatismo religioso e, em vários casos, com o uso comercial do reino dos céus, iludindo a população. No entanto, no momento em que os líderes evangélicos tentam, através do mandato parlamentar, promover mudanças na legislação para impor a todos os brasileiros os seus princípios e valores primitivos e retrógrados, representam uma ameaça às liberdades humanas e às regras republicanas. Os evangélicos e religiosos em geral têm todo direito de exercer sua catequese e convencer as pessoas a seguirem suas regras e doarem o dízimo. Mas não podem pretender transformar seus valores em regras para todos os brasileiros.

 Conselho Editorial