Francisco de Assis

Militante do MST.

Militante do MST.

(A Bruno Maranhão, o que perseverou. Sempre!)

Turvados
os horizontes da noite
nos entretinham com sonhos
vazados de um sono indócil.

O cavaleiro andante das colinas
percorre serras andinas
ou florestas entre vales
e chapadas diamantinas.

Aqui ninguém nos oprime
grita aos céus o esplendor
de uma manhã infinita.

Aqui à luz dos archotes
nunca é noite só há vida
até que nos leve a morte.

A esta hora, o corpo de Bruno Maranhão  está sendo cremado no cemitério Morada da Paz, municipio de Paulista, em Pernambuco. Recolhido a um quarto de hotel, no Rio de Janeiro – para onde vim, paradoxalmente, comemorar o aniversário do meu filho, Romero Rocha, que hoje completa bem vividos 34 anos de vida – vi–me impossibilitado de participar fisicamente das merecidas homenagens que a Bruno devem ter sido dirigidas.

Tentei então recobrir de poesia  a dor que a única certeza que temos na vida – a certeza da morte – nos transmitia. Agora, ao fim da tentativa, bem ou mal  poeticamente realizada, meus olhos ardem. Mas eu sei – Bruno sabe – que essas não são lágrimas covardes.