“Opinião” da semana passada (intitulada “Preso político?”) refutava o caráter político da prisão dos dirigentes do PT, mas afirmava que “Genoíno é um homem de bem e foi um grande parlamentar”, no que convergia com a visão de vários intelectuais e políticos brasileiros sobre o deputado José Genoíno. Como se pretendesse negar tal reconhecimento, Genoíno teve um comportamento lamentável, insistindo na imagem de preso político e explorando sua enfermidade. Em entrevista de capa na “Isto É”, ele recorre a um falso silogismo para confundir o leitor: “Estou preso porque era presidente do PT. Isso faz de mim um preso político”. Não, Genoíno, você não foi preso por ser presidente do P T. Você foi preso porque, nesta função, assinou documentos de empréstimos fraudulentos, que não tem nada de crime político. Para completar a decepção, Genoíno apresentou como “grave” ou “gravíssima” a sua conhecida doença cardíaca, com o objetivo de sensibilizar a opinião pública para conseguir prisão domiciliar e para antecipar uma aposentadoria especial do Congresso, antes de ser atingido pela cassação do mandato. Laudos contundentes de duas Juntas Médicas diferentes (cardiologistas da Universidade de Brasília e da Câmara de Deputados) confirmam que José Genoíno tem problemas cardíacos, mas que estes não diferem daqueles que atingem boa parte dos brasileiros com mais de 65 anos. Que é isso, Genoíno? Você não precisava disso. Com esta atitude, mancha a imagem pública que construiu em décadas de vida política e parlamentar.
Conselho Editorial
Totalmente de acordo com o Editorial da Revista. Genuíno só perdeu pontos para sua biografia nao autorizada.
Será q precisa deste editorial depois de tantos já na praça? A conduta de Goebbles faz parte da diretriz do editorial, pois não apresenta a prova contenta-se em dizer que fez porque fez
Esse editorial embarca na manipulação da informação da grande mídia para chegar a conclusão desejada: a condenação moral de Genoíno.
Com relação a versão apresentada do empréstimo fraudulento, ao contrário do que se possa pensar, esse julgamento ainda não acabou. Vamos aguardar.
A manipulação mais lamentável diz respeito questão referente à junta médica.
Genoíno foi avaliado por cinco juntas médicas.
O antepenúltimo, assinado por dois peritos do Instituto Médico Legal, redigido no dia 19 de novembro, conclui assim:
“Trata-se de paciente com doença grave, crônica e agudizada, que necessita de cuidados específicos, medicamentosos e gerais, controle periódico por exame de sangue, dieta hipossódica, hipograxa e adequada aos medicamentos utilizados, bem como avaliação médica cardiológica especializada regular.”
O segundo, feito por cinco peritos de uma Junta Médica designada por Joaquim Barbosa, divulgado ontem, tem conclusões mais longas – e complexas.
Na afirmação mais importante, que contraria frontalmente o laudo anterior, o documento se encerra com a afirmação de que o conceito de Doença Cardiovascular Grave não se aplica a José Genoino. Mas m ressalva: em seu contexto clínico-cirurgico de momento atual.”
O documento escrito pela Junta designada por Joaquim Barbosa tem esta caracerística: para cada afirmação, encontra-se uma ressalva. Para cada assertiva, encontra-se um “mas.” São quatro pontos no mesmo tom:
1) avaliando o implante de um tubo de dacron para substituir um pedaço da aorta de Genoino, o laudo diz que a condição patológica “ foi tratada e resolvida.” Mas esclarece: “no entanto, o paciente deve se submeter a acompanhamento ambulatorial de sua condição pós-cirurgica.”
2) “Recomenda-se pratica regular de leve a moderada atividade física aeróbica e restrição da influência de fatores estressantes, não sendo imprescindível, para tanto, a permanência domiciliar fixa do paciente, salvaguardadas a oferta e administração do regime terapêutico.”
3) “portador de Dilipidemia, controlada pelo uso continuado de agente anti-lipêmico, o qual deve ser mantido indefinidamente, não sendo imprescindível, para tanto, a permanência domiciliar fixa do paciente, salvaguardadas a oferta e administração da medicação.”
4) Referindo-se a um paciente portador de distúrbio circunstancial de coagulação, que deve ser controlado pelo ajuste de doses de medicamentos e por meio da realização periódica de exames específicos, mantidos enquanto perdurar o tratamento anticoagulante, “não sendo imprescindível, para tanto, a permanência domiciliar fixa do paciente, salvaguardadas as condições para o devido controle periódico do tratamento.”
Com base nessas informações pode-se concluir:
José Genoíno precisa de cuidados especiais, dieta especial, acompanhamento médico, exercícios aeróbico e não ficar submetido a fatores estressantes. O Laudo da junta nomeada por Barbosa não considera imprescindível o tratamento domiciliar permanente. Com um mínimo de isenção, poder-se-ia concluir que o paciente não precisa ficar todo o tempo em casa. Mas não significa, como faz supor o editorial, que o paciente possa ser colocado numa prisão.
Faltou o mínimo de imparcialidade à revista para, Tratar os fatos como eles realmente foram apresentados. Preferiu o cominho da parcialidade, tendo por base factóides para procurar macular a imagem do cidadão Genoíno.
Profundamente Lamentável!
Caro Hercílio:
Lembro-me com entusiasmo o orgulho que eu tinha de dois congressistas na Constituinte de 88, Roberto Freire e José Genoino. Ambos atuaram de forma tão intensa que valiam por um batalhão de deputados, sempre lutando em defesa das transformações sociais e do avanço da democracia.
Eu não era militante do PT mais vibrei e me emocionei muito com as campanhas e seus personagens. Mas uma coisa é a luta passional contra um regime de exceção onde todos nós vivíamos com a esperança esmagada e os nervos a flor da pele.
Isto é um capitulo do passado, que assim como eles, muito atuaram – alguns anonimamente – para termos hoje uma democracia consolidada.
E é justamente essa democracia que está punindo os envolvidos no mensalão, levando para atrás das grades personagens que escreveram um importante capítulo na nossa história política recente. Outros são marginais de carteirinha, reconheço.
Não há como não se decepcionar – e agora me coloco na sua posição, e na posição milhares de militantes que vivem e respiram a política – , não há como digerir este engasgo de frustração na alma. A não ser negando a realidade, que até pode funcionar como um mecanismo de defesa, mas infantil e insuficiente para dar conta de que foi cumprida a justiça nos dentro dos moldes das modernas democracias ocidentais.
Foram heróis no passado e são criminosos no presente.
Sei que é difícil, mas a nação neste caso, através do judiciário, construiu mais um importante capítulo na via da consolidação estrutural da democracia.
Um abraço do amigo,
João Rego
Caro Hercílio
A “manipulação da informação da grande mídia” tem sido usada sistematicamente como um álibi protetor para fugir do debate, rejeitando criticas e denuncias porque são publicados na imprensa, pretensamente inimigas do PT e da verdade. Parece que a verdade é apenas o que elogia e favorece ao PT, tudo mais é uma mentira da grande mídia. Neste caso concreto é bom lembrar que a revista Isto É, até pouco tempo um baluarte do “Partido da Imprensa Golpista”, publicou nesta semana uma longa entrevista de José Genoíno com destaque de capa.
Em relação aos laudos, Hercílio, o que fica explicitado é que, como todo cardíaco (e são milhões de cidadãos com mais de 65 anos) que tenha passado por cirurgia e mesmo o simples implante de stent (um dos nossos editores tem dois) merece os cuidados médicos indicados pelos três laudos, inclusive o primeiro que cita: medicamos para regular pressão, dieta sem sal (hipossódica), remédio para controle de colesterol (agente anti-lipêmico), remédio beta bloqueador, prática regular de exercícios assim como exames periódicos e, eventualmente, antidepressivos. Ninguém deixa de trabalhar por isso, Hercílio.
A Revista Será? não se rejubila com a prisão de Genoíno e, como pode ver no Opinião da semana passada, declaramos nosso respeito pelo político petista. Na verdade, o que o editorial desta semana manifesta é uma grande decepção com o comportamento que julgamos inadequado para um homem da estatura de Genoíno, decepção que é proporcional ao respeito que tínhamos por ele. Assim, caro Hercílio, a Revista Será? nunca teve intenção de “macular a imagem do cidadão Genoíno”, como você diz. Pensamos que ele maculou a sua própria imagem. E isto sim, é lamentável.
Os Editores
Muito bom o editorial. Parabéns.
nas prisoes brasileiras esta cheia de detento com aids em fase terminal sem o privilegio de prisao domiciliar, o ten. uchoa que lutou lado a lado de fidel e chegou ao posto de general foi fuzilado porque infrigil a lei,nao importa o que genoino foi importa o que ele E somos iguais perante a lei ou NAO.