Quem achava que já não se surpreenderia com mais nada na política brasileira; pensava que já tinha visto de tudo nesta geleia geral política e imaginava que o jogo político já estava tão degradado que não poderia piorar; errou redondamente. Na verdade, erramos todos os que ainda acreditávamos que a política é o espaço de negociação de interesses em torno de um projeto social e nacional. Os políticos brasileiros são demais! Capazes de surpreender o mais cínico dos mortais. Pois não é que a Presidente Dilma Roussef, brilhante, inovadora, ousada, criou mais um ridículo ministério – desta vez para atrapalhar o trabalho do SEBRAE – e convidou para o cargo o vice-governador de São Paulo, Afif Domingues? Com isso, ganhou a adesão do PSD de Kassab para sua reeleição, tirando dois minutos de televisão que poderiam ir para o PSB. P ara completar a lambança, não é que Afif aceitou o convite? E mais: decidiu acumular os dois cargos: ministro do governo federal, dominado pelo PT; e vice-governador do Estado, dirigido pelo PSDB. Como dizia o candidato Afif, na campanha para Presidente em 1989: “Juntos, chegaremos lá”. Como ele não explicava quem nem aonde chegariam, é possível imaginar que ele finalmente conseguiu: Chegaram!
Conselho Editorial
Comentário
Entre o liberalismo econômico e a vontade de poder, a presidente guerrilheira não tem dúvidas e “juntos chegarão lá”. as alianças políticas não necessitam sequer de justificativas ideológicas, morais, ou de pplanejamento de desenvolvimento, e se identificam com o poder pessoal, absolutista. antigos adversários se aliam em busca de vantagens pessoais e de grupos.Cometem ilícitos e imprevisíveis acordos, com conflitos de tarefas e contra o interesse geral. Como poderá o Sr. Domingos Afif, já vindo de uma aliança , pelo menos, estranha, com o PSDB, sendo vice- governador se São paulo, o estado de maior participação no país, ser, ao mesmo tempo, mais um ministro de Ali Babá? Como ele vai conciliar o interesse da nação e os interesses do estado onde é vice-governador? A que pequenas empresas ele vai defender os interesses? As de são paulo? e como fica o pequeno empresário dos outros Estados? Quem cuidará dos interesses de são paulo, depois do governador? Ele será Vice ou ministro? Só Dilma pode responder a este enígma!
Impecáveis os comentários do Conselho Editorial e da Sra. Ester Aguiar.
Infelizmente eles se aplicariam a um sistema político minimamente lógico, o que não é o caso atual do Brasil.As duas últimas votações de projetos no legislativo federal(PEC do empregado doméstico & regulamentação dos portos)deram uma demonstração cabal do assembleísmo irresponsável que tomou conta do senado e da câmara. Ficou difícil até entender as posições dos parlamentares vis a vis suas filiações partidárias e posições ideológicas.
Penso que a Constituição Federal,com sua vocação detalhista, eivada de minúcias, é a mola mestra deste caos.
É sempre bom lembrar a frase do sr. José Sarney, que num arroubo de sinceridade, afirmou na época de sua promulgação: [com esta Constituição] o Brasil ficou ingovernável.
Atenciosamente
Ednardo Souza Melo
Juntos chegaremos lá, onde? Naquela simpática nota musical? Acolá?
Bem, sei lá. Deve ser algum objeto monossilábico não identificado.
Uma pista é que Dilma faz uma aliança tão ampla, contempla tudo a tantos, em nome de uma suposta solução, chamada de governabilidade, que se torna uma ficção na prática.
Basta rememorar a MP dos Portos, entre outras, que tornam fazem dessa aliança um compromisso absolutamente inútil.
Ou seja, se o governo enviar ao congresso qualquer outra proposta, que venha a modernizar alguma das muitas velharias anacrônicas que empacam este pais, mas garantem privilégios a alguns, terá a mesma resposta, com o mesmo desgaste. Seja uma reforma política, ou trabalhista, ou fiscal, entre tantas necessárias. Por isso mesmo, tais medidas sequer são cogitadas para os devidos estudos e a obrigatória passagem pelo Congresso.
Então, que fique claro, que não existe meta de governabilidade nesta extensa aliança, mas apenas elegibilidade e nada mais.
Nessa balança, dois minutos valem um ministério, com sua equipe básica, algum orçamento para detonar e possíveis falcatruas, se calhar.
Isso talvez signifique um Lá em tom menor.